Saúde compra R$ 10 milhões de “empresa de portinha” e presidente da Assembleia dispara: “estão de palhaçada ou fazendo rolo”
“Ou estão de palhaçada ou fazendo rolo”, disparou o presidente da Casa de Leis, Laerte Gomes, ao exigir que o Governo Marcos Rocha barre o processo de aluguel de ambulância equipada com UTI ao custo de R$ 187 mil
Na tarde de quarta-feira (15), nem mesmo os constantes pedidos de desculpas do secretário de Estado da Saúde, Fernando Máximo, pelo desrespeito aos requerimentos de informações da Assembleia Legislativa sobre os gastos emergenciais foram suficientes para convencer os deputados estaduais da lisura das compras de insumos e equipamentos para o combate ao novo Coronavírus. “Ou estão de palhaçada ou fazendo rolo”, disparou o presidente da Casa de Leis, Laerte Gomes, ao exigir que o Governo Marcos Rocha barre o processo de aluguel de ambulância equipada com UTI ao custo de R$ 187 mil, enquanto uma unidade zero-quilômetro custa hoje no mercado R$ 230 mil.
Nervoso, o secretário-adjunto Nélio de Souza não soube fazer cálculos quando questionado sobre a compra de álcool em gel e ainda esqueceu a planilha de custos. Coube ao deputado estadual Cirone Deiró (Podemos) fazer uma conta rápida e esclarecer que a Sesau adquiriu o mesmo produto com preços diferentes. Uma compra custou R$ 12,00 o frasco e a outra, R$ 32,00. Nesse processo, o Governo desembolsou R$ 2,5 milhões sem licitação e adquiridos através de consulta a fornecedores da própria Secretaria de Estado da Saúde.
Segundo Nélio, o Estado de Rondônia alocou R$ 42 milhões para comprar insumos e equipamentos para o combate a Covid-19, dos quais R$ 36,5 milhões já foram empenhados e a maior parte das despesas paga. Ele admitiu que os fornecedores estão exigindo até 30% de pagamento adiantado para poder fechar a transação.
Empresa suspeita abocanha compra de testes
Nas despesas listadas pela Sesau o que mais chamou atenção foi a aquisição de 100 mil testes rápidos de uma empresa de Barueri (SP). Segundo o deputado Jean de Oliveira (MDB), a fornecedora tem um contrato social declarado na Junta Comercial de São Paulo no valor de R$ 140 mil e tem uma estrutura predial tão pequena que não condiz com um contrato de R$ 10 milhões ganho em Rondônia para fornecer os kits dos exames para Covid-19. “Pelas fotografias aqui essa empresa funciona com uma portinha em São Paulo”, disse Jean de Oliveira. Um dos servidores da equipe de Fernando Máximo, que ficou em silêncio, tentou argumentar que a empresa estava consorciada com uma gigante da área de biomedicina e por isso atendia os requisitos da Sesau. Jean não se convenceu e prometeu se aprofundar nas investigações.
Mascarando a realidade
O secretário Fernando Máximo apresentou um cenário preparado para atender as eventuais vítimas graves do Coronavírus. Mas seus argumentos foram derrubados pela dura realidade apresentada pelos parlamentares. Cirone Deiró, Jair Montes e Laerte Gomes lembraram que há poucos dias a imprensa denunciou pacientes no chão do Pronto Socorro João Paulo II por falta de leitos. Jair chegou a dizer que era caso de polícia arrumar uma vaga na UTI para algum doente mais grave. “Como num passe de mágica temos UTIs de sobra na Saúde”, questionou Jair Montes. Fernando Máximo contra argumentou dizendo que não há mais acidentados, feridos por armas brancas e à bala e as cirurgias eletivas foram canceladas, o que aliviou o sistema de Saúde de Rondônia. Segundo ele, o Estado tem 19 leitos de UTI no Cemetron; 35 leitos na AME; 7 leitos no Cosme e Damião; 18 leitos no Hospital Regional de Cacoal; e 1 leito em São Francisco do Guaporé.
O secretário também anunciou a construção de um hospital de campanha caso a pandemia cresça de forma assustadora em Rondônia. Mas por enquanto, a estrutura montada atende à demanda. Questionado sobre a falta de pagamentos ao Hospital de Barretos, Máximo admitiu a falha por questões técnicas, mas garantiu que os pagamentos já haviam sido liquidados na semana passada, fato confirmado pelo diretor-geral Jean Negreiros. Por fim, o secretário pediu desculpas por não atender à Assembleia Legislativa, mas as explicações não convenceram os deputados que continuam investigando as compras suspeitas da Saúde.
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Comentários
Lisura mesmo tinha no tempo de Confucio Moura, onde pontes custavam quantias estratosféricas, e depois de tempos, o estado, à toque de caixa, deposita mais alguns milhões na conta da empresa. E nunca vi um pio dos deputados, e o "nobre" presidente, já era deputado na época. Essa moral seletivo é deprimente deputado. Hipócrita !!!!
Acho que o nobre deputado, antes fazer ilações, deveria escolher melhor seus informantes. Juridicamente não vemos, no direito comercial, nenhuma proibição de uma pequena empresa em fazer transações com a Administração Pública, aliás a Lei 123/06 veio para estimular participação dessas empresas nas aquisições públicas. Então, pouco importa se a empresa é um pequenos escritório, num beco de uma cidade, a Lei 8.666/93 garante sua participação nas compras públicas, estabelecendo, inclusive, critérios diferenciados à sua participação. Portanto, Senhores, creio que o sensacionalismo tomou conta de alguns setores da sociedade nesse momento, percebe-se, claramente, que existe um jogo de interesse muito maior do aquele que estão nos mostrando.
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