Aumento da intolerância política no Brasil preocupa senadores, que solicitam sessão temática
Cristovam defendeu que esta sessão seja realizada "o mais brevemente possível", já no início de abril, "antes que se perca totalmente o controle destas coisas".
Cristovam quer que o Senado trate do tema "antes que se perca totalmente o controle destas coisas"
O ataque à caravana do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, alvejada por três tiros no Paraná, e as ameaças à família do relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin, tiveram grande repercussão no plenário do Senado nesta quarta-feira (28).
Cristovam Buarque (PPS-DF) e Vanessa Graziottin (PC do B-AM) solicitaram formalmente que o Senado realize uma sessão temática, suprapartidária e com a participação de representantes da sociedade civil, para que se discuta que impactos pode ter o aumento da intolerância política no futuro da democracia brasileira, especialmente já a partir do processo eleitoral deste ano.
No momento em que a proposta foi apresentada, presidia a sessão o senador Dario Berger (PMDB-SC), que informou que levará o pleito ao presidente Eunício Oliveira.
Risco para a democracia
Cristovam defendeu que esta sessão seja realizada "o mais brevemente possível", já no início de abril, "antes que se perca totalmente o controle destas coisas".
— Estamos num momento em que temos que refletir sobre o rumo da democracia neste país. Esta escalada de violência política pode sair do controle, tenho dúvidas até se já não saiu... E na hora em que se perde o controle destas coisas, está aí a Síria para nos mostrar o que vira. Não é possível que o Brasil passe a valorizar mais as armas que as urnas — alertou.
Para Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o governo federal passa a ter agora a obrigação de resguardar a segurança de todos os pré-candidatos à presidência da República. E esta mesma preocupação deve ser estendida ao ministro Fachin, que em entrevista à Globonews informou que sua família tem sofrido ameaças, e que não se sente mais "em plena segurança".
Dentro deste mesmo contexto, Randolfe considera "estarrecedor" que agentes políticos minimizem a gravidade de atentados, quando eles são direcionados a adversários.
— Tenho muitas divergências com Lula e o PT, mas a convivência democrática está acima disso. Atirar num adversário político é fascismo, não é possível sermos condescendentes com isso. É bom nos lembramos que uma vereadora foi assassinada há poucos dias no Rio e até agora nada foi esclarecido. Este país não pode descambar pro vale-tudo, pro faroeste — protestou.
Dario Berger também considera o quadro atual de extrema gravidade, fruto a seu ver de uma sociedade inteira "que perdeu o rumo e a esperança no futuro".
Vanessa Graziottin também vê com preocupação o fortalecimento de ideias autoritárias no país. Para ela, este ideário, antes restrito a Jair Bolsonaro, vem sendo defendido abertamente por outros segmentos e representantes sociais. Lembrou que em nota oficial a Associação dos Produtores de Soja no Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS) disse que os gaúchos "deram um relho na tosca caravana" no dia 19 de março em Bagé, quando iniciou-se a "reação contra a socialização do país".
— Eles dizem que a batalha não é só contra Lula, é contra todos que defendem o socialismo. Querem um país de ideologia única, a deles — criticou.
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