Bolsonaro está praticamente barrado no baile do PP em 2022
A jornalista Helena Chagas avalia que "dificilmente" o ministro Ciro Nogueira conseguirá pavimentar a reeleição de Jair Bolsonaro, "desmanchando os acertos regionais do partido, que tem seus principais caciques disputando a eleição do ano que vem no Nordeste - onde Lula, pelas pesquisas de hoje, teria cerca de 60% dos votos"
Palácio do Planalto e o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil | Edilson Rodrigues/Agência Senado)
O novo e festejado ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, ainda nem tomou posse oficialmente, mas já ficou claro que terá ação limitada na articulação da candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro. Em entrevista à Globonews hoje cedo, o vice-governador da Bahia, João Leão, pai do líder do PP na Câmara, Cacá Leão, jogou um balde de água fria no Planalto, verbalizando o que todo mundo sabia: o presidente da República não irá para o PP, pois o partido é integrado por grupos regionais independentes. Em seu estado, o PP vai manter a aliança com o PT de Lula em 2022.
Ciro Nogueira vai ter que dar nó em pingo d'água para conviver com isso, pois uma das razões pelas quais foi convidado é pavimentar a campanha de reeleição de Bolsonaro. O sonho do presidente e de seus filhos hoje é a filiação ao PP, um partido com estrutura no país, fundo eleitoral robusto e bom tempo de propaganda na TV. Dificilmente, porém, Ciro conseguirá viabilizar essa operação, desmanchando os acertos regionais do partido, que tem seus principais caciques disputando a eleição do ano que vem no Nordeste - onde Lula, pelas pesquisas de hoje, teria cerca de 60% dos votos.
Barrado no baile do PP, Bolsonaro terá como opção filiar-se a uma legenda menor e trabalhar por uma coligação com o partido de Ciro Nogueira - o que já seria bastante difícil, ainda que o PP liberasse as seções nordestinas para se aliar a Lula. O que Bolsonaro precisa é de palanque, e justamente nos estados onde o petista é mais forte. O caso da Bahia, por exemplo, é exemplar: a família Leão, principal braço local do partido, estará no palanque do petista.
O balde de água fria não terá, por ora, maiores efeitos sobre a ocupação de territórios pelo Centrão. Bolsonaro não poderia mais voltar atrás, nem que quisesse, até porque a entrega do governo ao grupo tem também o objetivo mais imediato de tirar o impeachment de qualquer pauta política. Ao menos a missão de levar o presidente inteiro até 2022 Ciro Nogueira deve cumprir. Dali em diante, porém, nada está garantido.
Helena Chagas
Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
Deputadas pedem derrubada do veto à cobertura de quimioterapia oral por planos de saúde
Para o governo, proposta contraria o interesse público e causa insegurança jurídica
Bolsonaro ataca o STF mais uma vez e acusa a Corte de "fake news" (vídeo)
Bolsonaro reagiu a nota publicada pela tribunal que desmente tese de que Corte teria tirado seus poderes durante a epidemia
Coronel Chrisóstomo libera quase R$ 3,5 milhões para Cacoal
O deputado afirmou ainda que cobra para que a União respeite e valorize Rondônia, que tem importância enorme, e não se cansa de falar sobre a força do agronegócio e do espírito empreendedor do povo
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook