Aquele-Senador-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado
O escriba agora responde a uma ação de indenização por danos morais porque resolveu, em pleno século XXI, numa democracia vigente, onde exsurge-se franca, exaltada – e pelo visto mentirosa – liberdade de imprensa, contar à sociedade que um político denunciou outro.
Porto Velho, RO – Embora não seja exatamente fã dos escritos publicados pela autora britânica J. K. Rowling – admito que pelo menos Tom Marvolo Riddle, o temido Lord Voldemort, fora significativo o suficiente para me causar calafrios enquanto criança.
Relembro que até determinado título das aventuras protagonizadas pelo bruxo bonzinho ((bléh!)) Harry Potter o vilão-mor da trama era nominado exclusivamente de duas formas:Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado ou Você-Sabe-Quem.
Fosse Harry Potter jornalista e Voldemort senador da República, também dono de um império empresarial, o primeiro teria evitado inúmeros processos se o nome de batismo de seu arquirrival jamais viesse à tona.
Duvida? Então vamos ao “causo”...
Em algum lugar do Brasil, dia desses, um profissional de imprensa da Amazônia teve problemas com a assessoria jurídica de um parlamentar denunciado escancaradamente por outro congressista oriundo da mesmíssima região, ora veja!
Tal coleguinha do moço de brio chamuscado fez questão de espalhar por aí em discurso público – alardeando feito louco – que o tal político, na condição de empresário, teria dado uma “sonegadinha” nuns impostos aí, só na moral: nada inédito em solo colonizado por Cabral...
Aí o sabido repórter, então, surpreendeu deixando todo mundo boquiaberto ao fazer aquilo que ninguém jamais esperaria de uma pessoa ligada à mídia: teve o disparate, a indecência, o desrespeito e a ousadia de reportar o fato. Após a exposição, as beatas da cidade até saíram das ruas e aquartelaram-se às paróquias tamanha indecência.
Resumo da manchete: “Fulano diz que Beltrano é sonegador de impostos”.
Pasmem, era só isso mesmo. Nada mais.
Sobreveio a retaliação.
O escriba agora responde a uma ação de indenização por danos morais porque resolveu, em pleno século XXI, numa democracia vigente, onde exsurge-se franca, exaltada – e pelo visto mentirosa – liberdade de imprensa, contar à sociedade que um político denunciou outro.
Cometeu pecado imperdoável o ingênuo editor, pobre e reles mortal, ao acreditar que a informação é livre e as pessoas também. Deveria, considerando o poderio financeiro e econômico do ofendidíssimo ardiloso, mencioná-lo, como o farei a partir de agora, da seguinte maneira: Aquele-Senador-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado!
Tentando encontrar um meio de encerrar este artigo só consigo sentir que existe outro paralelo entre o Voldemort de Rolling e Você-Sabe-Quem-Tupiniquim, mas fugiu-me à memória...
Calma aí... Está vindo...
Ah, lembrei.
Ih... Realmente não sei se seria uma boa revelar que ambos são ofidioglotas; um de Sonserina, o outro só sonso mesmo. Graças a Deus – e sorte do meu bolso – você já é velho demais pra saber do que estou falando e entender as comparações; ainda que entenda, lembre-se, é tudo sobre o Aquele-Senador-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado!
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