Tudo o que Moro roubou
"Moro, juiz ladrão, roubou-nos também o Brasil que éramos", escreve a jornalista Tereza Cruvinel. "Os contos da Lava Jato destilaram o ódio, a intolerância para com o outro, o sectarismo que dividiu até famílias, e tiraram do escuro de seus armários os ressentidos que se filiaram à extrema-direita"
Sérgio Moro (Foto: Reuters)
Não foi apenas uma vitória de Lula e de seus valorosos advogados contra a mentira e a injustiça. Não foi apenas o desmascaramento de quem o caluniou, espezinhou, humilhou e estigmatizou como corrupto, para bani-lo do coração do povo e da vida política.
Com o reconhecimento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro a Segunda Turma do STF fez história, homenageou a democracia e o direito de todos a um julgamento justo e a um juiz natural e imparcial, restaurando a crença na Justiça, mesmo que ela tarde.
Com seus votos, os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Carmem Lúcia estabeleceram como intolerável o atropelo dos ritos e regras, a torção da lei e o uso do poder da toga para saciar apetites, sejam eles ideológicos ou materiais. Como inadmissível a subtração de direitos e garantias individuais, inscritos na Constituição. Que assim seja, para todos, para sempre.
Se Gilmar foi grande em todo o processo, a Lewandowski não faltou coragem para garantir à defesa de Lula acessos importantes, tanto a acordos da Odebrecht como aos dados da Operação Spoofing. E à ministra Cármem Lúcia não se pode negar a dignidade de rever seu voto, à luz do que passou a conhecer.
Já o voto canhestro do ministro Nunes Marques foi evidência do quanto Bolsonaro teme Lula. Seu voto foi de vassalagem mas não precisava ter sido tão ruim. Foi de causar vergonha alheia nos estudantes de Direito que, no passado pré-pandêmico, assistiam às sessões do STF. Um voto que o ministro Gilmar Mendes estraçalhou com indignação sanguínea.
Agora é oficial, Moro foi um juiz ladrão, resumiu no calor da hora o deputado Glauber Braga.
De Lula, Moro roubou muito: os 580 dias de liberdade; o respeito de milhões de pessoas que o admiravam e passaram a acreditar nos contos da Lava Jato; as humilhações sem fim, que começaram com a condução coercitiva para um depoimento que ele não fora chamado a prestar, pois chamado teria comparecido; a busca e apreensão por policiais armados de metralhadoras que reviraram até os colchões; a vida de dona Marisa, que somatizou a perseguição em um AVC; o tempo e a energia consumidos no esforço para provar que nunca foi dono daquele apartamento.
Vimos pessoas festejarem a morte de Marisa e dizer que Lula quis ir ao enterro do neto para passear. Ao do irmão, não pode ir. O caixão é que teria de ir até ele dentro um quartel.
Mas Moro, juiz ladrão, roubou também de todos nós. Moro nos roubou a eleição de 2018, não apenas porque impediu que Lula fosse candidato e fosse eleito. Se outro tivesse sido eleito, num pleito limpo, não teria sido um roubo.
Moro nos roubou a eleição de 2018 porque, além de impedir Lula, à frente da Lava Jato ele demonizou a política, instilando a crença de que, se todos não prestavam, se todos eram acusados ou suspeitos de corrupção, o jeito era votar naquele que se dizia contra tudo e todos. Foi Moro que nos impôs o genocida, o projeto de ditador, o ignorante, o desumano e insano Bolsonaro. E aqui estamos, num país desgovernado, que mal consegue enterrar seus mortos.
Não por acaso, embora hoje brigados, os dois voltarão a se unir, através do voto de Nunes Marques. Na semana passada Bolsonaro disse à sua turba na porta do Alvorada, depois de referir-se a Lula como o nove, o que não tem um dedo: "não ficará elegível". Contava com o voto de seu indicado, mas não com o novo voto da ministra Cármem.
Moro, juiz ladrão, roubou-nos também o Brasil que éramos. Os contos da Lava Jato destilaram o ódio, a intolerância para com o outro, o sectarismo que dividiu até famílias, e tiraram do escuro de seus armários os ressentidos que se filiaram à extrema-direita.
A declaração de suspeição é muito pouco para Moro. Justiça mesmo haverá se ele pagar pelo que fez. Ele e o o genocida que ele nos impingiu.
Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.
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"Ainda não temos ideia de todos os desdobramentos que virão, e ainda há um ano e meio até a eleição, mas se há duas semanas alguém nos dissesse, não acreditaríamos em tal mudança no cenário" escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, sobre o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro
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Comentários
"Tudo que Moro roubou" ?? Sinceramente, é o poste mijando no cachorro mesmo !!! Que país essa jornalista vive? O PT e seus asseclas assaltaram o Brasil de forma desavergonhada, como se não houvesse amanhã !!! É muita cegueira pra uma pessoa só ! Me poupe.
Brasil é o unico pais do mundo em que um Juiz concursado é acusado de parcialidade no julgamento por Juiz indicado pelo RÉU. E ainda temos de aguentar essa ex-comissionada do PT falar estas besteiras. Ela ainda não entendeu que o Brasil não engoliu essa estória da suposta liberdade de lula, somente os petistas acreditam e defendem a tese.
a grana q o luladrão e a quadrilha dele saqueou, do Brasil vai p onde
Os pragmáticos da extrema direita contavam como certo a enelegibilidade do Lula, com o voto do Vassalo Cássio Nunes, que por sinal parecia mais um advogado de defesa, do que julgador. Uma eventual imparcialidade do Moro, daria pano para uma discussão futura de inelegibilidade. Deram-se com os burros na n'gua, ou melhor com a boiada.
Que texto bestial.
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