Bolsonaro, de ideológico a pragmático?
A direita se tornou dependente do Bolsonaro, porque não tem outro candidato
Bolsonaro sempre foi um livre atirador, um aventureiro na política, disponível para qualquer possibilidade de ascensão que aparecesse. Ele já defendeu posições contra as privatizações, pedindo punições drásticas para quem fosse a favor. Ele chegou a defender até mesmo a morte de FHC, entre outros.
Ele encontrou o espaço para se projetar na política com a crise do PSDB, deixando livre o espaço de disputa com o PT. Ele se apresentou como a alternativa, por ter índices muito maiores do que Alckmin nas pesquisas. Somente ele poderia ser utilizado para algum tipo de operação que levasse à derrota do PT.
Se dando conta que precisaria do apoio o grande empresariado, protagonista fundamental do antipetismo, somado à mídia, Bolsonaro escolheu um ministro de economia ultra-neoliberal, vinculado ao pinochetismo, Paulo Guedes. Foi e continua sendo um pretexto fundamental para os que justificam seu apoio a Bolsonaro tanto pela contenção que ele apresenta diante do PT, como justificam porque ele manteria o modelo econômico que une a direita – o neoliberal.
Se deu conta, oportunista como é, que tudo o que fizesse seria para polarizar contra o PT e se confirmar como a única possibilidade de resistência a esse partido para a direita. Direita significa o grande empresariado, a mídia, o Judiciário, os partidos remanescentes da direita e do próprio centro, resistentes todos ao candidato do PT.
Para isso, Bolsonaro teria que se travestir de luta contra a “velha política”, contra a corrupção, contra tudo o que o PT prega, a começar pela adesão às privatizações, ao Estado mínimo, à abertura da economia ao mercado internacional. A direita teve que tolerar as posições de ultra direita dele – tanto a apologia da ditadura e das torturas, como os ataques ao Judiciário, à mídia, ao Congresso, de forma violenta inclusive, tudo inserido em um ataque à própria democracia.
O mecanismo da direita tradicional era aquele que ela usa desde 1989 – qualquer um, menos o PT. Toleraram o Collor, aderiram com entusiasmo ao FHC, ao Serra, ao Alckmin e ao Serra. Tudo em nome da contenção do PT, como agenda negativa, e da restauração do modelo neoliberal como agenda positiva.
A direita se tornou dependente do Bolsonaro, porque não tem outro candidato, salvo se o apoio a ele caia a níveis que alternativas possam ocupar o seu lugar. Vários oportunistas – Doria, Ciro, Luciano Huck, Moro se sentam no banco de reserva, oferecendo-se a ser o antipetista da vez que a direita lance mão.
Por isso também Bolsonaro atua em duas frentes – oposição ao PT e destruição das outras eventuais alternativas – hoje concentrada contra o Moro – para se reafirmar como única alternativa ao Lula e ao PT.
Ele começou a governar como se seguisse em campanha, nao aprendendo que campanha é uma coisa, governo é outra. (Assim como o Didi dizia que treino é treino, jogo é jogo.) Gastou mais de uma ano se desgastando com um discurso e ações diretamente vinculadas à imagem que vendeu na campanha, que conquista eleitores para o voto, mas não consegue agregar forças e, nem mesmo, manter a base de apoio, com ações de conflitos permanentes, além do desgaste da ações e das acusações de corrupção sobre os filho. Foi a fase predominantemente ideológica do Bolsonaro.
Este ano, depois de uma tendência à perda de apoio, após a crise da saída do Moro, Bolsonaro começou a mudar seu estilo de governo. Ele não tem princípios, seu objetivo é manter-se no governo, inclusive para se proteger e proteger os filhos de processos de corrupção. A aliança com o Centrão, o estabelecimento de termos de convivência com o Congresso e o Judiciário, assim como a moderação no discurso de ataques (de que faz parte a desaparição praticamente dos seus filhos da atuações públicas) e o uso de medidas de apoio de emergência para recuperar apoios perdidos. Estas medidas encontram seu limite no teto de gastos, como elemento fundamental da política econômica, representada pelo Paulo Guedes dentro do governo.
No seu conjunto, representa uma postura pragmática – de que a nomeação para o STF faz parte -, de governabilidade – palavra que ele incorporou a seu discurso. Seu objetivo fundamental é sua reeleição. Para isso tem que manter os apoios da direita, mas atuará sempre em zigue-zague, oscilando entre reafirmações do teto de gastos e iniciativas que o violam, para tentar manter os apoios indispensáveis para poder disputar a reeleição. O seu pragmatismo existe em função desse objetivo.
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