Autocuidado na luta contra o câncer de mama

As mulheres devem permanecer sempre atentas a sinais suspeitos como o surgimento de caroços (nódulos), geralmente endurecidos, fixos e indolores; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no mamilo e bico do seio e eventual excreção de líquido dos mamilos

Hézio Jadir Fernandes Júnior
Publicada em 20 de outubro de 2022 às 09:17
Autocuidado na luta contra o câncer de mama

Estamos passando pelo principal mês de conscientização a respeito dos cuidados de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Com esse objetivo, a campanha Outubro Rosa foi criada em 1990 e, há mais de 30 anos, tem foco total no estímulo à atenção e ao autocuidado feminino. O câncer de mama é o tipo que mais atinge mulheres no mundo todo – embora também acometa homens a uma taxa de 1%.  

Entre mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020 foram registrados cerca de 2,3 milhões de casos em nível global. No Brasil, foram mais de 66 mil novos casos em 2021. Sem dúvida, são números alarmantes que mostram a urgência de ações perenes de conscientização.   

O primeiro passo para uma mulher consciente de si e da própria saúde é o autocuidado. É essencial que ela mantenha uma rotina anual de consultas e exames preventivos, principalmente se houver casos de câncer de mama – em homens ou mulheres – ou de ovário na família. Além disso, é fundamental que ela se toque, que conheça bem todas as partes do próprio corpo, e as mamas merecem atenção especial. Vale lembrar que o autocuidado deve incluir alguma dedicação à saúde mental, pois quando há o diagnóstico, fatores como ansiedade e depressão tendem a ser amplificados, atrapalhando consideravelmente o tratamento.  

As mulheres devem permanecer sempre atentas a sinais suspeitos como o surgimento de caroços (nódulos), geralmente endurecidos, fixos e indolores; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no mamilo e bico do seio e eventual excreção de líquido dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços, nas axilas. Em paralelo à mamografia periódica a partir dos 50 anos, se algum desses sintomas surgir, é hora de procurar ajuda médica - geralmente, quando o nódulo chega a uma dimensão em que pode ser apalpado, é sinal de que já evoluiu e poderia ter sido descoberto em exames de rotina. Lembre-se: as chances de cura podem chegar a 95% nos casos em que a doença é diagnosticada precocemente.  

Apesar dos fatores de risco mais significativos não dependerem de hábitos ou ações de prevenção, como é o caso da genética ou idade, há medidas que auxiliam muito na prevenção do câncer de mama, como a redução no consumo de álcool, a prática regular de exercícios físicos e o controle do peso. O INCA estima que pode haver uma diminuição de 13% em incidência do câncer de mama se as mulheres adotarem hábitos mais saudáveis. Outra forma importante de evitar a doença é amamentar. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a mulher que amamenta durante um ano tem 4,3% menos chances de desenvolver tumores nas mamas.  

O autocuidado, o autoconhecimento, uma rotina de consultas e exames, atenção à saúde mental e a prática de exercícios físicos regulares são iniciativas que, no fundo, deveriam ser adotadas por todas as pessoas. Porém, para mulheres maduras, elas podem fazer uma grande diferença em casos de câncer de mama, seja na prevenção, no diagnóstico precoce ou mesmo em um processo de tratamento. É disso que trata a campanha Outubro Rosa: o diagnóstico precoce é, com certeza, a melhor solução na luta contra o câncer de mama, mas ele não atua sozinho. A mulher deve poder cuidar de sua saúde global, ter acesso a especialistas e à realização de exames periódicos e alimentação adequada, e essas são questões que envolvem toda a sociedade e as políticas públicas. Somente assim, em com iniciativas que envolvam as mulheres, a sociedade e os governos, vamos conseguir reduzir os impactos que o câncer de mama ainda causa no mundo.  

* Hézio Jadir Fernandes Júnior é oncologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa. 

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