Amizade de Marcos Rocha com Bolsonaro não ajudou em nada o Estado
E Rocha erra ao atrelar seu destino político a um Jair Bolsonaro. Já devia ter construído sua própria identidade como político e mostrado a que veio
O governador Marcos Rocha está vivendo um dilema. Em 2018 alardeou sua proximidade com o Jair Bolsonaro, e isso lhe rendeu a vitória nas eleições. Rocha ficou tão grato, que largou a própria cerimônia de posse pela metade, para acompanhar a do presidente em Brasília.
Passou todo o ano de 2019 falando sobre como sua amizade com o presidente estava ajudando o Estado. Nada aconteceu. Rondônia continua com a mesma infraestrutura. Rocha, em suas postagens no Facebook, mostrou fotos de suas idas a capital federal, imagens abrindo mapas e croquis de projetos, mas tudo ficou por isso mesmo, apenas papel.
Ai o destino lhe pregou uma peça. O coronavírus chegou. Rocha agiu de forma surpreendente, talvez por que ele próprio tenha enfrentado um princípio de pneumonia no início do ano, estabeleceu quarentena e ‘fechou geral’.
Mas seu ‘amigo’ fez o contrário. Tal qual o ‘tiozão do zap’, aquele que fica repetindo teses amalucadas, sem nenhuma comprovação científica (até porque não sabe o que é ciência), Jair Bolsonaro, por birra com Wilson Witzel (RJ) e João Dória (SP), que ele enxerga como adversários em 2022, passou a atacar os governadores que adotaram medidas restritivas.
Alguns integrantes do chamado “setor produtivo” de Rondônia, aproveitaram o embalo e pressionaram Marcos Rocha, “ou ele é Bolsonaro ou é ‘esquerdista'”. Para complicar ainda mais, o próprio Bolsonaro resolveu, por conta, “abrir o Brasil”. Rocha, ainda que timidamente, recuou em seus decretos e decidiu ‘abrir gradualmente’, mesmo indo contra suas crenças.
Mas, felizmente ainda existem juízes responsáveis. Decisões judiciais enquadraram o ainda presidente e Marcos Rocha tem se feito de ‘gato morto’.
Para complicar, se indispôs com 25 governadores ao sumir do debate sobre a carta dos mandatários, que criticaram o comportamento de Jair Bolsonaro frente à crise e, entre outras coisas, pediram que a União suspendesse o pagamento das dívidas dos estados por 12 meses, viabilização emergencial de recursos, aprovação imediata do Regime de Recuperação Fiscal, apoio para adquirir equipamentos e liberação de recursos ligados às perdas da Lei Kandir, que isentou a exportação de alguns produtos da cobrança do ICMS (taxa estadual).
Rocha, assim como o laranjinha Romeu Zema (MG), não quiseram se ‘indispor’ com Bolsonaro. Em Minas, o governador foi duramente criticado pela população e pelo legislativo. Em Rondônia, é como se não tivesse acontecido nada.
Rocha se gabou de ter conseguido a “suspensão do pagamento da dívida do Beron“, uma patacoada criada ainda por Valdir Raupp e FHC no festival de privatizações, que enriqueceu um bando de oportunistas ladrões e deixou uma dívida impagável ao Estado.
Para se ter uma idéia, em 2018 o montante, segundo a União era de 2,53 bilhões, enquanto o Estado alegava ser de 650 milhões. Mas isso é assunto para um segundo momento, voltemos as ‘amizades’.
A suspensão desse pagamento é o mínimo do mínimo que Marcos Rocha poderia ter obtido. Como Rocha é ‘amigo de Bolsonaro’, deveríamos estar tendo prioridade como abertura de linhas de crédito, ampliação da rede pública de saúde, perdão ou redução de dívidas, finalização da transposição dos servidores públicos, até mesmo no reajuste do preço do café o Estado foi prejudicado.
Rondônia é um Estado que faz fronteira com a Bolívia, é a única rota terrestre de acesso ao Acre e é um dos poucos Estados que não está no vermelho.
Mas, não graças aos últimos governadores (Confúcio/Rocha) e sim a equipe do Tribunal de Contas, decisões judiciais que estabeleceram cortes e até o legislativo, que reduziu absurdamente os gastos, que tiveram início ainda na legislatura de Valter Araújo e foi sendo mantido e ampliado até hoje, com Laerte Gomes.
Só a título de comparação, em 2012 o orçamento da Assembleia foi de 178 milhões. Agora em 2020 esse orçamento está em 238 milhões, sendo que 60 milhões foram devolvidos ao Executivo, ou seja, a Assembleia está mantendo os mesmos valores. Os repasses são calculados sobre o percentual da arrecadação.
A amizade Rocha/Bolsonaro só tem rendido dor de cabeça a Rocha. Bolsonaro jogou no colo dos governadores o alto preço dos combustíveis e chegou a propor a redução zero. Rocha se fez de desentendido. Ignorou os protestos populares e não mexeu mais no assunto. Agora veio o coronavírus. E passada essa crise, que deve acontecer até o fim desse ano (projeções mais otimistas) como estará o novo mapa do Brasil? Bolsonaro derrete a cada dia, Marcos Rocha vai sobreviver a isso?
Sem levar em conta que Bolsonaro trata Rocha igual Trump trata Bolsonaro. Faz um afago, um elogio, e não o favorece em nada. É uma espécie de ‘macarrão’ do Bruno. Quando o sapato apertar, a amizade vai acabar.
A percepção de que Bolsonaro está acabado é notada nas principais capitais do país. Redutos bolsonaristas estão cada vez menores. A tentativa de ‘o Brasil não vai parar’ foi um ato para manter o apoio de setores da economia que ainda resistem a enxergar que a crise causada pelo coronavírus mudou o mundo, e vai modificar ainda mais. A normalidade que tínhamos até o mês passado, vai ser totalmente diferente quando esse ápice passar. Viagens, restaurantes, bares, shoppings, todos teremos que nos reinventar em termos de vida social, mas falta a Bolsonaro clareza sobre isso. Não por acaso, levou uma ‘dura’ de seu ministro da saúde neste sábado.
Os movimentos de ‘apoio’ ao capitão se resumem aos grupos mais negacionistas, radicais que vivem em um universo paralelo, que acreditam na boa fé dos norte-americanos e querem a volta do AI-5 e fechamento de Congresso. Em períodos normais esses grupos se sustentam, mas quando enfrentamos uma crise global, que a realidade choca com caminhões de corpos sendo transportados, e anúncios de mortes em todos os cantos do mundo, eles perdem o discurso e a força.
Marcos Rocha e Jair Bolsonaro
A reação atabalhoada de Bolsonaro não encontra eco sequer em seu amigo Marcos Rocha, que vem escapando tal qual um bagre ensaboado, mas a cobrança já está vindo. E Rocha erra ao atrelar seu destino político a um Jair Bolsonaro. Já devia ter construído sua própria identidade como político e mostrado a que veio.
Ele ainda não entendeu que amigos, amigos, política à parte!
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Comentários
Essas é a famosa, noticia de jornalista politiqueiro, faz a noticia tendenciosa, é por isso que o Brasil nunca vai para a frente, é o sujo falando do mal lavado. hipocrisia total, estamos de olho. Cada um tem suas amizades, isso não significa, que teremos tudo porque somos amigos de A, ou B, ou C.
O nosso presidente não tem mais nada de militar há muito, pois se passaram 30 anos recebendo influências nada republicanas e muito menos sobre hierarquia e disciplina. Amizade, lealdade e companheirismo não mais existem no dicionário bolsonarélio. Agora se fosse o Mourão, aí seria outro nível, ops. não fiquem pensando no que eu não escrevi...
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