Assassino de eletricista da Energisa se apresenta à polícia, conta sua ‘estória’, mas não havia mandado de prisão contra ele
O advogado confirmou que o assassino foi liberado pela polícia "porque o delegado verificou que há veracidade" nas afirmações de Evandilson e que "não haveria razão para ele ficar preso".
Gerson Francisco Nunes (Vítima)
Porto Velho, Rondônia - Continuava em liberdade até a manhã deste sábado Evandilson Veloso de Oliveira, o assassino confesso do eletricista Gerson Francisco Nunes, de 46 anos, da Rondonorte, empresa terceirizada que presta serviço à distribuidora de energia elétrica Energisa.
Gerson foi morto na manhã de sexta-feira (31) em frente a uma residência na rua Eurico Caruso, no bairro Aponiã, em Porto velho, quando fazia uma religação de energia.
A polícia confirmou que o assassino se apresentou e contou que estaria sendo extorquido pelo eletricista a serviço da Energisa.
A ‘estória” de Evandilson, contada aos policiais, é que teria sido multado em R$ 10 mil pela Energisa e, a partir daí, teria começado a suposta extorsão por parte do eletricista.
Mais cedo, a polícia informou que o matador, que se apresentou como comerciante, dono de padaria, havia sido preso. Porém, a assessoria da própria polícia retificou a informação e disse que não havia mandado de prisão expedido contra ele.
Gerson Francisco, de 46 anos, estava trabalhando, supostamente fazendo a religação de energia numa residência, quando o assassino chegou num Fiat Strada branco, o agrediu a coronhadas e depois disparou quatro tiros contra o trabalhador que estava no chão. O criminoso, localizado escondido numa casa do bairro Mariana, zona leste de Porto Velho, disse que se desfez da arma, jogando-a no rio Madeira.
Imagens de câmeras de segurança instaladas no local mostram o assassino deixando tranquilamente a cena do crime.
Policiais informaram que Evandilson já teria passagem pela polícia sob a acusação de homicídio cometido em 2012. Atualmente pagava o resto da pena em liberdade
VERSÃO DO ADVOGADO DO ASSASSINO
Já preparando a defesa do cliente, o advogado do assassino deu uma entrevista a um site de notícias da capital contando a versão que pretende sustentar na justiça. Ele disse que o criminoso afirmou, em depoimento à polícia, que há mais de sete meses era extorquido por eletricistas a serviço da Energisa. Neste período, teria pago R$ 20 mil em propina aos funcionários. Outros comerciantes também teriam sido vítimas de extorsão.
Segundo o advogado, quando o cliente se recusou a continuar pagando propina para não ser prejudicado, os eletricistas teriam passado a persegui-lo, inclusive retirando o relógio medidor de consumo de energia. "Ele já não dormia mais", disse o advogado, acrescentando que os funcionários da Energisa chegavam a ir até o comércio trajando "roupas civis", ou seja, sem o fardamento de trabalho.
Ainda de acordo com a versão do advogado, o crime não teria sido premeditado e o encontro entre assassino e vítima teria ocorrido ao acaso. "Ele estava procurando um novo ponto para mudar de comércio quando encontrou a equipe", disse.
O advogado definiu o cliente como uma pessoa "desesperada, que não sabia mais o que fazer", e que, "por uma grande coincidência", buscava um novo ponto para se estabelecer quando encontrou a vítima na manhã do crime.
O advogado também confirmou que o assassino foi liberado pela polícia "porque o delegado verificou que há veracidade" nas afirmações de Evandilson e que "não haveria razão para ele ficar preso".
SEPULTAMENTO
O corpo do trabalhador assassinado por Evandilson foi sepultado na manhã deste sábado. A vítima deixa esposa e duas filhas.
A Energisa divulgou a seguinte nota:
"A Energisa está profundamente consternada e indignada com o assassinato do colaborador da terceirizada Rondonorte Gerson Francisco Nunes.
Aos 46 anos, pai de dois filhos, Gerson era um dos mais de 2 mil trabalhadores próprios e terceirizados que todos os dias saem às ruas, enfrentando condições muitas vezes adversas, como nas chuvas e nas secas, para garantir que o rondoniense tenha garantido o acesso à energia. Ele foi morto violentamente no momento em que realizava sua rotina diária de serviços no bairro Aponiã, em Porto Velho.
Desde sua fundação, há 115 anos, a Energisa tem na ética e respeito à vida humana seus mais importantes valores. Da mesma forma, a empresa não abre mão da segurança de seus 16 mil colaboradores e dos mais de 20 milhões de clientes.
Para a empresa, nada justifica a absurda barbaridade e crueldade praticada contra a vida deste colaborador. A Energisa mantém-se em contato com a Rondonorte para prestar total apoio e solidariedade à família neste momento"
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