A queda do império Batista
O dinheiro faz o mundo girar, mas nem sempre a favor de quem o coloca acima de tudo. É isso o que mostra "Eike – Tudo ou Nada"
(Foto: Divulgação)
Nos EUA, esse tipo de história é chamada de "from riches to rags", ou seja da fortuna aos farrapos. É bem verdade que Eike Batista está longe de ficar em farrapos, mas a derrocada de sua riqueza e de seu prestígio foi algo extraordinário. Essa odisseia foi contada pela jornalista Malu Gaspar no livro Tudo ou Nada, que serviu de base para o filme dos diretores Andradina Azevedo e Dida Andrade (ambos homens).
Eike – Tudo ou Nada bebe um tanto nas águas de filmes importantes sobre os bastidores do capitalismo, como Wall Street e O Lobo de Wall Street. Trata-se de narrar um processo empresarial e financeiro nos moldes do thriller, com antagonismos claros e personalizados, ritmo acelerado e artifícios para facilitar a compreensão de trâmites complexos.
O filme faz isso muito bem, ainda que tenha de apelar para recursos explicativos como um personagem narrador (que continua narrando mesmo depois de sair do núcleo central da história), um mestre de cerimônias para episódios teatralizados e um apresentador de lives sobre o mercado de capitais. De qualquer maneira, a encenação tem vigor e propriedade do começo ao fim.
Nelson Freitas (ex-concunhado de Eike) empresta energia e persuasão ao papel do empresário que herda do pai, Eliezer Batista, um império de mineração, investe no garimpo e, com a descoberta do pré-sal, tenta uma jogada arriscada na extração de petróleo. O resto é bem conhecido: ambição desmedida, avaliações erradas, confiança em auxiliares pérfidos, perdas gigantescas, prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
O que o filme faz com habilidade é dramatizar tudo isso com bons diálogos, boas interpretações e o cuidado técnico característico das produções de Mariza Leão na Morena Filmes. O roteiro tem boas sacadas, como sintetizar a vida conjugal de Eike num interlúdio de vaudeville e ilustrar o equívoco da OGX através da figura metonímica de um investidor de classe média que acredita nas promessas petrolíferas de Eike.
As relações promíscuas do empresário com o firmamento político são condensadas na figura do ex-governador Sérgio Cabral (nomeado "Sobral"), enquanto o fervor capitalista de Eike – que acaba se voltando contra ele – é sintetizado no bordão "It's all about money". O dinheiro faz o mundo girar, como se cantava em Cabaré, mas nem sempre a favor de quem o coloca acima de tudo. É isso o que mostra Eike – Tudo ou Nada, mesmo que não pretenda ser um conto moral.
>> Eike – Tudo ou Nada está nas plataformas Google Play, Youtube Movies, Amazon, Vivo Play e AppleTV.
O trailer:
Carlos Alberto Mattos
Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos
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