Trabalho de reeducandos da Fazenda Futuro vai beneficiar produtores rurais de Porto Velho

A expectativa é entregar 100 mil mudas de cacau clonal até o fim do ano

Texto: Anayr Celina Fotos: Daiane Mendonça
Publicada em 01 de agosto de 2019 às 14:27
Trabalho de reeducandos da Fazenda Futuro vai beneficiar produtores rurais de Porto Velho

Passados alguns meses, o cenário na Fazenda Futuro, que pertence ao governo de Rondônia, já está bem mais verde. No início do ano, cerca de 100 mil mudas de cacau clonal foram plantadas no local, através da parceria entre a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater), a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Semagric) e a Comissão Executiva do Plano da lavoura Cacaueira (Ceplac). As mudas de cacau clonal foram plantadas no início do ano e serão doadas ao pequenos produtores rurais da capital, contribuindo, assim, com a geração de emprego e renda, além de fomentar a produção cacaueira no estado.

CACAU CLONAL

Segundo Hilder Afonso, engenheiro agrônomo da Fazenda Futuro, o clone de uma muda de cacau é feito por meio de enxerto ou estaquia, que é a união do tecido de duas plantas diferentes. “O processo de clonagem do cacau é simples. Nós tiramos um ramo do cacau, e levamos para as sacolinhas, onde será gerada uma nova planta com frutos”. A técnica é uma das mais utilizadas, devido aos inúmeros benefícios como resistência contra pragas, rapidez na colheita.

TRABALHO QUE RESSOCIALIZA

Os reeducandos trabalham com diversas atividades agrícolas na fazenda

Tudo o que é produzido no local é feito por meio da mão de obra reeducanda. Cerca de 60 homens do regime semiaberto trabalham hoje na Fazenda Futuro com o plantio de mudas, irrigação, colheita, manuseio de máquinas entre outras atividades agrícolas. Israel Bispo iniciou as atividades há pouco mais de um mês, e não esperava ver tantos resultados. Segundo o reeducando, a rotina com o trabalho agrícola tem trazido mudanças para sua vida. “Isso aqui é uma grande oportunidade para nós. A gente aprende muita coisa. Todo dia de manhã tem oração, já começo o trabalho com paz de espírito”, destacou o reeducando.

Segundo o coordenador da fazenda, Rafael Sena, o trabalho de ressocialização tem refletido também nas famílias dos reeducandos. “Aqui eles realizam cursos, recebem certificação. A família ajuda nesse processo, incentivando eles. Com o convênio recebem também um salário para ajudar no sustento. Quando saírem, vão encontrar as portas abertas. Temos muitos exemplos assim”, destacou o coordenador.

FAZENDA FUTURO

A fazenda foi criada pelo governo de Rondônia, através da Sejus, em meados de 2010, com o objetivo de ressocializar, capacitar e profissionalizar os reeducandos, contribuindo com a geração de renda. De lá pra cá, mais de 12 culturas diferentes entre hortaliças, legumes e frutas são produzidas na fazenda para serem doados. A mandioca e o abacaxi estão entre as maiores produções.

Hércules Aparecido da Silva trabalha na fazenda há mais de 9 meses. Uma das atividades que ele mais gosta é a piscicultura. Os tanques escavados da fazenda, atraem produtores de todos os estados. A piscicultura da fazenda é usada apenas para pesquisas. O reeducando diz que o trabalho contribuiu para a formação de um novo homem. “O trabalho faz a gente refletir em tudo. Pra quem não quer mais voltar para aquela vida, encontra uma chance de mudar. Hoje eu sei fazer de tudo, aprendi a mexer com os peixes, a arrumar máquinas, a plantar, e isso tem me mudado demais”, disse emocionado o reeducando.

GOVERNO MARCOS ROCHA

O resultado do trabalho, atrai ainda mais investimentos. Segundo o coordenador, a expectativa é aumentar a produção, incluindo também a plantação de mudas de açaí, a construção de uma sala para administração de cursos, e a construção de uma casa de farinha. “Estamos iniciando também um projeto de meliponicultura, que é o manejo de abelhas sem ferrão, minhoquicultura ( cultivo de minhocas), dando continuidade aos trabalhos de ressocialização, geração de renda, e a oferta de oportunidades aos reeducandos”, finalizou o coordenador Rafael Sena.

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