À beira do precipício

A vereadora Ada está à beira do precipício. Ela vai precisar munir-se de fé, humildade, coragem e força, para superar a tempestade e chegar ao outro lado da margem.

Valdemir Caldas
Publicada em 29 de julho de 2017 às 09:28

Depois do que ouvi de um vereador, na manhã de sexta-feira (28), no estacionamento da Câmara Municipal de Porto Velho, sobre a troca de impropérios pela internet entre a vereadora Ada Dantas e uma professora da capital, cheguei à conclusão de que não é das mais confortáveis a situação da representante do Partido da Mobilização Nacional naquela Casa.

Segundo o parlamentar, que preferiu não se identificar, para não acirrar os ânimos, se o pedido de cassação do mandato da vereadora, protocolado pela direção municipal do Partido dos Trabalhadores, por quebra de decoro, chegasse hoje ao plenário, pelo menos cinco dos vinte e um vereadores com os quais ele já conversou, votariam pela perda do cargo. E explicou os motivos de cada um deles, contando nos dedos da mão esquerda.

A situação não é fácil e, de acordo com o vereador, ainda pode ficar pior. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Rondônia entrou na briga. O Sintero já mostrou que tem bala na agulha, um extraordinário poder de mobilização e, a julgar pelas declarações de seu presidente, Manoel Rodrigues, não vai deixar o caso cair na vala comum do esquecimento. Pelo contrário, pretende levá-lo até as últimas consequências, doa em quem doer, alcance quem alcançar.

A vereadora Ada está à beira do precipício. Ela vai precisar munir-se de fé, humildade, coragem e força, para superar a tempestade e chegar ao outro lado da margem. Espero que consiga atravessar o rio com segurança. Não será tarefa fácil. As águas são caudalosas, mas a superação parece ser uma de suas características. Como disse o general, estadista, orador, historiador e legislador romano, Caio Júlio Cesar, durante a travessia do rio Rubicão, “a sorte está lançada”.

Longe de mim, contudo, querer vestir o manto de pacificador. Não tenho vocação para essa espinhosa missão, mas a melhor coisa que as partes envolvidas nesse imbróglio deveriam fazer era ensarilhar as armas usadas na contenda, sentarem-se à mesa, ter humilde (que é sinal de grandeza) para reconhecer suas culpas e fraquezas e colocar de lado todo e qualquer sentimento de vindita pessoal, que nada constrói. Um processo de cassação de mandato é longo, penoso, desgastante e constrangedor.

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