Resenha Política, por Robson Oliveira

Um mandato de cinco anos seria o ideal, e sem reeleição, segundo Hildon Chaves

Robson Oliveira
Publicada em 11 de agosto de 2020 às 14:46
Resenha Política, por Robson Oliveira

COLETIVA  

Há uma frase emblemática na política que retrata em branco e preto a imponderabilidade da política, forjada pela então ‘raposa’ da política mineira, Magalhães Pinto, virou frase repetida tempo em tempo: “Política é como nuvem. Você olha ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. Caso não haja nenhuma mudança inesperada e fora do atual contexto, o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, conforme antecipado por este cabeça chata um mês atrás, anunciará que não será candidato à reeleição. A declaração deverá ser dada através de uma coletiva a ser convocada ainda esta semana, possivelmente quinta-feira.  

BLEFE 

Desde que a coluna especulou que Hildon Chaves não concorreria ao segundo mandato, por razões de posições ideológicas contrárias ao instituto da reeleição, houve quem apostasse ser uma jogada de marketing de aliados do prefeito como forma de conter os ataques dos eventuais pré-candidatos. Para os desafetos, a especulação era um blefe. Não era.  

ALTERNÂNCIA  

O prefeito da capital, em pelo menos duas oportunidades, havia confidenciado a este aprendiz de escriba que não iria disputar a reeleição por compreender que o mais saudável para a atividade política é a alternância do poder. Além, para o prefeito, de servir como uma excelente vacina contra a boa parte das mazelas na administração pública. Um mandato de cinco anos seria o ideal, e sem reeleição, segundo Chaves.  

DESGASTES 

Os dois primeiros anos de administração na capital não foram fáceis para o prefeito e não faltaram as críticas mais acerbas em razão da expectativa criada no inconsciente coletivo por Hildon Chaves prometer uma administração austera, proba e competente. Oriundo do Ministério Público – órgão que protagonizava as mais espetaculares operações contra os malfeitos dos políticos rondonienses, inclusive em outros estados -, se apresentava como um empresário competente por alcançar o sucesso pessoal na atividade privada. Os primeiros anos de administração renderam desgastes.

TRABALHO  

Mas, embora não tenha executado tudo que o queria devido às amarras burocráticas de uma máquina pública obsoleta, conseguiu avançar muito com obras de pavimentação, embelezamento e recuperação de logradouros públicos, entre outros.  

MEMÓRIA 

A obra mais vistosa que ainda não aparece em função das execuções em andamento é, sem dúvida, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré porque representa o resgate da própria história da cidade. Antecessores de Hildon prometeram recuperar e pouco fizeram; alguns enterram recursos no local de forma atabalhoada com resultados pífios. Agora, com as obras em fase de conclusão, a população da capital poderá contar em breve com um espaço privilegiado, onde a história e o lazer se harmonizam.  

TERRA ARRASADA 

Os viadutos, obras de responsabilidade federal, foram concluídos depois da iniciativa de Chaves de juntar a bancada federal e exigir suas conclusões. Várias emendas parlamentares foram inseridas no orçamento da União destinadas aos viadutos. Na campanha eleitoral há uma cena impactante de Hildon andando sobre os escombros dos viadutos e prometendo liderar o processo da conclusão. Encerra o mandato, neste quesito, com o dever cumprido. Embora os desafetos minimizem alegando ter sido concluído pelo Dnit e não pela prefeitura. Aos amigos que insistem na candidatura, Chaves tem dito: “não faço da vida pública minha vida privada, nem da privada a pública”. Qualquer candidatura caberá ao futuro. 

CASQUINHA 

O governador Marcos Rocha aproveitou o embalo da ausência do prefeito em Porto Velho – Hildon, e viajou com despesas pagas por ele para tratar de uma questão familiar – para tirar uma casquinha alegando que não se ausentaria da cidade em plena pandemia. Errou ao insinuar que Hildon teria viajado sem uma justificativa com passagens e diárias, o que não é verdade. Além de nunca ter auferido um único centavo do salário de prefeito a que teria direito, Chaves paga com os próprios recursos suas viagens de cunho pessoal. As vezes até as de interesse da municipalidade. A crítica do coronel ao ex-promotor pode virar contra si, visto que o governador permanece em Rondônia sem que ninguém perceba nem qual endereço despacha.  

VOADORA 

Ao que parece, o fogo que queima pastos e florestas em Rondônia ainda vai dar muitas voadoras no pescoço de autoridades por aí afora. As labaredas também hão de internar aqueles mais afoitos... 

FUMAÇA

Todo ano é a mesma ladaínha: chega agosto e as queimadas deixam os céus de Rondônia esfumaçado e o ar irrespirável, particularmente em Porto Velho. As ações de fiscalização teriam que serem intensificadas para coibir o crime ambiental e prevenir em relação ao aumento do desmatamento. O garimpo ilegal é outro crime que está se perpetrando nos rios do estado sem um combate firme dos órgãos de controle. Para piorar temos governantes que desprezam as políticas ambientais e fazem vistas grossas aos ilícitos deles oriundos. O agronegócio, originalmente predatório, já percebeu que para ampliar as exportações nos mercados mais competitivos será preciso compatibilizar a desenvolvimento com políticas ambientais mais restritivas. Embora parte considerável dos políticos seja refratário a preservação da amazônia. 

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