Audiência na CRA aponta impacto da inovação tecnológica no aumento da renda no campo
A audiência foi aberta pelo presidente da CRA, senador Ivo Cassol (PP-RO), que garantiu aos presentes a derrubada do veto presidencial que anulou o perdão de multas e encargos sobre dívidas dos produtores no âmbito do Funrural.
Para que o campo continue com recordes seguidos de safras e produção é preciso incentivar a inovação tecnológica na agropecuária e, ao mesmo tempo, priorizar a sustentabilidade ambiental sem que se deixe de lado a qualidade da produção e a renda dos produtores. Essa foi uma das avaliações apresentadas nesta sexta-feira (9) na audiência pública interativa promovida pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) na Expodireto Cotrijal 2018 na cidade de Não-Me-Toque, no estado do Rio Grande do Sul.
A audiência foi aberta pelo presidente da CRA, senador Ivo Cassol (PP-RO), que garantiu aos presentes a derrubada do veto presidencial que anulou o perdão de multas e encargos sobre dívidas dos produtores no âmbito do Funrural.
Mas logo Cassol passou a presidência da reunião para a senadora Ana Amélia (PP-RS). Ela ressaltou a importância de debater os impactos da inovação tecnológica e da pesquisa em ciência e tecnologia no campo, principalmente quanto à sustentabilidade ambiental, segurança de renda dos produtores, sanidade das safras e ganhos para a economia nacional. Este foi o primeiro seminário do ciclo de palestras e debates sobre esses temas que a CRA vai desenvolver durante 2018.
Ana Amélia elogiou também a importância e tradição da Expodireto Cotrijal, considerada uma das maiores feiras de agronegócio do mundo com foco em tecnologia e negócios. Ela disse que mais de 70 países estão representados no evento.
Meio ambiente
O secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, disse que a pesquisa e a inovação estão proporcionando produções no campo cada vez mais com menos impactos no meio ambiente. Entretanto, afirmou que novas tecnologias estrangeiras, mais baratas e menos nocivas ambientalmente, demoram muito para serem liberadas para uso no Brasil.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, lembrou que o pequeno produtor e o agricultor familiar também usam tecnologia e também querem aumentar suas produtividades. E essa tecnologia está presente nas sementes, nos defensivos, nas máquinas agrícolas e outros. Mas ele ponderou que apenas a tecnologia não é suficiente para aumentar a renda do produtor, sendo necessário também diminuição da carga tributária do setor.
— A carga tributária tem que ser revista em toda a cadeia de produção, principalmente óleo diesel e energia elétrica — disse o presidente da Fetag gaúcha.
Inovação
Já o presidente da Expodireto Cotrijal 2018, Nei César Mânica, informou que a feira prioriza a inovação tecnológica e é uma grande oportunidade para bons negócios. Registrou que Não-Me-Toque é a capital nacional da agricultura e que o futuro do Brasil é “alimentar o mundo todo”.
Por sua vez, o chefe da Embrapa Trigo, Osvaldo Vasconcellos Vieira, informou que a Embrapa trabalha em todo o país com pesquisa e inovação em praticamente todas as áreas, como trigo, soja, leite e arroz. Ele disse que o estado de Rondônia se transformou nos últimos anos em um dos maiores produtores de leite do país devido em grande parte ao trabalho da Embrapa.
Afirmou também que a Embrapa está trabalhando para aumentar a produção também no inverno, para dar mais segurança econômica aos produtores, principalmente dos pequenos.
Agrotóxicos
A importância dos chamados defensivos agrícolas para a sustentabilidade econômica do campo foi defendida pelo consultor da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Roberto Sant’Anna Júnior. Ele disse que, graças em boa medida aos defensivos, o aumento da produtividade agrícola é muito mais acentuado que o crescimento da área plantada no país.
Os agrotóxicos, fungicidas ou herbicidas são desenvolvidos atualmente para serem o menos nocivos para humanos e meio ambiente, disse o consultor. Ele criticou a demora na liberação no Brasil de novos produtos desenvolvidos em outros países, processo que pode durar anos.
Investimentos
Em seguida, o vice-reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luciano Schuch, defendeu mais investimentos em ciência e tecnologia por parte do governo. Ele criticou a insegurança jurídica no setor de pesquisa do país, que dificulta parcerias de universidade públicas com a iniciativa privada.
— É imprescindível investimento público em pesquisa, ciência, tecnologia e inovação. Precisamos de um apoio maior. O retorno é garantido — disse o vice-reitor.
Também participaram dos debates o prefeito de Não-Me-Toque, Armando Carlos Roos, o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Edison Nunes, e o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Elmar Konrad.
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