Rondônia Rural Show: a vitrine milionária da politicagem às custas do povo
Só a Assembleia contratou uma tenda de luxo ao custo de quase R$ 3,3 milhões — uma estrutura que mais lembra as usadas por xeiques árabes no deserto, com climatização, banheiros, palco para eventos, sistema de som e painel de LED

PORTO VELHO (RO) – A Rondônia Rural Show, realizada até domingo em Ji-Paraná, transformou-se em um símbolo escancarado da gastança desenfreada e da má gestão do dinheiro público no estado. O evento, que deveria ser voltado ao fomento do agronegócio, virou um verdadeiro palco político, onde desfilam aqueles que, às vésperas das eleições, sonham em manter ou ampliar seus espaços de poder.
Vão todos: vereadores e prefeitos dos 52 municípios de Rondônia, os oito deputados federais, os três senadores, o governador, secretários estaduais e municipais e, ainda, uma legião de servidores públicos comissionados. O que era para ser uma feira de negócios transformou-se num festival de diárias sem freios, bancadas integralmente pelo contribuinte.
A megaestrutura montada pelo governo e pela Assembleia Legislativa para receber políticos e suas comitivas beira o absurdo. Só a Assembleia contratou uma tenda de luxo ao custo de quase R$ 3,3 milhões — uma estrutura que mais lembra as usadas por xeiques árabes no deserto, com climatização, banheiros, palco para eventos, sistema de som e painel de LED. Tudo isso, enquanto a população sofre à míngua no João Paulo II, considerado o pior hospital público do Brasil, onde pacientes agonizam em corredores ou esperam por horas, sentados em cadeiras desconfortáveis, para conseguir uma ficha de atendimento.
O discurso oficial sempre será o mesmo: a feira é importante para a economia do estado. Mas, diante do cenário de abandono da saúde pública e da precariedade dos serviços essenciais, é inevitável o questionamento: o que é mais urgente, investir milhões em uma feira que se transformou em vitrine política ou garantir a dignidade e a vida da população pobre, que há anos espera por um hospital que nunca saiu do papel?
Pelo tapete vermelho do evento, desfilam os senadores Confúcio Moura, Jaime Bagattoli e Marcos Rogério, todos de olho no governo estadual. A deputada federal Cristiane Lopes e Sílvia Cristina também marcam presença, cada uma planejando sua rota política: uma sonha com a reeleição, a outra quer chegar ao Senado. O deputado federal Lebrão, prestes a perder o mandato por decisão do STF, também marca ponto. Todos os vereadores de Porto Velho fazem parte da comitiva, assim como o deputado Fernando Máximo, cuja mediocridade política só é superada pelo próprio ego, ao nutrir a pretensão de disputar o governo do estado.
Não faltam ainda o governador Marcos Rocha, pré-candidato ao Senado, sua esposa Luana Rocha, que tentará uma vaga na Câmara Federal, e o irmão, Sandro Rocha, que se prepara para concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa. A família Rocha em peso, investindo pesado nas articulações políticas, sempre custeadas pelo erário.
Enquanto se fala em "Deus, Pátria e Família" como lema político, Marcos Rocha demonstra que, se a devoção a Deus e à Pátria é subjetiva, à Família ele dedica atenção prática — e com recursos públicos. Empregou o irmão, a mulher, a cunhada e até a ex-esposa, recentemente nomeada para um cargo na Casa Civil com salário superior a R$ 18 mil.
No fim, resta a pergunta que todos deveriam fazer: quem está pagando essa conta? A resposta é óbvia: o povo rondoniense, que financia essa ostentação enquanto amarga a ausência de políticas públicas essenciais e convive com a falência do sistema de saúde.
Com a palavra, o excelentíssimo governador Marcos Rocha, pré-candidato ao Senado, cuja trajetória política revela, acima de tudo, um compromisso inabalável com o projeto familiar de poder.
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Comentários
Você expressou um ponto importante sobre a dualidade das críticas e reconhecimentos quando se trata de eventos agropecuários organizados pelo estado. É verdade que esses eventos têm um papel fundamental, não só para fortalecer a economia local, mas também para impulsionar o crescimento e a inovação no setor agropecuário. Feiras agropecuárias são uma vitrine para novas tecnologias, melhorias genéticas, e técnicas de plantio e manejo, além de serem oportunidades para o pequeno agricultor ou pecuarista acessar informações, produtos e financiamentos que talvez não estivessem ao seu alcance em outras circunstâncias. Os bancos, como você mencionou, cumprem o papel de facilitadores, oferecendo linhas de crédito e incentivos que ajudam a transformar sonhos em realidade. Entretanto, como todo projeto público, sempre haverá críticas, seja pelo custo envolvido, pela organização ou pela percepção de priorização de recursos. O desafio está em buscar um equilíbrio, mostrando transparência e resultados concretos, para que mais pessoas compreendam o impacto positivo que tais eventos podem gerar. No final, é quase impossível agradar a todos, mas o importante é que o estado mantenha o foco no objetivo maior: apoiar o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento do setor agropecuário, que é essencial para a economia e a segurança alimentar.
Trabalhei numa empresa que sempre era “convidada” para participar do mencionado evento. Além de ter que montar seu stand, as vezes tinha também que patrocinar alguma coisa. Desde então observei que apesar de ter como slogan principal a agricultura, constatei que os produtos expostos na referida feira, nunca eram direcionados para o pequeno produtor rural, já que ele não tem condições de comprar máquinas agrícolas como colhedoras de grãos, tratores de grande portes, insumos e etc. É verdade que em alguns casos permitiram a exposição de produtos processados pela agricultura familiar, mas esses produtos nunca foram o foco principal da feira. Ela sempre esteve voltada para as grandes propriedades. Gostaríamos muito de também ver o mesmo volume de recursos públicos investidos anualmente nesse evento, sendo destinado para políticas voltadas para a pequena propriedade, que é realmente aquela que coloca os produtos de consumo interno nas mesas da população.
Trabalhei numa empresa que sempre era “convidada” para participar do mencionado evento. Além de ter que montar seu stand, as vezes tinha também que patrocinar alguma coisa. Desde então observei que apesar de ter como slogan principal a agricultura, constatei que os produtos expostos na referida feira, nunca eram direcionados para o pequeno produtor rural, já que ele não tem condições de comprar máquinas agrícolas como colhedoras de grãos, tratores de grande portes, insumos e etc. É verdade que em alguns casos permitiram a exposição de produtos processados pela agricultura familiar, mas esses produtos nunca foram o foco principal da feira. Ela sempre esteve voltada para as grandes propriedades. Gostaríamos muito de também ver o mesmo volume de recursos públicos investidos anualmente nesse evento, sendo destinado para políticas voltadas para a pequena propriedade, que é realmente aquela que coloca os produtos de consumo interno nas mesas da população.
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