Sindicato faz raio-X sobre a saúde e condições de trabalho no ramo financeiro rondoniense

A pesquisa ocorreu entre os dias 04 de setembro a 23 de outubro de 2023, com o objetivo de levantar informações

Assessoria/SEEB/RO
Publicada em 28 de fevereiro de 2024 às 11:40
Sindicato faz raio-X sobre a saúde e condições de trabalho no ramo financeiro rondoniense

O Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) lançou, em 2023, a Pesquisa Estadual Sobre Saúde e Condições de Trabalho, direcionada a todos os funcionários dos bancos públicos (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco da Amazônia), bancos privados (Itaú, Bradesco e Santander) e trabalhadores em cooperativas de crédito dos sistemas Sicoob Norte, Credisis e Sicoob Fronteiras.

A pesquisa ocorreu entre os dias 04 de setembro a 23 de outubro de 2023, com o objetivo de levantar informações sobre:

  1. As condições dos ambientes de trabalho dos bancários e cooperavitários;
  2. As doenças que os acometem;
  3. E as implicações resultantes da obrigatoriedade do cumprimento de metas estabelecidas pelas instituições financeiras em Rondônia.

As informações coletadas pelo questionário disponibilizado aos entrevistados estão preservadas em sigilo.

A pesquisa computou a participação de 820 trabalhadores em instituições financeiras de Rondônia. A maior parte (57,5%) trabalha em bancos públicos; 27,5% em bancos privados e 15% em cooperativas de crédito.

Quanto à faixa etária, pouco menos de 40% estão entre 30 e 39 anos. No segundo grupo temos os entrevistados de 40 a 49 anos, correspondendo a 27% do total. A faixa mais “jovem”, dos 18 aos 29 anos, alcança 18%, enquanto a mais “avançada”, com 50 anos ou mais, 15%.

Aproximadamente 40% dos entrevistados têm entre seis e 15 anos de trabalho em instituições financeiras, 25% já estão há até cinco anos no setor bancário, e 35% há 16 anos ou mais.

AMBIENTE FÍSICO

Para avaliar a satisfação dos entrevistados com o ambiente físico onde exercem suas atividades, foram consideradas instalações, iluminação, ventilação, temperatura, mobiliário e equipamentos. 58% dos entrevistados julgam que seus locais de trabalho são bons ou ótimos, 26% regulares e 16% ruins ou péssimos.

Sobre o tema “pressão que as instituições financeiras exercem sobre o trabalho”, 47% consideram que a instituição financeira exerce pressão excessiva; 45% que a pressão é necessária sobre o trabalho; 7% exercem pouco pressa; e 1% não exercem pressão alguma.

METAS

Nas questões sobre as metas estipuladas pelas instituições financeiras, 86% declararam estar subordinados ao cumprimento de metas. Desse percentual, aproximadamente 49% consideram as exigências das metas são excessivas, de difícil cumprimento. Outros 30% as julgam razoáveis e entendem que é possível cumpri-las. Quase 20% declararam estar sujeitos a metas excessivas, de impossível cumprimento.

Sobre a influência das metas na saúde mental e psíquica dos trabalhadores, algo em torno de 72% dos entrevistados acreditam que as metas têm influência negativa sobre os trabalhadores, causando-lhes prejuízo mental e psíquico. As opiniões dos outros 28% dividem-se igualmente entre considerar que as metas não têm influência alguma sobre as pessoas e que sua influência é positiva, por estimular e motivar os trabalhadores.

SAÚDE FÍSICA E MENTAL

Dos problemas de saúde que atingiram com maior frequência os participantes da pesquisa nos últimos cinco anos estão dores nas costas, nas pernas ou no pescoço, hérnias, lombalgia e varizes, equivalem a (56%). Em seguida, foram apontadas, por (54%), dores nos ombros ou braços, tendinite e LER/DORT. Dores de cabeça ou enxaqueca acometem quase metade dos entrevistados; problemas gastrointestinais, (40%); obesidade e problemas cardíacos ou pressão, aproximadamente 20%. Doenças autoimunes foram assinaladas por 6%.

Parte expressiva dos profissionais que foram afetados por problemas de saúde física (em torno de 72%) acredita que as doenças que os atingem foram adquiridas em função do trabalho. Destes, 35% afirmaram que tiveram de se afastar do trabalho por questões de saúde física e biológica.

A pesquisa revelou ainda que as doenças mais comuns entre os profissionais do ramo financeiro são de natureza mental e psíquica, que os obriga a recorrer a acompanhamento médico profissional e ao uso de medicamentos.

Dos 55% que responderam que tiveram algum problema de saúde mental e psíquica nos últimos cinco anos, 90% creditam ao trabalho em instituições financeiras a causa do adoecimento.

“Essa pesquisa, feita com toda riqueza de números e detalhes, e que levou meses para ser concluída, num esforço primoroso do DIEESE, apenas confirma o que já sabíamos: que ao contrário do que alega a Fenaban, o alarmante cenário de adoecimento de bancários por conta de cobrança de metas humanamente inatingíveis, e pelo constante assédio moral dentro e fora das agências são um fato”, destaca Ivone Colombo, presidenta do SEEB-RO.

“Os próprios trabalhadores, que responderam ao questionário da pesquisa, confirmam essa triste realidade, e por isso o Sindicato vai intensificar sua atuação junto aos locais de trabalho, ampliar sua presença junto aos bancários e cooperativários para escutá-los e, com isso, tomar as devidas providências contra as mazelas diárias que adoecem o corpo e a mente dos trabalhadores”, acrescentou a dirigente, adiantando que o resultado da Pesquisa será levado às próximas reuniões com a Contraf-CUT e, principalmente, com os representantes dos bancos e cooperativas de crédito.

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