Até quando vamos viver sob a suspeita de que as urnas eletrônicas não são totalmente seguras?

Até quando vamos conviver com essa situação e não vamos buscar alternativas que não deixem qualquer dúvida, sobre a lisura das nossas eleições que, afinal, são a essência da verdadeira democracia?

Sérgio Pires
Publicada em 22 de novembro de 2020 às 10:12
Até quando vamos viver sob a suspeita de que as urnas eletrônicas não são totalmente seguras?

Há mais de duas décadas, exatamente há 24 anos, na eleição de 1996, o Brasil usou pela primeira vez, a urna eletrônica nas suas eleições. Desde lá o sistema está sob suspeita, eventualmente mais, outras vezes menos, mas jamais houve consenso em função da utilização do sistema, ao menos sem que haja também o voto impresso, para comprovar, posteriormente, que não possa ter havido qualquer irregularidade. É verdade também e deve se afirmar isso com a mesma intensidade em que se fala de problemas e suspeitas, que até hoje não houve uma só prova concreta, de que alguma eleição possa ter sido fraudada. O assunto deu um salto como tema de debate nacional, quando o presidente Jair Bolsonaro, ainda candidato, exigia também o voto impresso, colocando sob suspeita a questão das eletrônicas. Milhares de seguidores seus, até hoje, alegam que ele ganhou a eleição no primeiro turno, mas o resultado das urnas levou a disputa para um segundo.  Além de comentários furiosos, Fake News e opiniões apaixonadas, nenhuma prova concreta foi trazida a público, que pudesse atestar qualquer uma das afirmações, sejam de Bolsonaro, sejam de seus seguidores. Agora, na eleição do último dia 15, começou tudo de novo. Uma falha num supercomputador, que atrasou todo o resultado do país, colocou a estrutura eleitoral, novamente, sob olhares atravessados. Em várias cidades brasileiras – incluindo Porto Velho – candidatos vociferam contra o resultado, alegando que tiveram muito mais votos do que os anunciados. Por aqui, o caso mais notório é o da atual vereadora Ada Boabaid, que não se reelegeu e chegou a organizar um protesto em frente ao TRE, exigindo a recontagem dos votos. Nada disso aconteceria, em qualquer parte do Brasil, caso houvesse o bom senso de, ao lado do voto eletrônico, tivéssemos também a comprovação impressa.

Desde 2014, os riscos de falhas das urnas eletrônicas são de conhecimento do grande público. O professor de computação da Unicamp e especialista no assunto, Diego Aranha, afirmou numa longa entrevista ao programa The  Noite, de Danio Gentili, que a urna e violável, até com alguma facilidade. Fez uma analogia assustadora. Disse que a chave geral que protege o sistema é de tal forma facilmente localizada, “como aquela que a gente deixa embaixo do tapete, na porta de casa”! Nunca foi levado a sério, assim como vários outros especialistas que juram que é moleza não só fraudar eleições, como descobrir quem votou, que horas, onde e em quem. Até hoje, contudo, nada disso foi comprovado e nenhum caso chegou ao público. A verdade é que no próximo domingo teremos eleições novamente, o segundo turno nas maiores cidades do país. E mais uma vez, muitos resultados serão colocados sob suspeita. Até quando vamos conviver com essa situação e não vamos buscar alternativas que não deixem qualquer dúvida, sobre a lisura das nossas eleições que, afinal, são a essência da verdadeira democracia?

RETA FINAL DO SEGUNDO TURNO: UM DEBATE QUENTE NA SICTV

Foi um bom debate, cheio de momentos quentes. Não há como não considerar que o prefeito Hildon Chaves se saiu um pouco melhor do que Cristiane Lopes no debate deste sábado à noite, promovido pela SICTV, entre os dois finalistas na corrida pela Prefeitura de Porto Velho. Não que Cristiane tenha ido mal. Não foi. Dentro das suas possibilidades, da sua ainda menor experiência nas lidas da política pesada; da sua ainda falta daquela astúcia que, lamentavelmente, é importante para quem escolhe esse caminho, ela teve uma boa performance. Sua assessoria também atuou corretamente. Mas, é claro, com mais experiência, vindo de uma atuação profissional como promotor público e depois de quatro anos comandando a Prefeitura, Hildon Chaves tem mais experiência. Mais corrida. Mais jogo de cintura. Mais astúcia. Não foi uma vitória arrasadora, mas ficou claro, nas quase duas horas do debate, que o atual Prefeito estava mais seguro e Cristiane um pouco menos. Tudo compreensível. Hildon esteve bem no debate, mas ainda não ganhou a eleição. Não se pode subestimar a força jovem de Cristiane e a forma convicta com que defende suas ideias. A eleição é no domingo que vem. Ou seja, tem uma semana de campanha pela frente!

IBOPE DÁ 16 PONTOS DE VANTAGEM DE HILDON SOBRE CRISTIANE

A noite de sábado, aliás, trouxe outra boa notícia para Hildon e seus apoiadores. Pesquisa do Ibope, divulgada no início da noite, apontou que é grande a diferença do atual Prefeito sobre a vereadora, que disputa com ele a cadeira de alcaide. Segundo os números do instituto que acertou em cheio no primeiro turno (isso não quer dizer que acertará no segundo!), Hildon Chaves tem 49 por cento das intenções de voto, contra 33 por cento de Cristiane. Há 12 por cento que não responderam e a margem de erro é de 4 por cento, para cima ou para baixo. A pesquisa foi realizada entre a sexta e o sábado. Obviamente que pesquisa não é resultado de eleição e, ainda, teremos uma semana pela frente. Qualquer erro, qualquer deslize, qualquer desvio, de um lado ou de outro, pode representar vitória ou derrota, num segundo turno que tende a ser bastante disputado, mesmo com a diferença até aqui a favor do atual Prefeito. Enfim, Cristiane, que foi bem, no geral, no debate do sábado, ainda pode recuperar os pontos perdidos, embora a campanha de Hildon esteja, ao menos até agora, com resultados positivos.

 ERA SÓ MALDADE! BOLSONARO CONFIRMOU MARCELE

Maldade não faltou! O que se ouvia nos bastidores era uma sucessão de fofocas e Fake News, com muita gente jurando por todos os santos que o presidente Jair Bolsonaro iria ignorar as regras do jogo e nomear outro reitor para a Unir, que não Marcele Nogueira Pereira, a escolhida por ampla maioria entre os corpos discente e docente. Decisão oficializada nesta semana calou a boca das eternas Matildes, que adoram criar factoides e tragédias, quando elas, na realidade, nunca acontecem. Ato publicado no Diário Oficial confirma a nomeação, para tristeza dessas línguas de trapo e para a alegria do mundo acadêmico, que cerca nossa Unir. Marcele assume com muitas responsabilidades e compromissos. Terá, ainda, que dar duro, para superar o bom trabalho que o agora seu antecessor, o professor Ari Ott, realizou à frente da Unir, durante seu mandato. Que a nova reitora tenha todo o sucesso!

RONDÔNIA PERDE UM DOS SEUS IMPORTANTES JORNALISTAS

Gessi Taborda não era um homem de muitos amigos. Sua personalidade forte, seu jeito de não contar até dez antes de dar sua opinião, geralmente na frente de quem criticava, seu texto extremamente bem escrito, mas ácido; suas opiniões duríssimas, durante os longos anos em que atuou no rádio, depois na mídia impressa e por fim, na eletrônica, o colocaram entre aqueles profissionais que não se poderia chamar de “simpáticos”! Mas era, sim, respeitado! Temido, muitas vezes. Nunca deixou de dizer e escrever o que pensava, tanto para construir quando para destruir, seja lá o que fosse. Ler seus textos, levava o leitor a um tempo em que saber escrever era vital para se ser jornalista. Aos 69 anos, acometido por uma forma agressiva de diabetes, Taborda não sobreviveu ao coronavírus. Faleceu no final de semana. Leva consigo uma parte muito importante da História do Jornalismo. O Blog registra seus pêsames a todos os familiares, amigos, leitores e fãs do jornalista falecido. E, claro, lamenta sua morte!

OLIVAR AGORA NAS TERRAS DE MINAS

 Quem não lembra dele, nessas terras de Rondon? Júlio Olivar é mineiro da pequena cidade de Poço Fundo, sul do Estado. Viveu, contudo, durante muitos anos em Rondônia. Foi radialista, jornalista e ingressou ainda muito jovem nas lides da política, que se entranhou no seu sangue. Concorreu a vários cargos, incluindo a participação como vice, na chapa liderada por Fatima Cleide, em 2006, na disputa pela sucessão de Ivo Cassol. No governo de Confúcio Moura, chegou a ser secretário de Educação e de Turismo. Foi um nome importante na administração de Confúcio e um dos seus mais próximos assessores. Depois de uma fracassada tentativa de ser deputado em Rondônia, Olivar voltou à sua cidade natal, de onde vivera afastado longo tempo. Lá, disputou a Prefeitura pelo Patriotas. Mesmo chegado há pouco de volta ao seu chão, Olivar foi derrotado por apenas 750 votos, por um candidato do PT, Rosiel, um nome tradicional da política da cidade. Ainda vamos ouvir falar muito de Júlio Olivar, agora em terras mineiras!

PÚBLICO PODE OPINAR SOBRE FUTURO PRONTO SOCORRO

No meio da pandemia, surge uma notícia importante para a área da saúde pública de Rondônia: a que se relaciona com a construção do novo Hospital de Pronto Socorro de Porto Velho, o Heuro. Numa entrevista coletiva, com a participação do secretário Fernando Máximo e convidados, o governador Marcos Rocha apresentou o projeto final do novo hospital, que ele sonha em entregar antes do fim deste atual mandato, ou seja, em cerca de dois anos. A sociedade rondoniense pode participar e opinar, incluindo ou modificando partes do projeto, nos próximos 15 dias. O site da Supel estará a disposição do público. A partir daí, com o projeto definido, começa a fase de licitação da obra e do seu início. O hospital está projetado inicialmente para 399 leitos e 50 leitos de UTI. A obra está orçada em aproximadamente 200 milhões de reais. Recursos já foram liberados pelo Tribunal de Contas do Estado (50 milhões) e Assembleia Legislativa (em torno de 10 milhões). O secretário Fernando Máximo se disse otimista com a construção do novo hospital e destacou as consultas públicas já feitas até agora como extremamente positivas.

O VÍRUS VOLTOU COM FORÇA: 16 MORTES EM UMA SEMANA

Depois de alguns dias de menos mortes e menos gente infectada pelo coranavírus, a doença voltou com força para Rondônia. Para se ter ideia, entre o domingo passado, dia 15, dia da eleição, até a noite de sábado, um total de 16  mortes e, também assustador, um total de 2.133 novos casos da doença foram registrados. O pior de todos os dias foi a terça-feira, dia 17, quando se registraram cinco mortes. Em termos de casos em apenas 24 horas, a situação mais preocupante ficou com o número da quarta-feira, dia 18, com novos 367 casos. Uma nova onda da doença está chegando e não se tem mais dúvida disso. Já chegamos, até o final do sábado, a um total de 1.516 mortes, desde que a primeira foi registrada, há apenas sete meses atrás. Nas últimas semanas, a Covid 19 voltou com força, atingindo praticamente todas as regiões de Rondônia, mas, principalmente em Porto Velho, onde há um claro relaxamento nos cuidados que se deve ter em relação à doença. Continuamos correndo riscos, vendo nossos entes queridos ficando doentes e morrendo. Depende muito de cada um de nós, reduzirmos esses números assustadores e acabarmos com o risco de lotação dos nossos hospitais e UTIs. 

A BRUTALIDADE TOMA CONTA DO NOSSO BRASIL

A violência toma conta do Brasil. É um homem que vai ao mercado e é brutalmente espancado, até a morte, causando uma comoção nacional. É o grupo armado que reconhece um policial e o fuzila no meio da rua. É o motorista, que, por uma leve batida no seu carro, desce armado e atirando. É o neto, vagabundo e drogado, agredindo a pobre vovó, como se ela fosse um animal. Nada disso se inventou. Todas essas cenas foram mostradas em vídeos, feitos por pessoas comuns ou câmeras de segurança, mas que chegaram aos noticiários das TVs e sites durante os últimos dias. As pessoas estão se brutalizando, enquanto políticos aproveitam as tragédias para fazer discursos, principalmente tentando dividir a sociedade brasileira, colocando pitadas de racismo (que existe sim, não é uma invenção, como quis deixar transparecer o vice-presidente General Mourão!), onde ele não existe e tentando criminalizar a polícia, ao invés de fazer isso com os bandidos. Toda essa inversão de valores e essa guerra ideológica está transformando nosso país para muito pior. Em breve, não poderemos mais sair às ruas, sem risco de não voltarmos.

PERGUNTINHA

Você já definiu em quem vai votar no segundo turno da eleição de Porto Velho, depois do debate da SICTV deste sábado ou ainda vai esperar a campanha na próxima semana para tomar sua decisão final?

Comentários

  • 1
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    Chico Bento 24/11/2020

    Dúvidas, sempre existirão. Há acéfalos que duvidam da existência do COVID, imaginem de fraude eleitoral.

  • 2
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    Marcelo 23/11/2020

    Eu não acredito no Estado. Este jamais terá por prioridade esta a serviço do cidadão! Temos um Órgão Estatal organizando e ao mesmo tempo fiscalizando seu próprio trabalho, chega ser irônico! Não tenho provas, porém, quando desconfio, as Urnas não são auditáveis. Penso eu que o segredo em quem eu votei seja onde o pior ocorre. Isto nunca foi Democracia! Já vi dezenas de profissionais, engenheiros da computação afirmarem que este sistema é falho, fraco, mas a democracia (TSE) nunca disponibilizou o sistema para um pequeno teste para ver a confiabilidade. No Brasil as Instituições ainda estão acima do POVO, lamentável!

  • 3
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    joao carlos 23/11/2020

    Eu acreditaria na integridade da urna eletrônica se ela permitisse a impressão do meu voto ali, naquele exato momento. Ai sim, cada um de nós eleitores poderia conferir se o voto digitado foi efetivamente contabilizado. Agora, quando o STF bate o martelo dizendo que isso é inaceitável, aí eu deixo de acreditar totalmente na fidelidade da urna.

  • 4
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    Carlson Lima 22/11/2020

    Jornalista partidário, somente isso.

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