A PF pegou a Abin de calças curtas

"De duas uma: ou a atual direção da Abin falhou fragorosamente ou protegeu os que colocaram em risco a democracia", escreve o colunista Alex Solnik

Alex Solnik
Publicada em 26 de janeiro de 2024 às 17:56

Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin no governo Jair BolsonaroAlexandre Ramagem, diretor-geral da Abin no governo Jair Bolsonaro (Foto: Divulgação I Abin I Agência Brasil )

Cabia à Abin descobrir e desbaratar a quadrilha formada por alguns de seus ex- e atuais servidores que continuava agindo ilegalmente mesmo depois da troca de governo, e cujas atividades contribuíram para a tentativa de golpe de estado de 8/1.

Se uma agência de Inteligência não dá conta de descobrir e punir os maus elementos dentro de casa, não merece ter esse nome. E fica a dúvida se dá conta de descobrir os maus elementos de fora de casa.

Cabia à Abin prestar todos os esclarecimentos a respeito da utilização do sistema First Mile (e outros sistemas de espionagem) e revelar à sociedade brasileira os nomes de todos os espionados e os motivos pelos quais foram alvos de espionagem.

Se não se interessou em obtê-los, ou os obteve e escondeu, falhou novamente.

Cabia à Abin proteger o governo e a sociedade de seus maus agentes, dado que uma de suas atribuições é “avaliar ameaças internas e externas à ordem constitucional”.

A Abin deveria entregar suas laranjas podres à PF, e não a PF esfregar as laranjas podres na cara da Abin.

De duas uma: ou a atual direção da Abin falhou fragorosamente ou protegeu os que colocaram em risco a democracia.

A PF pegou a Abin de calças curtas.

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

Comentários

    Seja o primeiro a comentar

Envie seu Comentário

 
NetBet

Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook