Resenha Política, por Robson Oliveira
Os recursos dos contribuintes devem ser distribuídos equitativamente sem a manipulação do toma–lá-dá-cá
VALE TUDO
Em época pré-eleitoral há quem considere usar os meios mais tortos para tentar aparecer ao eleitor como mais atuante e maior defensor das causas populares mesmo que a forma para alcançá-los seja pela violência. Foi o que pregou o deputado estadual Geraldo de Rondônia durante um evento promovido pela Assembleia Legislativa para debater a questão fundiária dos moradores que ocupam uma reserva ambiental no distrito em Jacinópolis. O parlamentar incitou a população presente para tocar fogo nos veículos da fiscalização do Ibama, todas as vezes que os fiscais se deslocarem à área para cumprir suas funções.
IMPUNIDADE
Geraldo de Rondônia é um parlamentar polêmico que se envolve constantemente em confusões por exacerbar as funções de parlamentares: seja pela incontinência verbal, seja pela violência física. No discurso incendiário em Jacinópolis fez questão de registrar (até zombou) que responde mais de cinco dezenas de processos e que, um outro, não seria problema e aproveitou o calor das palavras acerbas para colocar à disposição dos ocupantes da reserva o próprio telefone caso decidissem atear fogo no próprio escritório do Ibama.
VIAS DE FATO
Diferente do colega de legislatura, o deputado Alex Redano, presidente da Assembleia Legislativa, por cautela, soltou uma nota alegando que a fala de Geraldo de Rondônia é uma posição isolada que a maioria do legislativo não concorda. “Foi uma fala infeliz”, sintetizou Redano. Não foram apenas palavras duras, foi literalmente um incitamento à violência. Sequer teve o cuidado de lembrar aos presentes para preservar a integridade física dos fiscais. A fala agressiva está disponível nos sítios eletrônicos e pode render ao parlamentar mais um processo, apesar da aparente certeza de impunidade.
LIVRE
Por quatro votos a um o ex-senador Valdir Raupp conseguiu a absolvição do crime imputado a partir de delatores da lava jato por supostamente receber propina disfarçada de contribuição eleitoral. Este cabeça chata leu atentamento os autos, diferente daqueles que tentam minimizar a absolvição por não gostar das barbas do ex-parlamentar, e concluiu que os elementos probatórios utilizados para a condenação eram duvidosos uma vez que tais recursos foram direcionados por uma empreiteira diretamente para a campanha de forma oficial e registrada na prestação de contas da campanha.
LANHAR
Propina, em casos similares, dificilmente entra mascarada de forma oficial nas campanhas uma vez que o método supostamente utilizado e amplamente divulgado é por “recursos não contabilizados”. Raupp era o único dirigente da cúpula do antigo PMDB com condenação na lava jato, agora livre do pesadelo que lanhou sua carreira política até então bem sucedida. Que os desafetos não se enganem, Raupp é um ser político que tem conseguido ao longo da vida se reinventar.
SAUDOSISMO
À coluna o ex-senador avisou que não disputará nenhum cargo nas eleições deste ano, mas quem o conhece na essência sabe que acorda e dorme pensando em política. Há prefeitos e vereadores no interior do estado com saudade do apoio que recebiam do senador nas causas municipalistas em Brasília. Saudade compartilhada por Valdir Raupp. Embora não seja uma unanimidade hoje entre os eleitores, possui um recall político ainda consistente.
TUBOS
Após o alerta feito na coluna passada de uma licitação para aquisição de tubos supostamente eivada de ilegalidades, por coincidência, horas depois o Tribunal de Contas determinou preventivamente a suspensão. Chama a atenção o laudo técnico da lavra de um profissional privado utilizado como fundamento para que o certame seguisse em frente, em detrimento das orientações contrárias da área técnica do órgão. A modalidade escolhida de dispensa é também discutível uma vez que a empresa vencedora não preenchia todos os requisitos estatuídos no certame.
COMEMORAÇÃO
O Governo de Rondônia divulgou efusivamente como política governamental a realização de mais de trezentas cirurgias eletivas sem mencionar os problemas causados por muitas delas cujos resultados foram complicadores para o cidadão, em particular as oftalmológicas. Há também denúncias sérias sobre a especialidade ortopédica. As peças publicitárias foram bem feitas, mas os resultados negativos escamoteados.
LUPA
Uma fonte da coluna informou que esses contratos de cirurgias eletivas estão sendo analisados por lupa pelos órgãos de fiscalização. Não informou inicialmente das eventuais incompatibilidades contratuais, mas revelou que daí é possível que haja barulho. A ver!
CALCANHAR
Quem analisa com mais cuidado as pesquisas oficiais divulgadas verifica que a área de saúde e o emprego (economia) vão ditar a pauta eleitoral. Diferente das eleições nacionais passadas onde corrupção e segurança foram os principais temas, nesta, pós-pandemia, a saúde será o calcanhar de “Aquiles” de governantes que disputam a reeleição. Em Rondônia, por exemplo, as críticas já estão surgindo inclusive no parlamento estadual onde o governador mantém a maioria.
LEGADO
O Heuro seria a vitrine que o governo guardou para anunciar como a maior obra na saúde, mas ainda é uma miragem. Unidades hospitalares em construção desde que Marcos Rocha (União Brasil) assumiu, Ariquemes de Guajará-Mirim, embora com a estrutura física erguidas, nunca foram concluídas. O hospital Cosme e Damião, na capital, que atende às crianças, sofreu recentemente interdição ética pela péssima qualidade em suas instalações e por colocar em risco nossas crianças e os profissionais da saúde. É o legado que o coronel Marcos Rocha será compelido a explicar na campanha.
ENTREVISTA
A entrevista concedida ontem (segunda-feira) pelo deputado federal e pré-candidato governador Léo Moraes (PODEMOS) ao jornalista Arimar de Sá, na rádio Cultura da capital, atingiu índices altos de audiência. Léo não se esquivou de responder as perguntas e demostrou que está afiadíssimo sobre as áreas governamentais e crítico em relação a leniência (segundo ele) do governador Marcos Rocha na solução dos gargalos de Rondônia.
IPVA
Além de apontar inércia do governador quanto ao crescimento estadual, lembrou que o IPVA não tungou os proprietários de veículos, como queria inicialmente o governo, porque agiu imediatamente denunciando que a proposta de Rocha oneraria o imposto uma vez que seria usada como base de cálculo a alíquota da Fipe. “Denunciamos a manobra e conseguimos evitar que o contribuinte penalizado com uma alíquota aviltante”, assinalou Léo Moraes.
CONTRAPONTO
Na entrevista o deputado fez questão de apresentar contraponto sobre as ações que o governo anuncia com os fatos reais. Criticou a forma avassaladora utilizada pelo governo na cooptação de apoio ao seu projeto de reeleição. Lembrou, ainda, que é obrigação do governador investir no estado sem discriminar nenhum município para que haja isonomia na distribuíção dos recrusos públicos.
ALIACIAMENTO
Lamentou, no entanto, a adesão de prefeitos sob o pretexto, amplamente divulgado, de que o apoio estava condicionado ao recebimento verbas do tesouro estadual. “Aliciar prefeitos distribuindo dinheiro público de forma discriminatória é um crime. Os recursos dos contribuintes devem ser distribuídos equitativamente sem a manipulação do toma–lá-dá-cá. Infelizmente é um escândalo em Rondônia o que está se fazendo para a perpetuação no poder”, disse.
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