Vai sair de preto ou de verde-amarelo? Qual torcida será maior nesse dia 7 de setembro?

"Posso estar enganado, é claro, mas pelo que ouço dos dois lados, não há muito ânimo para participar de mais este Fla-Flu, que já está virando um programa de domingo para os bolsominions mais engajados. A maioria da população prefere manter distância", avalia o jornalista Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho
Publicada em 05 de setembro de 2019 às 16:42
Vai sair de preto ou de verde-amarelo? Qual torcida será maior nesse dia 7 de setembro?

Bolsonaro conseguiu provocar mais um Fla-Flu, ao convocar seus seguidores para sair de verde-amarelo nesse 7 de setembro.

Em campanha eleitoral permanente, em vez de governar o país, o presidente não se intimidou com as últimas pesquisas em que sua popularidade está derretendo.

Essa confiança vem das mesmas redes sociais em que ele baseou sua campanha em 2018.

“Mesmo sob ataque, Bolsonaro continua com poder de fogo no universo digital”, é a conclusão do último boletim do Sistema Analítico Bites, que monitora as redes.

Não é pouca coisa. Segundo Manoel Fernandes, diretor do Bites, “Jair Bolsonaro amanheceu hoje com 31,1 milhões de perfis”, superado apenas pelo primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi, e por Donald Trump.

Sem ver qualquer sinal de oposição no retrovisor, o ex-tenente confia nas ruas, que já foram reduto das esquerdas, para se segurar num poder cada vez mais contestado após oito meses de governo.

Nas mesmas redes sociais, movimentos de estudantes e trabalhadores divulgam as manifestações marcadas para o Dia Nacional de Luto e de Luta, pedindo para as pessoas se vestirem de preto, em protesto contra a destruição do meio ambiente da Amazônia e do ensino público.

No palanque montado em Brasília, como um napoleão tropical, Bolsonaro comandará o desfile das suas tropas, onde são esperadas 30 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para as comemorações do 7 de setembro.

Esta semana, em entrevista à Folha, o presidente já disse que é só ele levantar a borduna que todo mundo corre atrás. O que ele quis dizer com isso?

Posso estar enganado, é claro, mas pelo que ouço dos dois lados, não há muito ânimo para participar de mais este Fla-Flu, que já está virando um programa de domingo para os bolsominions mais engajados. A maioria da população prefere manter distância.

A grande batalha do país dividido ao meio continua se dando na internet, em que as milícias digitais de Carlucho Bolsonaro, o 02, estão nadando de braçada.

Com o debate político pedestre, reduzido ao rés do chão das baixarias, desde a campanha eleitoral, Bolsonaro cada vez mais fala só para os convertidos, enquanto compra brigas insanas aqui dentro e lá fora para provar que quem manda é ele. A ONU que se cuide.

O perigo dessa beligerância permanente é estourar um confronto aberto entre camisas verde-amarelas e camisas pretas no sábado.

Os brasileiros estão “um pote até aqui de mágoa”, com licença do Chico, tentando sobreviver ao desemprego e aos desmandos de um governo sem rumo, a cada dia mais amalucado, atirando para todos os lados.

Basta uma bala perdida, mesmo de borracha, ou um maluco com uma faca na mão, para tudo desandar de vez.

Aí poderá ser a gota d´água, como cantava o Chico, aquele perigoso comunista do marxismo cultural.

Mas acho mais provável a maior torcida ficar mesmo em casa, vendo futebol ou assando uma carne na laje, sem fantasia nenhuma.

Meu palpite para o Fla-Flu é um 0 a 0.

Vida que segue.

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