A próxima vítima do ''dedo podre'' de Cassol

Pode-se avaliar o ex-governador Ivo Cassol (PP) com adjetivos variados entre bons e maus, mas há, sem dúvida, uma verdade indubitável sobre ele acima de qualquer classificação esporádica: o senador da República tem o dom da captação de votos.

Autor / Fonte: Vinicius Canova
Publicada em 09 de janeiro de 2018 às 13:25
A próxima vítima do ''dedo podre'' de Cassol

Ivan da SAGA e DJ Maluco, "vítimas" do toque de Midas às avessas; Raposo será o próximo?

Porto Velho, RO – Pode-se avaliar o ex-governador Ivo Cassol (PP) com adjetivos variados entre bons e maus, mas há, sem dúvida, uma verdade indubitável sobre ele acima de qualquer classificação esporádica: o senador da República tem o dom da captação de votos. Desde que seja para si...

O homem que já transitou por praticamente todos os flancos do Poder em Rondônia não obteve – ainda – o status viral de sua popularidade; aquela sensação ímpar de um imperioso quase divino que, pretensiosamente, enxerga postes de energia elétrica como futuros deputados estaduais, federais, vereadores e até prefeitos.

Incide sobre Cassol espécie de mácula de um toque de Midas às avessas, e o histórico eleitoral não me deixa mentir.

A imagem do republicano não fora capaz de prestar solavancos significativos em 2014 às candidaturas de sua irmã Jaqueline Cassol, que concorreu e foi derrotada ainda no primeiro turno ao Governo do Estado pelo PR; nem da esposa Ivone, que pleiteou vaga no Senado perdendo para o eleito Acir Gurgacz (PDT) e para o segundo colocado Moreira Mendes (PSD).

Embora ligados pelos estreitíssimos laços sanguíneos, o único caso genealógico de sucesso – sem contar seu Reditário – na política envolvendo um Cassol que não fosse o ex-governador é o do empresário César Cassol, que vivia às turras com o irmão, inclusive externando reiteradamente saraivadas públicas de descontentamento. O rei do calcário rondoniense, diga-se de passagem, já lapidava a trilha pública do clã muito antes de Narciso tentar enxergar seu reflexo nele. Quando não percebeu suas feições, trejeitos e intentos minimamente convergentes no irmão, detestou a pecepção do que vira – assim como na mitologia grega. César não ligou, pois presenteava-se, e continua a agraciar-se, com o que é de César. Tanto na política quanto na vida empresarial.

Logo, Ivo não fez César.

Mas família é família, senhoras e senhores. Em nomes e sobrenomes colhemos os louros do sucesso; quando não, recolhemos e nos livramos dos flagelos do fracasso.

E quem é de fora? Talvez você não se recorde dos nomes de batismo Edivaldo Ferreira de Oliveira e Ivan Paulo Ribeiro Rocha. Eles são, respectivamente, DJ Maluco e Ivan da SAGA.

O primeiro, de Guajará-Mirim para o mundo, teve um daqueles ligeiros surtos de sucesso nacional com hits que agitaram boates e danceterias angariando rápida popularidade. Antenado ao fato, Cassol tratou logo de cooptá-lo à política, gravando vídeos e tecendo elogios ao músico.

Maluco fez pouco mais de 7.160 votos e passou longe de uma cadeira na Câmara Federal nas eleições de 2010. Ivan da SAGA, a mesma coisa. Explodiu em popularidade e tornou-se uma celebridade do marketing, cheio de bordões chicletes ao vender veículos nas emissoras de televisão e rádio. Era um campeão de vendas e, há pouco mais de quatro anos, passou a ser assediado por caciques da política; entre eles, claro, estava Ivo. Do estrelato à lona: Ivan Rocha teve performance ainda pior que a do DJ quatro anos antes: foram míseros 3.262, figurando em 40º lugar no ranking total de candidatos.

A partir dos reveses ecoou-se mórbido silêncio e poucos recordam informações sobre como surgiram e muito menos para onde foram.  

Mas é provável que a principal vítima do ‘dedo podre’ de Ivo Cassol tenha sido seu sucessor João Cahúlla, que exerceu mandato-tampão pelo PPS quando Narciso lançou-se de cabeça à candidatura de senador. Embora não fosse exatamente uma “cria” cassolista, recebeu todos os afagos do aliado.

Com a máquina nas mãos, Cahúlla foi feijão-com-arroz para o estreante Confúcio Moura (PMDB), que largou em primeiríssimo lugar no turno inaugural em 2010: 43,99% contra os 37,14% de João. Pobre João... No segundo turno, Moura deu mais uma surra de votos no pupilo de Cassol, obtendo 58,68% ao final. Cahúlla, por outro lado, amargou parcos 41,32%.

Agora visando 2018, Narciso coloca as mãos sobre o ombro de um híbrido de família com empresário destacado, o genro Júnior Raposo, conhecido como Júnior da NovaLar.

Por ora pode até soar empolgante o abraço interessado do sogro ao neófito, liderança aclamada de Jaru.

Mas será que irá desvencilhar-se do preponderante toque de Midas às avessas proporcionado pelo indicador em decomposição do Senador? As urnas dirão!

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