Anfíbio em perigo crítico de extinção é estudado pela Semma
2ª etapa de levantamento envolveu também estudantes do Ifro de Colorado no projeto “Anfíbios do Sul de Rondônia”
PESQUISADORES revelam avanços nas pesquisas de anfíbios da Sema em parceria com Ifro e UFRJ
A perereca Phyllomedusa camba, de coloração verde vibrante e peculiar por ter “polegares” opositores, está sendo estudada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) devido à sua classificação de perigo crítico de extinção. Parte da segunda etapa da pesquisa que envolve especialistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a iniciativa desta vez foi realizada na semana passada e contou com apoio de estudantes do Ifro (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) de Colorado do Oeste em incursões na mata para encontrar espécies de anfíbios anuros no Cone Sul.
O projeto “Anfíbios do Sul de Rondônia” objetiva catalogar as espécies da região, disseminar a conscientização em prol do Meio Ambiente e também promover descobertas científicas importantes. Espécimes coletados aqui serão analisados no Rio de Janeiro e incluídos em registros nacionais de espécies, muitas encontradas pela primeira vez em Vilhena, no Cone Sul e até em Rondônia.
Thiago Baldine, assessor da Semma, explica que o estudo pode revelar até mesmo novas espécies para a Ciência e ajudará no controle de doenças. “Os anuros comem em média mil insetos por dia. Isso contribui para reduzir a população de insetos transmissores de doenças. Além disso, como eles são muitos sensíveis à mudanças de temperatura, umidade e pluviometria, os anfíbios são bioindicadores da preservação ambiental, ou seja, por meio da presença, ou ausência, desses animais conseguimos medir a degradação, ou não, de um determinado local”, explica Thiago.
RÃ COM “POLEGARES” OPOSITORES - Um dos destaques desta segunda etapa do projeto foi a captura da rã Phyllomedusa camba, considerada criticamente ameaçada de extinção pela IUCN Red List (Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). “Este é um animal exótico, que possui dedos de ‘polegar’ opositores aos outros, o que a permite caminhar, em vez de apenas pular como as demais. Além disso, essa característica favorece a rã agarrar melhor nas folhas e galhos pelas quais se desloca, o que fez ela e outras espécies semelhantes ganharem o nome coloquial de ‘Perereca-macaco’”, explica Marcela Almeida, secretária municipal de Meio Ambiente de Vilhena.
Outro tema investigado pelo grupo é a comparação desses animais de floresta nativa com os que vivem no sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), utilizado por alguns produtores rurais do Cone Sul. Os pesquisadores trabalham com a hipótese de que nesse sistema de cultivo e cria de animais é possível conseguir boa rentabilidade sem agredir as espécies silvestres.
O coordenador de licenciatura em Ciências Biológicas do Ifro de Colorado, Diego Soares Carvalho, ressalta a importância do estudo. “A inserção dos nossos alunos neste projeto contribuiu muito para sua formação e iniciação em pesquisas científicas. Essa parceria entre os três órgãos é fundamental, pois nossa região é carente de iniciativas científicas. Parabenizo a Semma pela iniciativa, nosso Estado só tem a ganhar”, conta.
“Acho muito importante esse projeto, pois traz experiência e nos capacita para atender a demanda do nosso campus”, diz a estudante Letícia Cardoso, participante dos estudos nesta semana.
“É importante pois abre grandes oportunidades para os estudantes de Biologia. Estudar os anfíbios da região é fundamental, pois muitas espécies aqui não são conhecidas ou não foram registradas ainda no Cone Sul. Como vivemos em uma zona ecótona, de transição da Floresta Amazônica e do Cerrado, há a possibilidade de encontrarmos espécies novas que já vão estar em perigo de extinção”, avalia Gabriele Bersch, estudante que acompanhou a expedição.
A pesquisa se estenderá a todas as cidades do Cone Sul, e já foi iniciada em Vilhena e em Colorado. Sem custo para a Prefeitura de Vilhena, a ação foi submetida ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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