Aos 70 anos, servidora luta contra um câncer sem poder se afastar do presídio
Se ela se afastar do trabalho terá uma perda salarial de cerca de 50%, devido a retirada dos benefícios, garantidos por lei, como Adicionais de Isonomia, de Insalubridade, de Risco de Vida e Adicional Noturno
A agente penitenciária da foto é Elma Oliveira, tem 70 anos e trabalha na Casa de Detenção de Vilhena. Há três anos foi diagnosticada com câncer no pulmão direito, e segue conciliando as atividades no presídio com os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Mas ela é um exemplo para os colegas. Não se entrega, e vê a fase difícil como mais um desafio a ser superado na carreira.
Elma ingressou no sistema prisional em 1991, e se diz honrada por ter sido a primeira mulher a assumir a diretoria do presídio de Vilhena. “Na época, a transmissão do cargo foi feita pela Polícia Civil, que assumia a unidade antes de mim. Foi um desafio, e ao mesmo tempo uma honra, pois, até então, o cargo tinha sido ocupado somente por homens”, relatou.
Era apenas o início de uma trajetória marcada por muito trabalho e grandes responsabilidades. Elma também foi diretora do albergue de Vilhena, e revela que já acumulou cargos de direção em dois presídios ao mesmo tempo. “Não sei como consegui dar conta! Mas sempre trabalhei bastante, e me dedico ao máximo que posso a tudo que vem às minhas mãos”, declarou Elma.
A dedicação e esforços resultaram num convite do Judiciário. “Fui trabalhar no Fórum à pedido do juiz corregedor”. Mas, com a inauguração do Centro de Ressocialização Cone Sul, em 2012, ela retornou às atividades carcerárias, trabalhando até 2016 neste presídio novo de Vilhena, quando ficou doente e foi diagnosticada com um tumor maligno no pulmão direito.
Aos 70 anos, Elma também luta pela vida. Até aqui já foram 21 sessões de quimioterapia e 32 de radioterapia. O tratamento, iniciado em Cuiabá-MT, segue sendo realizado em Cacoal. E ela ainda tem que encontrar forças para continuar trabalhando na Casa de Detenção de Vilhena, onde atualmente está lotada.
Com a saúde fragilizada, o Estado a favoreceu com a transferência de local de trabalho, já que o presídio novo está distante a cerca de 10 quilômetros da área urbana de Vilhena, enquanto a Casa de Detenção está localizada no centro da cidade.
A agente ainda conta com a compreensão de colegas. “Não sei o que seria se os diretores do presídio onde trabalho não fossem tão humanos! Isso não quer dizer que passam a mão na minha cabeça. Cumpro as determinações. Mas eles entendem as minhas limitações”, comentou.
Contudo, a maior necessidade de Elma é parar de trabalhar, para descansar mais, e recompor as forças minadas com o tratamento agressivo contra o câncer – esta é uma recomendação médica. Mas, se ela afastar do trabalho terá uma perda salarial de cerca de 50%, devido a retirada dos benefícios, garantidos por lei, como adicionais de Isonomia, de Insalubridade, de Risco de Vida e Adicional Noturno.
O motivo é que os valores relativos à esses benefícios não estão consolidados no salário base dos agentes de Rondônia. Dessa forma, o Estado retém quando esses servidores saem da ativa: quando se aposentam ou quando adoecem e se afastam por licença médica. “Meu salário já vem descontado pelo banco, dos empréstimo que fiz para custear meu tratamento. E com a retirada, vai ficar praticamente nada! Por isso não posso me afastar”, lamentou Elma.
“O Adicional, por ter natureza jurídica de vencimento, deve ser a ele incorporado, com incidência nas demais vantagens, a exemplo do Adicional Noturno, cuja base de cálculo deve incluir também os valores recebidos a título de Adicional de Isonomia”. Esse foi o entendimento do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ/RO), em processo que resultou na incorporação do Adicional de Isonomia ao vencimento do servidor da Polícia Civil. (Processo n. 0007675-74.2013.8.22.0000).
ACORDO
Há um acordo entre o Estado e o Sindicato da categoria (Singeperon), homologado pelo Tribunal de Justiça, para a implantação do realinhamento salarial dos agentes, contemplando a incorporação dos benefícios no salário base. O orçamento, inclusive, foi analisado como viável por técnicos do Estado, após estudos orçamentário e financeiro, e foi aprovado pela Assembleia Legislativa. Falta o governador Marcos Rocha cumprir o acordo judicial.
Pleno do TJRO elege nova cúpula administrativa para o biênio 2020/2021
Na condução das eleições participaram os desembargadores Walter Waltenberg Junior, presidente do Tribunal de Justiça; e regimentalmente, José Jorge Ribeiro da Luz, atual corregedor, e José Antônio Robles
NYT destaca que a Amazônia está nas mãos 'do menor, mais maçante e insignificante dos líderes'
A reportagem assinada pela jornalista Vanessa Barbara leva o título de "A devastação da Amazônia atravessa o Brasil"
Amazônia em chamas e os impasses da destruição
Nesse fenômeno das queimadas, ficou evidenciado, mais uma das suas facetas, a irresponsabilidade no trato com um fenômeno tão desafiador, para uma das regiões mais estratégicas do planeta, e a leviandade, com que conduz e trata essa questão
Comentários
Muito Desumano! Nenhum político pode ajudar não?
lamentável isso...
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook