A quem interessa o "Xeque Mate" da Previdência?

Parto de uma premissa lógica, ainda que não se tenha testado por métodos cientificamente comprovados.

Edilson Lôbo
Publicada em 06 de fevereiro de 2019 às 10:18
A quem interessa o

O que muito agrada as frações do capital, vai na contramão dos grandes interesses sociais de uma sociedade, em especial, as mais vulneráveis no que tange à seguridade dos mais excluídos. O capital visa lucro - (capital enquanto relação social).

Vejo com uma certa perplexidade, atribuir todo o peso da responsabilidade do déficit público, à questão previdenciária.

Essa narrativa, asseverando que se a Reforma da Previdência não se efetivar, será uma tragédia, ao meu olhar, é um engodo. Penso que reside nesse tema, muito mais um jogo de interesses, determinado pelo campo econômico, galvanizado pelo empresariado brasileiro, de todos os setores nacionais, que se alinham aos arautos do liberalismo, que por sua vez, subordinam o governo a esses interesses.

Há a rigor, um falseamento no debate dessa questão. Estudos  desenvolvidos pela Auditoria da Dívida Cidadã, revelam que as fontes de recursos definidos pela Constituição de 88, dão conta de cobrir o tripé da Seguridade Social, conformada pela Assistência a Saúde, Assistência Social e Previdência, garantidos constitucionalmente, numa perspectiva do Estado de Bem Estar, como Direitos Universais. Uma forma de promover a justiça social, equilibrando os desajustes proporcionados pela dinâmica capitalista.

Segundo essa entidade, se devidamente contabilizado o que entra nas contas da União, ensejado por todas as fontes definidas constitucionalmente para a seguridade, vamos encontrar um superávit, suficiente para cobrir o déficit deixado pela Previdência.

Qual o problema então? É que ao longo dos anos, após instituído esses direitos, os governos seguidos, sempre encontraram formas de burlarem aspectos legais, para através de mecanismos espúrios, desviar esses recursos, basicamente para assegurar pagamentos de juros e amortizações da dívida pública brasileira. Essa sim, intocável. Afinal, ela serve ao "Deus" capital, nas suas mais manifestas vertentes.

A famigerada DRU (Desvinculação de Receitas da União) que desvia recursos da união, arrecadados para fins determinados, serve a esses interesses. É a forma que o governo utiliza, para manipular recursos ao seu bel prazer, na cobertura de despesas que lhes são mais conveniente, do ponto de vista de atender as frações do capital. Essa é a realidade concreta.

De outra parte, existem variadas formas de minimizar o desequilíbrio das contas da União, sem necessariamente, jogar todo o peso dessa  responsabilidade, para a Previdência.

Um pequeno exemplo concreto. Entre um cidadão que ganha um mísero salário mínimo e os proventos de um juiz, um parlamentar ou um alto executivo, quem mais precisa ser sacrificado, numa perspectiva da Reforma Previdenciária?  Mas no entanto...

Como agravante, verificamos um índice enorme de grandes sonegadores; a não taxação das grandes fortunas; dispêndios desnecessário das corporações públicas; excesso de benefícios com toda sorte de auxílios para determinadas carreiras do judiciário, do legislativo e executivo; um forte combate a corrupção e o enxugamento real da máquina pública, onde de fato deve e precisa ser queimadas algumas gorduras.

Espaços existem e muito, antes que se sacrifique quem menos deve ser sacrificado. A questão é de determinação, coragem e o compromisso com a população, para o enfrentamento político com os grandes interesses.

Nessa incapacidade, sobram as narrativas de conveniência, e uma apologia apelativa, face a desinformação da sociedade e a menor capacidade de resistência, dos que compõem a grande massa de despossuídos.

A Reforma da Previdência é necessária? De certo que sim, mas é preciso que ela aconteça em outras bases negociáveis. Sem pressão ou açodamento, no âmbito de decisões pactuadas, com os principais agentes envolvidos, cujos resultados, estejam focados centralmente na seguridade social, e não na perspectiva do mercado.

Comentários

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    Kleiton Ayala 08/02/2019

    Senhor ou Senhora 'EU': Ao que tudo indica, você não leu o texto do Lôbo. Nem meu comentário. Ambos concordamos que a reforma é necessária. Porém, que desta vez os empresários e magnatas do setor público também passem a contribuir adequadamente. Talvez você até tenha lido, mas nada entendeu... Quanto à existência, ou não, de capitalismo selvagem no país, tenho minhas convicções . Sou Economista e Administrador, com 72 anos de idade e já trabalhei em diversos estados da Federação. Tenho muitos amigos, até parentes, que também acham que o Brasil acabou de sair de um vil regime comunista, salvo pelo miliciano dominador. Mas na minha idade, procuro não debater com descerebrados e covardes anônimos.

  • 2
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    Eu 07/02/2019

    Nunca li tanta besteira na vida. É algo matemático, o sistema previdênciário brasileiro é piramidal, hj há menos de duas pessoas ativas, para cada inativa. Além do mais a reforma abrange todos os setores, inclusive privilégios do legislativo e judiciário, se decidam, ou vcs querem ou não que acabem com os tais privilégios. E colega Kleiton , Capitalismo Selvagem no Brasil ? Me monstra onde é esse Brasil que eu quero morar lá.

  • 3
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    Kleiton Ayala 07/02/2019

    A abordagem realizada por Edilson Lôbo é perfeita. De maneira didática, mostra que o rombo da Previdência que hoje se apresenta foi causado pelos Governos passados. Desde a época da Ditadura, até hoje. Gastaram a grana que deveria ter ficado na conta da Previdência Social, pagando dívidas de outras pastas. E ainda concederam criminosas reduções (e até perdões) de dívidas previdenciárias para empresas sonegadoras. E, como de costume, a classe dominante joga suas cachorradas às costas dos trabalhadores. Brasil de capitalismo selvagem, de governos corruptos.

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