Renan critica quem defende voto aberto para a presidência do Senado

“Uma maioria ter que se humilhar, judicializando uma eleição que ela ganharia porque uns malucos queriam abrir o voto”, disse Calheiros.

Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Publicada em 02 de fevereiro de 2019 às 12:19
Renan critica quem defende voto aberto para a presidência do Senado

Tem início a segunda reunião preparatória do Senado para eleição do presidente da Casa. Quem preside a reunião é o senador José Maranhão (MDB-PB). Renan Claheiros e Davi Alcolumbre conversam no plenário - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência

Candidato do MDB à presidência do Senado, o senador alagoano Renan Calheiros classificou como uma "maluquice" a proposta de um grupo de senadores de que a eleição para a escolha da próxima Mesa Diretora da Casa seja feita com votação aberta, ou seja, com cada parlamentar tornando público o candidato em quem votou.

“Uma maioria ter que se humilhar, judicializando uma eleição que ela ganharia porque uns malucos queriam abrir o voto”, disse Calheiros, referindo-se ao pedido que parte dos senadores de seu próprio partido e do Solidariedade apresentaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter o resultado da votação de ontem (1), na qual a votação aberta foi aprovada por 50 votos a 2 – com uma abstenção e 28 senadores deixando de votar.

O pedido foi julgado pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que decretou que a votação deve ser secreta. Em sua decisão, Toffoli afirmou que a votação secreta para as eleições internas nas casas legislativas podem ser observadas em distintos parlamentos do mundo. Argumento usado, hoje, por Calheiros.

“Eleição tem como princípio universal o voto secreto. Não há eleição sem voto secreto. Caso contrário, teríamos uma pressão deletéria da mídia, dos poderes econômico, político e judicial”, comentou o senador, defendendo que a decisão do ministro Dias Toffoli deve ser cumprida pois, segundo ele, “decisão judicial não se discute. Cumpre-se”.

Além de Renan, são candidatos para presidente do Senado: Alvaro Dias (Pode-PR), Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Fernando Collor (Pros-AL), Major Olímpio (PSL-SP), Reguffe (sem partido-DF) e Espiridião Amin (PP-SC).

Contraponto

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos que se opõe à candidatura de Renan Calheiros, classificou como “absurda” a decisão do ministro Dias Toffoli. “O pedido de anulação da votação pelo voto aberto foi impetrado à 1h da manhã. Uma estranha liminar foi concedida as 3h45. Não há tempo hábil [para análise do pedido]”, disse Rodrigues, defendendo que a decisão do ministro do STF seja cumprida “por mais esdrúxula e absurda que ela seja”.

“Vamos cumprir a decisão judicial, mas tem que ser garantido aos senadores que quiserem a faculdade de apresentarem seu voto”, acrescentou Rodrigues.

Além da crítica ao voto fechado, Randolfe confirmou que o grupo que se opõe à candidatura de Calheiros ainda tenta construir uma candidatura única capaz de derrotar o senador alagoano. “Vamos tentar construí-la. Acho que, hoje, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) está melhor localizado entre os colegas. Outros senadores têm melhor apelo junto à opinião pública, como o Senador Álvaro Dias (Podemos-PR)”

Já o senador Jorge Maranhão, que preside a sessão que acontece hoje, por ser o mais idoso da Casa, disse que os senadores que recorreram ao STF fizeram valer um direito. “Quem tem o direito vai à Justiça. Quem não tem, aceita a decisão.”

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