A sujeira rondoniense 

Se levarmos em conta o Carnaval da Banda do Vai Quem Quer e dos blocos carnavalescos que desfilam na cidade de Porto Velho no mês de fevereiro, chega-se à triste conclusão de que o cidadão porto-velhense é muito imundo mesmo

Professor Nazareno*
Publicada em 02 de março de 2020 às 16:51
A sujeira rondoniense 

“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”, disse certa vez o dramaturgo Nelson Rodrigues. Se levarmos em conta o Carnaval da Banda do Vai Quem Quer e dos blocos carnavalescos que desfilam na cidade de Porto Velho no mês de fevereiro, chega-se à triste conclusão de que o cidadão porto-velhense é muito imundo mesmo. Não todo cidadão, mas pelo menos aqueles que vão às ruas durante a folia de Momo. Toneladas e mais toneladas de sujeira são jogadas por eles nas já sujas e imundas ruas da cidade. Estive este ano na banda e vi o desleixo que se tem pela cidade. Há quatro anos que vou no domingo pela manhã, logo cedo, fazer fotos da sujeira e da imundície que a famosa banda deixa de “presente” para a municipalidade. Neste tempo, quase nada mudou. Apenas a quantidade que só aumenta.

Todo rondoniense não é sujo, claro. Muitas das cidades do interior do Estado de Rondônia são até limpas e higiênicas. Cacoal, Vilhena e Ouro Preto são exemplos de cidades bonitas e asseadas. Mas há outras bem menores que se esmeram na limpeza. Nem se comparam com a porca Porto Velho. Além disso, algumas delas têm flores, muitas flores em suas arborizadas ruas, praças e canteiros. Se parecem com as cidades do sul do Brasil como Blumenau, Gramado, Canela e Curitiba. Guardadas as devidas proporções, em alguns casos, podem ser compradas com cidades da Europa. Porto Velho não tem comparação. A sujeira é tanta que esta capital sempre se pareceu com uma filial do inferno. Uma cidade habitada só por porcos. Haja bosta e urina nas ruas. Não é à toa que é a pior em esgotos dentre as capitais do Brasil com menos de 2%.

E a culpa não é somente do prefeito e das autoridades. Todos nós moradores temos uma parcela de responsabilidade no lodaçal que é esta capital. Há casos em que o cidadão sequer limpa o mato na entrada de sua residência. A cidade também não tem árvores, embora se situe em plena floresta amazônica. Pouquíssimas ruas são arborizadas. A Avenida Jatuarana, por exemplo, do início até o final na Avenida Campos Sales não tem uma só árvore plantada. Na época do calor, andar nela se torna algo insuportável. Outras ruas como a Calama, no sentido Leste/Oeste, talvez a maior rua da cidade, também não tem uma só árvore em seu longo trajeto. Carlos Gomes, Pinheiro Machado e Sete de Setembro igualmente não têm nada de sombra para amenizar o calor. No verão, a cidade vira um suplício. Caos: “lixo dá emprego a gari”.

Os filhos daqui e os que dizem ser “filhos de coração” deveriam colaborar mais um pouco com o seu lugar. Por que a Banda do Vai Quem Quer não distribui todo ano sacolas para os foliões recolherem o lixo que produzem? Os donos dos blocos devem fazer o mesmo se amam a cidade como dizem. Nada contra o Carnaval, mas o Poder Público mandar garis limparem aquilo com o dinheiro dos impostos que eu pago não é justo. Eu e muitos outros cidadãos que não foram às ruas durante o Carnaval. Até por que os garis não limpam aquilo de graça num dia de domingo. O rondoniense não é sujo, mas muitos foliões de Porto Velho são “porcos imundos” que não mereciam morar na cidade que vive com bueiros entupidos. Conheço muitas cidades do Primeiro Mundo e duvido que lá eles produzam tanta nojeira assim nos seus desfiles. Todos sabem que lixo e sujeira são sinônimos de povo subdesenvolvido, atrasado e de lugar abandonado.

 *Foi Professor em Porto Velho.

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