“Bolsonarices” atemporais

Os mais de 57 milhões de eleitores do “Estimado Líder” têm a certeza de que o elegeram para, dentre outras coisas, mudar a capital de Israel de Telavive para Jerusalém.

Professor Nazareno*
Publicada em 03 de dezembro de 2018 às 08:33
“Bolsonarices” atemporais

Os mais de 57 milhões de eleitores do “Estimado Líder” têm a certeza de que o elegeram para, dentre outras coisas, mudar a capital de Israel de Telavive para Jerusalém. Há uma notória preocupação nacional em todo o Brasil sobre esse tão conhecido assunto. Vi pessoas comentando que só teriam votado em Jair Bolsonaro para que ele mudasse não só a História do Brasil, mas também a do mundo. “E ele precisa enfrentar com muita sabedoria um dos maiores problemas que já presenciamos em todos os tempos”, acredita-se. No plano interno, como os trabalhos são muitos, precisa-se urgentemente se discutir a questão ideológica das escolas e de todo o sistema educacional do país sob pena de termos mais pepinos num futuro próximo. Vejam-se, por exemplo, as questões da prova no Enem. Já não se aguenta mais conviver com isso.

Precisa-se rapidamente mudar o viés ideológico de nossas escolas. Se o aluno sai do Ensino Médio sem saber ler e escrever não tem problema nenhum. Isso faz parte do objetivo do sistema e não deve ser mudado. O que não se pode admitir é o fato de que esse mesmo aluno possa ter tido contato com autores como Karl Marx, Nietzsche, Gramsci ou outro esquerdista qualquer. Ler obras desses autores já ultrapassados é muito prejudicial à formação dos nossos jovens. Por isso, a partir de agora muita coisa será mudada para o bem de toda a nação. A Bíblia será leitura obrigatória em todas as escolas. Todo estabelecimento de ensino, público ou particular, terá que fazer, a partir do próximo ano letivo, ordem unida e também obrigar seus alunos a cantarem o hino nacional todos os dias. Civismo acima de tudo. Culto à nossa bandeira nunca vai faltar.

As escolas do Brasil precisam ser todas militarizadas. Hoje, a questão maior delas é a ideologia da maioria de seus professores que são de esquerda, infelizmente. A sociedade brasileira precisa mudar alguns de seus conceitos. A família tem que ser preservada e os bons costumes também. Nada de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Isso é aberração. O novo governo tudo fará para acabar com esta promiscuidade entre as pessoas de bem. É por isso que este país não vai para frente. Vai ser criado o Ministério da Cura Gay que será obviamente administrado por um evangélico e toda a família que tiver um “elemento gay” receberá orientações do Estado para resolver este gravíssimo transtorno. Possivelmente será também criado o Ministério de Adoração aos Costumes e à Cultura dos Estados Unidos. O MACCUSA será algo inédito por aqui.

O futuro Ministério da Devastação Ambiental dará um jeito de arrancar toda e qualquer árvore da Amazônia em tempo recorde. Nada de “Acordo de Paris” nem de defesa xiita do meio ambiente. Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, será canonizado em terras tupiniquins e doravante qualquer um de seus assessores receberá continências das autoridades brasileiras quando estiver em visita ao Brasil. Relações diplomáticas com Cuba, Bolívia, Nicarágua, Venezuela ou outro país de orientação esquerdista serão revistas. Países árabes, China e União Europeia terão que se adequar às diretrizes e orientações do novo governo brasileiro senão terão sérios embaraços para fechar negócios conosco. Resolvidos esses obstáculos muito sérios, o Brasil será alçado imediatamente à condição de potência planetária e terá logo o reconhecimento de todo o mundo. E a certeza de que a nossa bandeira nunca será vermelha se tornará um marco.

*É Professor em Porto Velho.

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