A Psicologia das massas e a aprovação de Bolsonaro

Foi constatado que o auxílio emergencial foi o principal motivo para o recorde de aprovação do presidente, somado à sua nova postura na mídia - mais branda do que suas famosas respostas em meio aos gritos e palavrões.

Leonardo Torres
Publicada em 20 de agosto de 2020 às 15:37
A Psicologia das massas e a aprovação de Bolsonaro

Bolsonaro e sua equipe, ao apoderarem-se do auxílio emergencial e ao mudarem o tom na mídia, almejam criar a imagem de pai-provedor, salvador da pátria, assim como alguns presidentes fizeram neste país. E parece que esta estratégia tem funcionado, já que os últimos resultados do Datafolha apontaram o aumento da aprovação de Jair Bolsonaro pelo brasileiro. O presidente conseguiu essa façanha pois mirou em um dos inimigos mais antigos do Brasil: não o coronavírus, mas a fome.
 

Foi constatado que o auxílio emergencial foi o principal motivo para o recorde de aprovação do presidente, somado à sua nova postura na mídia - mais branda do que suas famosas respostas em meio aos gritos e palavrões.
 

Alguns têm chamado este aumento da aprovação de "paradoxo", afinal parece ser inconcebível um país que vive uma extrema crise sanitária, com mais de 100 mil mortos, aprovar a administração de um presidente que se empenhou em menosprezar o COVID-19 e fazer propaganda em prol da cloroquina.
 

Quem denomina esta situação de "paradoxo" esquece-se que um terço da população brasileira é analfabeta funcional, nunca teve oportunidades, recebe um valor ínfimo como salário, mesmo trabalhando todos os dias por várias horas, e com o advento da pandemia passaria grandes necessidades.
 

Por um lado, quem está nesta difícil situação sente-se de alguma forma mais seguro com o auxílio do Governo; por outro, é necessário perceber que estas medidas do Governo foram o mínimo, quando comparadas às medidas de outros países. Vale lembrar que o auxílio emergencial recomendado pelo Governo de J. Bolsonaro tinha o valor de R﹩ 200,00. O valor atual de R﹩ 600,00 somente foi aceito após o Congresso criticar e tensionar a proposta do Governo.
 

Esta aprovação de Bolsonaro nada mais é um do que um resultado de manipulação psicológica das massas. Oferece-se o mínimo, acalenta-se um pouco, mas a prática da necropolítica ainda está em vigor. Os números de morte não cessaram e estes crescem mais do que a aprovação do brasileiro pelo seu presidente.
 

*Leonardo Torres é Doutor em Comunicação e Cultura, Psicoterapeuta junguiano e palestrante.

Comentários

  • 1
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    Telma Rodrigues 24/08/2020

    Belíssima abordagem, Dr. Leonardo Torres ! O desinformado boiadeiro do Planalto será responsabilizado pela história, como autor do genocídio causado por sua ignorância, petulância e falta de humanismo. Age como se estivesse guiando uma tropa de jumentos. E aqueles que atendem a tal predicativo, zurram, uníssonos, defendendo as ignomínias do responsável por grande parte das mais de 115 mil mortes causadas pelo Covid 19, no Brasil. O Ricardo Souza é exemplo disso. E para aumentar sua boiada, o mito (...) agora faz tudo aquilo que sempre criticou em governos anteriores: Coopta os políticos vendilhões do mandato, para ter maioria no Congresso. Promete esmolas polpudas aos pobres, para que nele votem (sempre disse que pobre é preguiçoso e não deveria receber ajuda). O pior de tudo é que o governante insano está retirando recursos da Educação, e os destina às Forças Armadas. Igualzinho ao que faz o Nicolás Maduro, na Venezuela... Boso e Maduro têm muitas coisas em comum. Principalmente a insanidade mental.

  • 2
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    Yuri Suzuki 22/08/2020

    Ricardo Souza:  Você vive no mundo da lua, ou a boiada com a qual andas te deixou cego?  Dizer que o Brasil se tornou um canteiro de obras, que o Boso sempre guiou o combate ao corona, que isso e aquilo. Lunático! Acorde! Leia algo mais, além das besteiras que emanam do gabinete do ódio. 

  • 3
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    Ricardo Souza 20/08/2020

    O nobre articulista falha com falta de isenção crítica ao tentar incutir a ideia que a crise sanitária do Covid é culpa do Bolsonaro. O articulista ignorou a decisão do STF em limitar a atuação do Governo Federal no combate ao Covid. Ignorou, ainda, a incompetência e atos de corrupção praticados por governadores e prefeitos com os recursos enviados pelo Gov. Federal para o combate à doença. Ademais, qualquer pessoa com espírito crítico e isenção percebe que o Presidente não menosprezou a doença: ficou clarividente que o Presidente tentou encorajar as pessoas e a economia a não comprar a gravidade da doença vendida pela mídia de oposição, até porque tem medicamento empiricamente eficaz para evitar internações e mortes por Covid (Cloroquina). Vale lembrar que o Presidente foi o primeiro a agir na luta contra a doença em fevereiro, antes do carnaval. Mas nessa época, mídia e oposição abafaram a doença, porque carnaval é "mais importante". A popularidade do Bolsonaro tem aumentado sim por conta do Auxílio-emergencial, mas também por conta do canteiro de obras que o Presidente transformou o país em plena crise econômica; por conta de não haver corrupção no Governo; por conta de o povo não estar mais refém da imprensa poder, porque agora tem Whats App na mão; por conta da menor Taxa de Juros Básicos da história; por conta das balanças comerciais positivas; por conta do lucro das estatais; por conta da menor desigualdade social da história divulgada recentemente; por conta etc. etc. etc.

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