A pena imposta por cada um de nós
É assim, também, com os crimes de morte. Quando eles vitimam pessoas diretamente próximas de nós, tendemos a considerá-los mais graves.
Já reparou que a prática de alguns crimes desperta na opinião pública mais indignação que a prática de outros? Há como que uma gradação no sentimento que os indivíduos experimentam diante dos ilícitos, de maneira que a um ladrão de galinha se pretende punir com extremo rigor, enquanto muitos gatunos engravatados, apanhados com as mãos sujas no erário, como têm revelado as diferentes operações policiais, continuam livres, leves e soltos, sem serem incomodados pela população. Um deles, do time dos cínicos, aparece frequentemente num desses programas de TV nauseantes, arrostando moralidade, acreditando que o povo já não se esqueceu dos milhões de reais desviados dos cofres da Assembleia Legislativa de Rondônia.
É assim, também, com os crimes de morte. Quando eles vitimam pessoas diretamente próximas de nós, tendemos a considerá-los mais graves. Somos invadidos por um sentimento de parentesco ou de corporativismo, que a primeira coisa que nos vem à mente é fazer justiça com as próprias mãos, ou, então, mudar a legislação vigente, introduzindo penas que a lei não prevê. Acabamos, por assim dizer, mandando por terra a orientação bíblica, segundo a qual a vingança pertence ao Senhor. No tempo oportuno, Deus, o justo, se manifestará, pois nenhuma maldade fica encoberta aos olhos Dele.
A revolta e a indignação contra qualquer forma de ilicitude constituem direito impostergável do cidadão. É natural que, num momento de desespero, de desequilíbrio emocional, movido pelo sentimento de vindita pessoal, a pessoa acabe por cometer atos igualmente reprováveis e condenáveis não somente à luz do direito penal, mas, principalmente, aos olhos de Deus. A dor pela perda da pessoa amada é indescritível, sobretudo quando ela ocorre de maneira violenta, brutal, cruel, desumana, mas Deus é o justo juiz.
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