Aproxima-se a hora da faxina

Alguém já disse que o poder, além de fascinante, corrompe.

Valdemir Caldas
Publicada em 14 de julho de 2017 às 10:22

Alguém já disse que o poder, além de fascinante, corrompe. Quando é absoluto, corrompe absolutamente. Mas há quem discorde da assertiva, dizendo que o poder não corrompe o homem. Pelo contrário, é o homem que corrompe o poder. Verdade ou não, fato é que o presidente Michel Temer fez de tudo para escorraçar do poder sua companheira de chapa, a petista Dilma Rousseff.

Agora, recorre aos mesmos expedientes condenáveis do passado para manter-se no cargo, distribuindo sinecuras e liberando emendas parlamentares. E o pior é que ainda tem gente que acha isso a coisa mais natural do mundo. Aqui mesmo entre nós houve quem subisse a tribuna do parlamento para comemorar a liberação de recursos para Porto Velho, indiferente aos danos que essa atitude irresponsável possa causar à economia do país.

A população clama nas ruas pela saída de um presidente que recebeu na residência oficial um empresário notoriamente envolvido até a medula em atos de corrupção, além de manter estreita ligação com figuras que não passariam incólumes em frente a uma delegacia de polícia, como Renan Calheiro, Romero Jucá, Moreira Franco e Eliseu Padilha.

Com uma rejeição popular batendo na casa dos 80%, Temer procura se agarrar ao poder com unhas e dentes, barganhando o apoio de políticos profissionais, que precisam do mandato para escapar da justiça, que trocam de partidos como quem troca de camisa e que, enfim, desmoralizam qualquer instituição que se aproxima.

Um misto de revolta e desesperança se apossou da população brasileira. Os preços dos alimentos estão nas alturas. Cresce o número de desempregados. A inflação ameaça os salários. Assistimos ao espetáculo triste da degradação moral. E aqueles que deveriam colocar a máquina do Estado para operar em proveito da população, pois são seus representantes eleitos, preferem passar a mão na cabeça de colegas, acusados de corrupção. Muitos parecem que criaram raízes em Brasília, pois há vários anos estão no poder e nada construíram de concreto, exceto para si e seus apaniguados.

É hora de afiar o bisturi para sarjar o cancro purulento que infecta a vida nacional. Que o processo de higienização começa pelo quintal da nossa própria casa. E não me venha com essa conversa mole de falta de opção. Opção há. Infelizmente, o que falta a maioria da população é vergonha na cara. Vem eleição, vai eleição, e insistimos em levar os homens errados aos lugares certos, enquanto os cidadãos certos ficam nos lugares errados.

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