Zonas críticas de malária em Rondônia receberão mosquiteiros com inseticida de longa duração

As telas desses mosquiteiros são tratadas na fábrica com um inseticida líquido incorporado ao tecido. Esse inseticida tem duração de três anos de uso em condições de campo

Montezuma Cruz Fotos: Frank Néry
Publicada em 03 de abril de 2020 às 10:48
Zonas críticas de malária em Rondônia receberão mosquiteiros com inseticida de longa duração

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O Ministério da Saúde enviará nos próximos dias a Rondônia mais um carregamento de mosquiteiros impregnados (possuem inseticida de longa duração – Mild, por recomendação da Organização Mundial de Saúde – OMS) para distribuição em áreas críticas da doença.

A Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) constatou 132 novos casos de malária em março: 79 em Espigão d’Oeste, 38 em Mirante da Serra e 15 em Urupá.

“No ano passado dez mil unidades de mosquiteiros atenderam às necessidades de Alto Paraíso, Ariquemes, Costa Marques, Cujubim, Guajará-Mirim, Machadinho d’Oeste, Nova Mamoré e Rio Crespo”, lembrou Valdir França, coordenador estadual de Vigilância e Controle da Malária, Valdir França.

Em Guajará-Mirim e Nova Mamoré, na faixa de fronteira Brasil-Bolívia, mosquitos anofelinos atacam mais em áreas indígenas, onde entram caminhoneiros envolvidos em extrações ilegais, como constatado pelas polícias Civil, Federal e Militar, e o Ministério Público Federal.

Dois técnicos do Ministério da Saúde trabalham permanentemente na região, em Itapuã d’Oeste, antiga e conhecida região de exploração de cassiterita (minério de estanho), e em Machadinho d’Oeste, onde há intensa exploração madeireira. O primeiro município situa-se a 113 quilômetros de Porto Velho, o segundo, a 353 quilômetros, nordeste do Estado, na divisa com os estados do Amazonas e Mato Grosso.

“Na Terra Indígena do Roosevelt , ao contrário de outras regiões, constatamos trezentos casos, a maioria entre garimpeiros. Um menino de apenas oito anos foi diagnosticado com a doença”, explicou o coordenador.

O alerta da Agevisa se justifica: em 2018, nas terras indígenas, os casos passaram de 574 para 1.071 em 2019, um acréscimo de 86,6%, enquanto na zona urbana urbana ocorreram 1.687 notificações em 2019.

No geral, os garimpos vivem um período mais tranquilo, com redução de 58,2%; este ano ocorreram apenas 122 novos casos no primeiro trimestre do ano.

“Agora mesmo estamos instalando a base em Mirante, esclarecendo ao pessoal do município que as primeiras três aplicações do fumacê são insuficientes, é preciso um trabalho constante para eliminar os focos de anofelinos”, contou França.

De acordo com a Agência, em 2018, a malária atacou 3.655 pessoas na zona rural rondoniense, aumentando 37,4% para 5.021 casos, em 2019. Mesmo assim, em assentamentos, houve um decréscimo de 20%.

França reforça que os municípios devem se empenhar na gestão dos cuidados epidemiológicos, como determinado pelo Ministério da Saúde a descentralização. O coordenador explicou que a aquisição de Equipamentos de Proteção Individual, conhecidos por EPIs (botas, máscaras, etc), é responsabilidade do município.

Segundo a Agevisa, um mutirão de trabalho deve ser promovido em breve no bairro Satélite, banhado pelo Rio Negro, em Candeias do Jamari. O município, considerado integrante da região metropolitana de Porto Velho, é um dos maiores focos de malária do Estado. Em março de 2019, após uma cheia do rio, foi constatado o aumento de 18% dos casos de malária desde 2018.

SAIBA MAIS

► Rondônia chegou a ser responsável por metade dos casos da malária no Brasil, no final da década de 1980 e por 25% nas Américas, com 300 mil casos notificados.

► Levantamento do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, revelam que três municípios concentram 75% dos casos da doença: Porto Velho, Candeias do Jamari e Machadinho d’Oeste.

► O Centro de Pesquisa em Medicina Tropical da Secretaria Estadual de Saúde, que funciona numa área do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron), acompanha o controle da malária em Rondônia há décadas. A Fiocruz-RO também trabalha nessa área. A Agevisa faz todas as notificações dos casos diagnosticados na Capital e no Interior.

MOSQUITEIROS IMPREGNADOS

Trata-se de um método eficaz e sustentável para a proteção contra a malária. As telas desses mosquiteiros são tratadas na fábrica com um inseticida líquido incorporado ao tecido. Esse inseticida dura pelo menos 20 lavagens em teste padrão de laboratório e por três anos de uso em condições de campo.

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