Uso do dinheiro público pode ser critério na escolha de senador

E o que é mais preocupante: os partidos são os gestores dessa dinheirama, podendo destinar os recursos segundo critérios de cada agremiação

Edson Lustosa
Publicada em 26 de setembro de 2022 às 18:29
Uso do dinheiro público pode ser critério na escolha de senador

A renúncia ao uso de verba pública, principalmente quando não se precisa, é no mínimo um ato de responsabilidade social

Que o financiamento público de campanha nunca foi visto com bons olhos pelo povo brasileiro é coisa que todo o mundo sabe. O que muita gente não sabe é que, apesar desse senso comum, são quase R$ 5 bilhões destinados para a campanha deste ano. E o que é mais preocupante: os partidos são os gestores dessa dinheirama, podendo destinar os recursos segundo critérios de cada agremiação.

Mas há, nestas “paragens do poente”, uma boa notícia: nem todos os candidatos ao Senado por Rondônia estão usando recursos do Fundo Especial para o Financiamento de Campanhas (FEFC). Pelo menos é esse o caso do empresário da produção rural Jaime Bagattoli, do Partido Liberal (PL). Em seus discursos, ele afirma que não concorda com mais esse custo recaindo sobre o povo brasileiro. E se comporta conforme o que afirma: não utilizou e garante que não vai utilizar nem um centavo do dinheiro público para sua campanha. Tem respaldo pra isso, já que em 2018, quando também disputou uma cadeira no Senado Federal, agiu da mesma forma, recusando-se a usar o dinheiro público.

Bagattoli tem sido assertivo quando indagado sobre sua postura: “um país como o Brasil, com as demandas públicas urgentes que tem, jamais deveria aplicar recursos nesse tipo de despesa.” Como diversidade e democracia caminham juntas, há nas demais candidaturas ao Senado por Rondônia, diferentes comportamentos financeiro-eleitorais. No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas prestações de contas, identifica-se quem foram os candidatos ao Senado por Rondônia que mais receberam recursos público para suas campanhas:

1º - Jaqueline Cassol (PP) – R$ 3.500.000,00 – 99,09% do orçamento da campanha

2º - Expedito Júnior (PSD) – R$ 2.800.000,00 – 100,00% do orçamento da campanha

3º - Mariana Carvalho (PSDB) – R$ 2.570.000,00 – 96,25% do orçamento da campanha

4º - Acir Gurgacz (PDT) – R$ 1.000.000,00 – 88,65% do orçamento da campanha

Considerando o que as pesquisas têm apontado como preferência popular, é de se considerar que a postura de Bagattoli no que se refere a sua recusa a lançar mão do dinheiro público esteja lhe rendendo reconhecimentos, adesões e apoios. As urnas darão a palavra final.

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