Só espero que Bolsonaro não mande o Exército apreender as urnas

"Tal como Bolsonaro, Trump já anunciava, antes da votação, que haveria fraude se perdesse", escreve Alex Solnik

Alex Solnik
Publicada em 10 de junho de 2022 às 09:45

www.brasil247.com - Jair Bolsonaro, urnas eletrônicas e Forças ArmadasJair Bolsonaro, urnas eletrônicas e Forças Armadas (Foto: Alan Santos/PR | ABr)

Todas as pesquisas indicam que Bolsonaro não vai se reeleger. Bolsonaro repete o mantra de que só não vai se reeleger se houver fraude. É certo, portanto, que ele não vai aceitar o resultado adverso. Vai reagir a seu modo, partindo para o ataque.   

Discípulo de Trump, deverá seguir o roteiro inaugurado pelo mestre, cuja participação na invasão do Capitólio, a fracassada operação de 6 de janeiro de 2021, começa a ser julgada hoje, em Washington. 

Tal como Bolsonaro, Trump já anunciava, antes da votação, que haveria fraude se perdesse. Constatada a derrota, jamais admitida, várias cartas foram postas na sua mesa pelos conselheiros com o fim de revertê-la. 

Uma delas: comandante-em-chefe das Forças Armadas que era, poderia ordenar ao Exército a apreensão das urnas. 

Trump não topou. Poderia ser o estopim de uma guerra civil. Preferiu contratar um exército de advogados para contestar os resultados, estado por estado, cidade por cidade.

E ainda fez comícios estimulando adeptos a protestar contra o resultado supostamente fraudulento. Sem jamais apresentar provas, pois teorias da conspiração prescindem delas. 

Além disso, pressionou seu vice - que é também presidente do Senado - a recusar a carimbar o resultado.

O voto impresso ajudou na sua campanha difamatória. Por isso, Bolsonaro insistiu tanto nele. Com voto eletrônico a apuração é rápida, leva algumas horas. A contagem dos votos impressos pode levar dias, e até semanas, o que abre espaço para todo tipo de narrativas e contestações.

O roteiro, já que Bolsonaro também é orientado por Steve Bannon tal como foi Trump, deverá ser mais ou menos o seguinte: 1) assim que a vitória de Lula for anunciada pelo TSE, seja no primeiro turno, seja no segundo, ele vai contestar o resultado; 2) um batalhão de advogados irá vasculhar tudo o que for possível para comprovar a tese do presidente; 3) ele vai estimular protestos contra o resultado nas maiores cidades, tentando anular as eleições na marra e 4) não vai passar a faixa presidencial.

Só espero que, como comandante-em-chefe das Forças Armadas, não mande o Exército apreender as urnas.

E, se mandar, o Exército não o obedeça.

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

Comentários

  • 1
    image
    ronaldo borges baylao 10/06/2022

    isto nao vai acontecer porque o bolsonaro nao perde para ladrao nenhum

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