Sintomas similares à dengue são desafios na identificação e prevenção da Febre do Oropouche
A Febre do Oropouche apresenta dois ciclos de transmissão conhecidos: silvestre e urbano
Investigação dos casos e estruturação da vigilância epidemiológica são essenciais para manter a saúde pública em segurança
A Febre do Oropouche (FO) tem se mostrado uma crescente preocupação de saúde pública, especialmente na região Amazônica, onde a incidência da doença aumentou significativamente desde 2023. A semelhança dos sintomas da FO com a dengue tem gerado subnotificação de casos, evidenciando a necessidade de uma atuação integrada para compreender, prevenir e controlar efetivamente ambas as doenças.
De acordo com a chefe do Núcleo Dengue e Malária, da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Suzemar Ferreira Moreira, “a Febre do Oropouche, causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), pertencente à família Peribunyaviridae, apresenta sintomas como febre súbita, cefaleia e mialgia, que se assemelham aos da dengue. Durante surtos de dengue na população, a FO é muitas vezes subdiagnosticada, devido à dificuldade no diagnóstico diferencial”, ressaltou.
ESTRATÉGIA
A estratégia adotada por alguns Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) inclui a busca ativa de casos de FO, a partir de amostras negativas para dengue, chikungunya e zika, o que demonstra a complexidade do cenário epidemiológico. “Contudo, é crucial aumentar a conscientização entre profissionais de saúde e a população, além de aprimorar as práticas de vigilância epidemiológica, para garantir diagnósticos precisos”, disse Suzemar.
A detecção crescente de casos de FO desde 2023, especialmente nos estados amazônicos, resulta da descentralização do diagnóstico biomolecular para alguns Lacen, uma iniciativa da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) do Ministério da Saúde.
A DOENÇA
A Febre do Oropouche apresenta dois ciclos de transmissão conhecidos: silvestre e urbano. No ciclo silvestre, primatas não-humanos atuam como hospedeiros, com o mosquito Culicoides paraensis sendo o vetor primário. No ciclo urbano, o homem é o principal hospedeiro, com o mesmo mosquito como vetor. Não há evidências de transmissão direta de pessoa para pessoa.
Os sintomas incluem febre súbita, cefaleia, mialgia e artralgia, podendo também apresentar tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos. Estudos relatam até 60% de recidiva nos pacientes, com retorno dos sintomas após 1 a 2 semanas.
O diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima explicou que, “o diagnóstico da FO é desafiador, especialmente durante epidemias de dengue, devido à semelhança dos sintomas. Não há tratamento específico, apenas sintomático, com recomendação de repouso e acompanhamento médico”, pontuou.
POLÍTICA DE GOVERNO
Diante da crescente preocupação com a FO, a investigação aprofundada dos casos e a estruturação da vigilância epidemiológica são essenciais. A conscientização pública e o reforço das medidas de controle de vetores são fundamentais para abrandar o impacto da doença. O Governo de Rondônia reforça as ações desenvolvidas com atuação integrada para ampliar o conhecimento sobre a febre e subsidiar políticas eficazes de vigilância e controle, protegendo a saúde da população.
RECOMENDAÇÕES
- Evitar áreas onde haja muitos mosquitos, se possível;
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele;
- Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas;
- Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de Saúde local, para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle aos mosquitos.
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