Sob concorrência do streaming, Globo perde astros e vive sua crise mais profunda

Alguns de seus mais famosos representantes estão pela primeira vez sem emprego fixo depois de mais de 40, 50 anos., informa Cristina Padiglione

Brasil 247
Publicada em 18 de setembro de 2020 às 09:31
Sob concorrência do streaming, Globo perde astros e vive sua crise mais profunda

Enquanto serviços de streaming direcionam as cifras para aumentar o volume de produção, a Globo vive uma de suas maiores crises financeiras, perde seus artistas e desmonta  a que já foi a Hollywood brasileira. Alguns de seus mais famosos representantes estão pela primeira vez sem emprego fixo depois de mais de 40, 50 anos., informa Cristina Padiglione, na Folha de S.Paulo.

De acordo com levantamento feito pela empresa de tecnologia financeira QR Capital, o ritmo de receitas Netflix no Brasil, por exemplo, pode fazer com que a companhia americana, apenas uma das concorrentes da Globo no streaming, encoste na Globo em 2002. 

Após o fechamento do segundo trimestre de 2020, a QR Capital estima que a emissora da família Marinho deverá faturar R$ 9,7 bilhões este ano e a provedora global de filmes aumentará suas receitas para algo próximo de R$ 6,7 bilhões. Caso mantenha um crescimento anual próximo de 20%, a Netflix deverá ultrapassar a emissora carioca até 2022, de acordo com dados publicados na coluna Radar Econômico.

Apesar de ainda estar atrás da Globo, a Netflix já supera em faturamento no Brasil todas as outras emissoras de canal aberto. Record, SBT, Band e RedeTV, somadas, faturam algo próximo de R$ 4 bilhões, de acordo com a QR Capital.

Um dos sinais da crise da Globo é a contratação de artistas para obras específicas, ao invés de fazer como antes, com estrelas na TV tendo contratos de exclusividade, pagos mesmo quando estavam fora do ar. Nomes conhecidos, como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Antônio Fagundes e Renato Aragão não integram mais os quadros da emissora. 

Em um contexto de TV sob demanda, a empresa dos Marinho tem outras prioridades, como a organização entre criação, produção e distribuição. Esta última etapa não era tão importante devido à lógica de exibição em tempo real. Mas Globo passou a construir um catálogo de títulos originais que se pagam, inicialmente, com assinaturas do serviço de streaming, e depois, com a publicidade da TV, aberta ou fechada - esta última abastecida de pagantes.

Outras concorrentes - SBT e RedeTV! - não dispõem de endereços próprios para faturar com outras janelas de exibição, assim como a Record, que disponibiliza o conteúdo na plataforma PlayPlus mediante pagamento de assinatura. A Band tem canais pagos.

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