A disputa em Rondônia: ''É UM CENÁRIO DE JOGO SUJO, RASTEIRO, DE ESPIONAGEM''!
A gravação, feita de forma clandestina mesmo, já que os dois deputados que conversavam, na intimidade, jamais imaginavam que estavam “grampeados”, dá o tom exato do tipo de campanha para o Governo que está se encaminhando.
Qual o limite numa disputa política? A gravação clandestina de uma conversa a portas fechadas, entre o presidente da Assembleia, deputado Maurão de Carvalho e o deputado Jesuino Boabaid, viralizou nas redes sociais e nas mídias (tanto com o áudio como o texto que o acompanhou editados, segundo Maurão), onde os dois parlamentares parecem em conluio contra o governador Confúcio Moura. O assunto explodiu como uma bomba, tão poderosa quanto a que anunciou o rompimento de Confúcio com seu vice, Daniel Pereira. Maurão fez um veemente protesto, condenando o que chamou de “"um grampo criminoso, clandestino e ilegal, obtido por meios ilícitos e escusos, com o claro objetivo de tentar denegrir a minha imagem junto à opinião pública, em razão de meu nome despontar como pré-candidato ao Governo". Ele anunciou também a criação de uma CPI para esclarecer o assunto: “"É uma situação perigosa e reprovável, pois estamos em meio a um cenário de jogo sujo, rasteiro, de espionagem, de grampos e escutas ilegais, além de manipulações de conversas privadas e informais. Isso é uma ação criminosa, inaceitável, e como presidente da Assembleia Legislativa, irei convocar imediatamente a abertura da CPI do Grampo, para apurar com rigor os fatos e responsabilizar dentro da lei, os autores desse crime ocorrido perante a Casa de Lei do nosso Estado". A gravação, feita de forma clandestina mesmo, já que os dois deputados que conversavam, na intimidade, jamais imaginavam que estavam “grampeados”, dá o tom exato do tipo de campanha para o Governo que está se encaminhando.
A população precisa ficar atenta e saber separar o que é verdade, o que é fake e o que é sujeira de uma campanha política, para que, nas urnas, não cometa injustiças. Ainda estamos bem longe do auge da campanha e os golpes abaixo da linha da cintura já se multiplicam, de todos os lados. O caso Confúcio/Daniel ainda estava fervilhando, quando a gravação de Maurão e Jesuino era espalhada nas redes sociais, principalmente pelo wattsapp, a partir de um celular anônimo, já que não se identificou e não respondia às ligações de contato. Foi certamente uma ação engendrada, em que os dois parlamentares ficaram expostos a ter conversas feitas a portas fechadas, espalhadas de forma estranha, editadas e fora do contexto, segundo denuncia a dupla. É lamentável que as coisas tenham chegado a esse ponto. É triste que se veja, numa campanha que deveria ser de alto nível, o lodaçal tomando conta, pelo menos três meses antes das convenções partidárias. O rompimento Confúcio/Daniel e a gravação espalhada pelo Estado são sintomas de que, sim, essa campanha começa cheirando mal!
EMERSON E A GRAVAÇÃO
O site Observador publicou notícia em que citou o nome do chefe da Casa Civil do governo, Emerson Castro, como o responsável pela escuta ilegal feita no encontro entre o presidente Maurão de Carvalho e o deputado Jesuino Boabaid. No Rio Grande do Sul, onde se encontra, numa viagem de negócios e de férias, Emerson Castro contestou com veemência a acusação. Ele diz que a viagem que está fazendo foi programada há muito tempo, que quando ele saiu do Estado estava tudo sob controle e que ele também foi surpreendido com o rompimento do Governador e seu Vice e que igualmente, ficou surpreso, depois assustado com a gravação clandestina que viralizou nas redes sociais. “Desde que assumi a Casa Civil, todos os meus esforços foram direcionados para a paz, para relações amistosas. Quem me conhece sabe que eu jamais cometeria um ato desses. Meus 20 anos de história política atestam isso”. Ele sublinhou que não há sentido na história: “por que eu mandaria gravar um aliado, um Presidente que ajudamos a eleger, um parceiro?”, questiona. Emerson garantiu que não interromperá sua viagem por causa dos problemas locais e que voltará neste sexta, como estava combinado. Ele garantiu também que vai recorrer à Justiça contra o site que usou seu nome como o responsável pelo grampo na Assembleia.
DANIEL SE DIZ SURPRESO
Enquanto isso, o vice governador Daniel Pereira se diz surpreso com os acontecimentos e, principalmente, com a forma como ele está sendo tratado pelo governador Confúcio Moura, com quem, jura, jamais teve sequer a mais simples e tênue discussão. Daniel, de um lado, fala num tom conciliador, lembrando que na última conversa que teve com o Governador, a convite dele, Confúcio, o Vice teria sido informado que a renúncia do Chefe do Executivo, seria antecipada de 5 de abril para 12 de março. De outro, tem percorrido a mídia para criticar membros do governo e principalmente o time palaciano, excetuando-se, é claro, o próprio Confúcio, a quem, ao menos publicamente, Daniel tem poupado. Ontem, antes de viajar para Brasília e depois São Paulo, o vice conversou com vários jornalistas, repetindo a sua versão de que nada teria havido entre ele e o Governador, que pudesse dar motivo a todas as medidas tomadas por Confúcio, incluindo a retirada, a fórceps, dos indicados por Daniel e nomeados pelo próprio Chefe de Governo. Foi mais longe. Ironizou, lembrando da gravação divulgada entre o presidente da Assembleia e o deputado Boabaid, que poderia, segundo ele, ser esse o motivo da decisão de Confúcio de ficar no cargo, renunciar à pré candidatura ao Senado e romper com seu vice. Ou seja, vem ainda muita confusão por aí.
CHAPA MAURÃO E WAGNER
Um encontro entre Confúcio e o presidente da Assembleia, na segunda-feira de manhã, antes de o Governador viajar para Brasília e Rio de Janeiro, foi mais um capítulo nessa novela que se arrasta desde o meio da semana passada e que começou a ter novos momentos explosivos, com lances surpreendentes, poucas horas depois, quando apareceu a gravação clandestina que jogou querosene na crise. Na reunião, Maurão foi informado pelo próprio de que Confúcio não mais entraria na disputa pelo Senado, ficaria até o final do seu governo e que apoiaria a ele, Maurão, para o Governo, cumprindo o acordo que já estava firmado há meses. Mais que isso: Confúcio sugeriu o nome do secretário da Fazenda do Estado, Wagner Garcia de Freitas, para ser o vice na chapa de Maurão. O presidente da Assembleia topou na hora. Wagner, aliás, já estaria acertando para ingressar no DEM, habilitando-se para formar a parceria com Maurão. Confúcio viajou e algumas horas depois, por volta das quatro e meia da tarde, inesperadamente, começou a bombar nas redes sociais, enviadas por anônimos, informações sobre a fita clandestina, não só com o áudio como também com o texto decupado. Era outro ingrediente incendiário, ampliando a crise que já era grande.
A PM PROTESTA
Nesta terça à tarde, entidades de Oficiais e Praças da Polícia Militar e Bombeiros, emitiram notas de repúdio e protesto, contra a forma como foi trocado o comando da instituição em pouco mais de 96 horas. Num dia, o comandante era o coronel Ênedy. No outro, era o coronel Ronaldo Mauro Flores. Menos de cinco dias depois, retorna Ènedy. Um das entidades, a Aspra, também repudiou a participação do deputado Jesuino Boabaid, no caso da gravação. No início da noite, uma dura nota, eivada de ironia em relação ao Governador e a troca de comando da PM, em tão poucos dias, foi divulgada pelo coronel Luis Brum Prettz, que comandou a PM e deixou seu nome na história da instituição. Também se falava que uma entidade nacional de oficiais e praças das polícias militares do Brasil, que está participando de um encontro nacional com todos os comandantes da PM do país (menos Rondônia, que nessa confusão toda acabou sem o seu representante), iria também se pronunciar sobre o assunto. A verdade é que ficou muito ruim para a imagem da Polícia Militar de Rondônia a troca de comando em tão poucos dias. “Até quando a honrada e digna instituição da Polícia Militar será desrespeitada?”, questionou Prettz.
SUMINDO DO NOTICIÁRIO
Enquanto a crise política em nível de Estado piora cada vez mais, sai o foco de cima da administração do prefeito Hildon Chaves e, ao mesmo tempo, da Câmara Municipal de Porto Velho. No governo municipal, que estava abaixo de um “tiroteio” de críticas, pelas alagações, pela situação da possível demissão de mais de 640 vigilantes e, ainda, pela crise na saúde pública, todos os problemas saíram da mídia, ao menos momentaneamente, enquanto o problema que envolve a crise política no governo Confúcio Moura toma conta do noticiário. O mesmo aconteceu com a Câmara. Nessa semana, oito dos nobres edis viajaram, com diárias de 500 reais, além das passagens, num custo individual de 12 mil reais. Eles foram a Goiás, para conhecer um programa alternativo de terceirização na saúde. Só o presidente Maurício Carvalho pagou todas as despesas do próprio bolso. Esse tipo de ação é da alçada dos vereadores? Ah, enquanto a situação de Confúcio e seu rompimento com Daniel Pereira e enquanto o caso da gravação clandestina tomar conta do noticiário, essas questões municipais somem do debate. Sorte de uns, azar de outros.
LINCHAMENTO NO MILAGRES
Não foi por falta de aviso! Várias vezes, aqui nesse mesmo espaço, se comentou que a população começa a reagir com violência contra os criminosos, já que muitas vezes não confia no trabalho da polícia e muito menos na punição correta dos bandidos, em função das leis de proteção ao crime, impostas ao cidadãos brasileiros do bem. Nos últimos meses, vários casos de agressão a assaltantes e ladrões foram registradas e, na grande maioria deles, não foram mortos por intervenção da PM, que salvou a pele dos marginais, em alguns casos depois de pesadamente agredidos. Nesta terça, contudo, no bairro Milagres, na Capital. a PM não chegou a tempo. Dois ladrões foram pegos pelo populacho. A dupla pulou o muro de uma residência para furtar fios de cobre. Populares que presenciaram a ação, armaram-se com foices, pedaços de madeira e facões, atacando os dois bandidos e os lincharam. Um deles morreu no local e o outro foi levado, com inúmeros ferimentos graves, para o João Paulo II. Cansados de serem roubados e de não terem a quem pedir socorro, os moradores começam a revidar os ataques dos criminosos. É completamente errado, mas a autodefesa começa a ser usada quase todos os dias. Reagir sim, mas não precisa se combater violência com mais violência...
PERGUNTINHA
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