Até quando cortarão nossas asas?

Não temos mais sequer a alternativa de companhias regionais nos interligando a Manaus, como nos tempos da Taba e da Rico

Fonte: David Pinto Castiel - Publicada em 25 de março de 2024 às 17:18

Até quando cortarão nossas asas?

Rondônia é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado na região Norte e tem como limites os estados de Mato Grosso a leste, Amazonas ao norte, Acre a oeste e, a oeste e sul, o Estado Plurinacional da Bolívia. O Estado de Rondônia possui 52 municípios e ocupa uma área de 237.590,547 km², território equivalente ao da Romênia; e quase cinco vezes maior que a Croácia.

Sua capital e município mais populoso é Porto Velho, com aproximadamente 460.000 habitantes e mais de 1.500.000 habitantes em todo o estado. Mas para que servem esses números? Se, por um lado, nos permitem exaltar a grandeza de nosso torrão, por outro lado nos aumentam a indignação ao constatarmos que nós, rondonienses, estamos literalmente “ilhados” e absolutamente excluídos da malha aérea necessária a atender nossa população.

Latam, Azul e Gol são hoje as companhias aéreas que operam voos diários, com partidas e chegadas no aeroporto internacional Jorge Teixeira de Oliveira. E são as únicas. Não temos mais sequer a alternativa de companhias regionais nos interligando a Manaus, como nos tempos da Taba e da Rico. E há um verdadeiro escárnio com a população rondoniense que, se necessitar de um voo (ida e volta) entre Porto Velho e a cidade de Manaus (distante aproximadamente 900km), terá que desembolsar em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00.

Sem dúvida, está aí o exemplo maior desse descaso das companhias aéreas vivenciado hoje pelos rondonienses: é uma verdadeira aventura adquirir um voo de Porto Velho a Manaus. Das três companhias aéreas acima citadas, ao que sugerem as pesquisas e em consultas aos respectivos sites, apenas a Latam atualmente opera voos “regulares” partindo de Porto Velho a Manaus.

Mas preste-se bastante atenção: o voo de Porto Velho a Manaus e vice-versa, embora em uma distância de aproximadamente 900 km, não é direto; e tem duração de 10 horas, pois faz escala na capital federal ou em São Paulo!

Sim, isso mesmo: o voo de Porto Velho a Manaus, operado pela Latam vai direto a Brasília (2h50min de duração), chegando às 05h25min, faz uma escala de quatro horas na capital federal e sai às 09h35min, chegando enfim a Manaus às 11h35min, com duração total de 10 horas! E com o incômodo de começar o dia se adequando por quatro horas aos nada anatômicos bancos do aeroporto de Brasília, onde o passageiro em trânsito, mesmo em conexão de longa e média permanência, não recebe da companhia aérea qualquer tratamento diferenciado. Ainda mais grave, quando pensamos nas pessoas portadoras de necessidades especiais, idosos, gestantes, lactantes e pessoas com crianças de colo.

É nítida e flagrante a falha na prestação do serviço das companhias aéreas que precariamente operam em Porto Velho causando danos aos passageiros rondonienses, inexistindo qualquer razoabilidade na desculpa esfarrapada de que a redução dos voos ocorre por conta do alto índice de judicialização, uma verdadeira punição aos consumidores de Rondônia que estão sendo punidos e até cerceados de acesso à Justiça nas hipóteses de terem seus direitos violados.

O que se estranha é a ausência de uma tomada de posição firme da bancada federal rondoniense e, também, das forças políticas estadual e municipais quanto a esse caótico cenário. Os que deveriam nos representar se limitam a fazer postagens de matérias nas mídias com menção a reuniões infrutíferas e fotos com autoridades na capital federal. No mais, apenas o silêncio. Mas um silêncio que se faz eloquente a quem conhece como se escolhem parlamentares e governantes neste país.

David Pinto Castiel, rondoniense, é advogado.

Até quando cortarão nossas asas?

Não temos mais sequer a alternativa de companhias regionais nos interligando a Manaus, como nos tempos da Taba e da Rico

David Pinto Castiel
Publicada em 25 de março de 2024 às 17:18
Até quando cortarão nossas asas?

Rondônia é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado na região Norte e tem como limites os estados de Mato Grosso a leste, Amazonas ao norte, Acre a oeste e, a oeste e sul, o Estado Plurinacional da Bolívia. O Estado de Rondônia possui 52 municípios e ocupa uma área de 237.590,547 km², território equivalente ao da Romênia; e quase cinco vezes maior que a Croácia.

Sua capital e município mais populoso é Porto Velho, com aproximadamente 460.000 habitantes e mais de 1.500.000 habitantes em todo o estado. Mas para que servem esses números? Se, por um lado, nos permitem exaltar a grandeza de nosso torrão, por outro lado nos aumentam a indignação ao constatarmos que nós, rondonienses, estamos literalmente “ilhados” e absolutamente excluídos da malha aérea necessária a atender nossa população.

Latam, Azul e Gol são hoje as companhias aéreas que operam voos diários, com partidas e chegadas no aeroporto internacional Jorge Teixeira de Oliveira. E são as únicas. Não temos mais sequer a alternativa de companhias regionais nos interligando a Manaus, como nos tempos da Taba e da Rico. E há um verdadeiro escárnio com a população rondoniense que, se necessitar de um voo (ida e volta) entre Porto Velho e a cidade de Manaus (distante aproximadamente 900km), terá que desembolsar em torno de R$ 3.500,00 a R$ 4.000,00.

Sem dúvida, está aí o exemplo maior desse descaso das companhias aéreas vivenciado hoje pelos rondonienses: é uma verdadeira aventura adquirir um voo de Porto Velho a Manaus. Das três companhias aéreas acima citadas, ao que sugerem as pesquisas e em consultas aos respectivos sites, apenas a Latam atualmente opera voos “regulares” partindo de Porto Velho a Manaus.

Mas preste-se bastante atenção: o voo de Porto Velho a Manaus e vice-versa, embora em uma distância de aproximadamente 900 km, não é direto; e tem duração de 10 horas, pois faz escala na capital federal ou em São Paulo!

Sim, isso mesmo: o voo de Porto Velho a Manaus, operado pela Latam vai direto a Brasília (2h50min de duração), chegando às 05h25min, faz uma escala de quatro horas na capital federal e sai às 09h35min, chegando enfim a Manaus às 11h35min, com duração total de 10 horas! E com o incômodo de começar o dia se adequando por quatro horas aos nada anatômicos bancos do aeroporto de Brasília, onde o passageiro em trânsito, mesmo em conexão de longa e média permanência, não recebe da companhia aérea qualquer tratamento diferenciado. Ainda mais grave, quando pensamos nas pessoas portadoras de necessidades especiais, idosos, gestantes, lactantes e pessoas com crianças de colo.

É nítida e flagrante a falha na prestação do serviço das companhias aéreas que precariamente operam em Porto Velho causando danos aos passageiros rondonienses, inexistindo qualquer razoabilidade na desculpa esfarrapada de que a redução dos voos ocorre por conta do alto índice de judicialização, uma verdadeira punição aos consumidores de Rondônia que estão sendo punidos e até cerceados de acesso à Justiça nas hipóteses de terem seus direitos violados.

O que se estranha é a ausência de uma tomada de posição firme da bancada federal rondoniense e, também, das forças políticas estadual e municipais quanto a esse caótico cenário. Os que deveriam nos representar se limitam a fazer postagens de matérias nas mídias com menção a reuniões infrutíferas e fotos com autoridades na capital federal. No mais, apenas o silêncio. Mas um silêncio que se faz eloquente a quem conhece como se escolhem parlamentares e governantes neste país.

David Pinto Castiel, rondoniense, é advogado.

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