Um pouco da memória política de Rondônia virou a página
O “Bangalô” era mais que um lugar para sentar, tomar umas poucas e ir adiante, para o trabalho, para casa ou para a “Taba do Cacique”
Macalé com suas principais administradoras, Marilene Gusmão (E) e Heloisa Helena, "trocando figurinha" no escritório do Bangalô (F. acervo Anísio Goraieb)
Neste sábado, 14 de agosto, foi a vez de ser chamado, certamente para fazer companhia a outros com os quais conviveu, Marcellin Champagnat Medeiros Macalé, ou só Macalé, como era mais conhecido.
Quero dizer, “mais conhecido” dos cinquentões de hoje e uma turma mais acima, e outros, frequentadores assíduos, ou, como eu que estiveram algumas (eu poucas) vezes, no mais famoso boteco rondoniense entre as décadas de 1980 e os anos 2 mil, o “ Bangalô Bar”.
Inicialmente instalado num prédio da Pinheiro Machado, onde fincou suas raízes e ganhou corpo para notívagos e notívagas, tornando-se referência aos que gostavam de “trocar uma ideia” ou de “tomar uma para relaxar” depois de pegar no pesado durante o dia, o Macalé teve a partir de um ponto de mudar o “Bangalô”.
Saiu da Pinheiro Machado para outra sede, dessa vez na Tenreiro Aranha, lembra o Walter Silvano, membro efetivo e diário da confraria, e tinhas duas fiéis escudeiras na administração do boteco, “sua esposa Marilene Gusmão e a querida Heloisa Helena Floriani Ronchetti”, citou em coluna publicada em 2020 o jornalista e historiador Anísio Goraieb, no site www.newsrondonia.com.br.
(Aqui um apêndice para o leitor não pensar que o Bangalô foi o primeiro. A noite portovelhense teve outros grandes pontos de encontro, isso desde priscas eras, como “Bar Central” e os “cliperes” na avenida Sete de Setembro, o bar do “Porto Velho Hotel” (hoje Unir Centro), o “Café Santos”, a “Taba do Cacique”, o “Seresteiro”, do Walter Bártolo).
Era comum depois do expediente começarem a chegar ao Balgalô a clientela, em grande parte contumazes frequentadores do que muitos preferiam dizer que iam lá “No Macalé”, onde as conversas se alongavam, alguns mais exaltados, outros tentando contemporizar, mas no final tudo ficava para novas discussões, mais para a frente.
(Quantas vezes jornal Alto Madeira, a cinco quadras de distância, eu saí apressado para checar uma informação que chegava na hora de fechar a primeira página?)
Sem hora para encerrar o trabalho da noite, dali, muitos às vezes descambavam para outros pontos da noite portovelhense, mas a passagem pelo “Macalé” era, para a maioria, o “bater o ponto” para o novo expediente, onde em torno das mesas era comum ver frequentadores de todas categorias decisórias do Estado.
Não há dúvida que muitas decisões tomadas, inclusive pelos constituintes de 1983 e 1989, ou empresários e membros dos governos de então, tiveram início ou foram melhor encorpadas em torno de algumas cervejas e outras bebidas. Era um tempo em que as pessoas conversavam pessoalmente, e não como agora o fazem através do whatsapp.
Sou dos que entendem que cada coisa acontece em seu tempo, mas creio que nunca uma conversa internética vai substituir o gosto de um papo cara a cara, especialmente se for à “sombra” de uns bons goles.
O “Bangalô” era mais que um lugar para sentar, tomar umas poucas e ir adiante, para o trabalho, para casa ou para a “Taba do Cacique” outro local bem frequentado de onde os que buscavam outros ambientes seguiam para o leque de bordéis que vicejavam na noite da capital rondoniense, ou, como diz o ditado, “para outros locais onde se encontram as meninas que não sabem nada com os meninos que sabem tudo”, ou vice-versa.
Para o pessoal da Imprensa, então, era uma espécie de “céu”: Euro Tourinho, Paulo Queiroz, Sérgio Valente, Sérgio Melo, e de utras profissões, como Walter Bártolo (já falecidos), Montezuma Cruz, Evamar Mesquita, etc, devem muito do bom que produziram àquelas noitada sob a batuta do Macalé & Cia. Era só chegar, sentar e escutar, nem precisava falar ou escrever, era só escutar, às vezes opinar apenas para demonstrar que estava atento.
Os deputados José Bianco, Osvaldo Piana e Heitor Costa, o senador Claudionor Roriz, personagens como o médico Samuel Castiel, os advogagos Amadeu Machado, Ney leal e o sertanista Apoena Meirelles eram contumazes presenças.
Há muitas histórias e estórias contadas por personagens contumazes do Bar do Macalé. Uma delas, segundo a lenda, teria sido contada pelo próprio dono do boteco.
Na manhã que começava, ainda fim de madrugada como acontecia quando fechava o “Bangalô Bar”, Marcellin Champagnat Medeiros Macalé embarcou no “expresso da meia-noite” para ser recebido pelos muitos amigos que fez por aqui que, com certeza, saudosos do bom ambiente do “Bangalô” o receberam para abrir, no céu dos heróis wikingues, o Valhalla, outro ambiente para os amigos se encontrar.
AMANHÃ BANGALÔ BAR: Histórias de quem viveu as histórias do bar do Macalé
FOTOS: Macalé com suas principais administradoras, Marilene Gusmão (E) e Heloisa Helena, "trocando figurinha" no escritório do Bangalô (F. acervo Anísio Goraieb)
RECORTE DO JORNAL: Coluna do jornalista Ciro Pinheiro, no jornal Alto Madeira, anuncia abertura do Bangalô em 1981
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