Possível veto da União Europeia a acordo com Mercosul em razão da política ambiental repercute no Senado
Críticas à política ambiental do Brasil têm levado parlamentares europeus a resistir ao acordo comercial com o Mercosul
Vinícius Mendonça/Ibama
A resistência de parlamentares da União Europeia (UE) a ratificar o acordo de livre comércio com o Mercosul, tendo como base a atual política ambiental do Brasil, repercutiu entre os senadores. Em comentários nas redes sociais, os parlamentares criticaram a gestão do governo de Jair Bolsonaro no meio ambiente, avaliando que a disposição da UE de não aprovar o acordo entre os dois blocos — indicada em emenda aprovada nesta terça-feira (6) no Parlamento Europeu — resultará em graves prejuízos econômicos para o Brasil.
"Economia verde é ativo econômico”, disse o presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Fabiano Contarato (Rede-ES). Ele comentou em publicação no Twitter que “se o país não preserva o meio ambiente por bem, acorda quando a conta pesa no bolso. O Parlamento Europeu rechaça retrocesso ambiental do governo brasileiro e usa o estrago para barrar acordo de livre comércio com Mercosul.”
Repercutindo notícia do jornal Folha de S. Paulo, o senador Paulo Rocha (PT-PA) citou no Twitter a primeira versão da emenda votada pelos eurodeputados, que manifestava preocupação “com a política ambiental de Jair Bolsonaro, que vai contra os compromissos do Acordo de Paris, em particular no combate ao aquecimento global e à proteção à biodiversidade”. Posteriormente, a menção a Bolsonaro foi retirada do texto que foi aprovado pelo Parlamento Europeu, mas incluído no projeto de relatório.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também mencionou no Twitter as consequências da crise ambiental no Brasil, com aumento do desmatamento e das queimadas, em especial na região amazônica e no Pantanal. “A má gestão do setor prejudica de forma severa o país. O acordo tem potencial para criar uma zona de mercado aberto com benefícios para 800 milhões de cidadãos”, declarou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), remetendo a notícia do Estado de S. Paulo sobre a aprovação da emenda no Parlamento Europeu, culpou Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pelo risco de o acordo comercial não ser ratificado: “Não bastasse a destruição deliberada do nosso meio ambiente, esse governo trará danos irreparáveis à nossa economia! Incompetentes!”
As negociações do acordo entre o Mercosul e a UE se iniciaram em 1999. Foram concluídas em 2019, depois de 20 anos. O projeto de relatório, incluindo a emenda que se opõe ao acordo comercial, ainda será submetido a revisão jurídica antes de ser aprovado pelo Parlamento Europeu e pelos Legislativos nacionais dos países-membros da UE e do Mercosul.
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