Resenha Política, por Robson Oliveira

O isolamento mais rígido seria a forma mais adequada para desafogar o sistema. Foi uma decretação atrasada, mas correta

Robson Oliveira
Publicada em 17 de junho de 2020 às 11:01
Resenha Política, por Robson Oliveira

LOCKDOWN

Quando decretou o lockdown com uma outra denominação para não desagradar o presidente da república, o coronel e governador Marcos Rocha reconheceu publicamente que o sistema de saúde estadual estava em colapso. O isolamento mais rígido seria a forma mais adequada para desafogar o sistema. Foi uma decretação atrasada, mas correta.

RETROCESSO

Anteontem, em coletiva, o coronel Rocha fez um balanço superficial da pandemia em Rondônia e, diferente do rigor da semana passada, decidiu afrouxar as regras do isolamento com a abertura de várias atividades comerciais, inclusive, pasmem, o shopping center, embora o sistema de saúde para atender os casos graves acometidos pelo covid-19 continue caótico. Na coletiva, como de costume, concede a fala a um representante patronal, membro de uma comissão supostamente de notáveis que “pensam Rondônia” - que faz algumas conjecturas de cenários econômicos sem dados concretos. O curioso é que em relação a dados técnicos com projeções de cenários do covid-19 não há uma fala que sustente o retrocesso do novo decreto.

CENÁRIOS

Um estudo com base científica de professores e pesquisadores da área saúde da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), com projeções de cenários da pandemia, assinado pelos doutores Ana Escobar e Tomaz Daniel Menendez, aponta que a flexibilização das medidas de isolamento pode provocar um aumento exponencial mais devastador de infectados, visto que o pico da doença na capital ainda não chegou. Pelas projeções dos pesquisadores, entre os dias 20 e 21, é que esta curva será mais acentuada.

PLANEJAMENTO

A coluna não está em condições de garantir que o governo estadual não esteja preparado para um surto maior, contudo, pelas ações até o momento adotadas sob o comando da Secretaria de Estado da Saúde, é possível deduzir que nossas autoridades sanitárias estaduais não possuem um planejamento correto para o enfrentamento da pandemia em Rondônia. O número de óbitos na capital, Guajará-Mirim e São Miguel, entre outros municípios, comprova que faltou planejamento. Mais de três meses depois do primeiro caso aqui registrado, agora é que a Sesau inaugura um hospital de campanha, em Porto Velho. Neste período, acima de trezentos rondonienses entraram nas estatísticas dos óbitos pelo coronavírus. Entre eles, vários faleceram em razão da falta de um atendimento adequado.

TEMERIDADE

“Quem não deve não teme”, com este bordão o secretário Fernando Máximo estufou o peito durante uma coletiva à imprensa, após as ações policias de combate a supostos malfeitos na aquisição de equipamentos de combate a pandemia, para anunciar que não tem nada de errado na aplicação dos recursos para o bom combate ao covid. Mesmo sendo cedo para fazer desafios, é verdade que esta operação policial não visou diretamente Máximo, nem seus subordinados, verdade seja dita. O que ninguém sabe é se há outras investigações em curso, como insinuou o deputado federal coronel Crisóstomo, ex-aliado do coronel Marcos Rocha. Como "o tempo é o senhor da razão", aguardemos os próximos capítulos desta nova onda pandêmica.

AJUDA

Em meio a uma tragédia sanitária que afeta em geral todos os segmentos sociais, em particular as pessoas que estão na informalidade e mais desassistidas, o anúncio do executivo estadual em conceder uma ajuda financeira para quem precisa das ações sociais governamentais merece elogios. Marcos Rocha, mesmo sob outras críticas, acertou. Como também agiu corretamente em conceder um vale alimentação para alunos da rede estadual. Utilizando como rubrica orçamentária a merenda escolar.

INCONSTITUCIONALIDADE

O boquirroto ministro da (má) educação, Abraham Weintrauber, tentou mais uma vez intervir na autonomia política e administrativa das universidades públicas. O senado devolveu a Medida Provisória editada pelo ministério que concedia poderes ao ministro de nomear reitores pró-tempores sob a justificativa da pandemia. Foi mais uma tentativa inútil que provocou reação dos mais diversos setores políticos e acadêmicos do país. Nem na ditadura um ministro da educação foi tão vil contra as IFES quanto Weintrauber. Também nunca houve alguém no posto tão despreparado quanto ele.

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