Bolsonaro obrigará assinatura de 'termo de responsabilidade' para tomar vacina; médicos dizem que decisão é absurda
Especialistas condenam a adoção do procedimento que não foi adotado em nenhum outro país
Bolsonaro e vacina (Foto: Reuters)
Pressionado por um plano nacional de vacinação contra a Covid-19, Jair Bolsonaro afirmou que irá assinar uma medida provisória (MP) direcionando R$ 20 bilhões para a compra de imunizantes. Em tom de ameaça aos brasileiros e braisileiras, disse que assinará uma outra MP que exigirá a assinatura de um termo de responsabilidade por quem tomar a vacina. Especialistas condenam a adoção do procedimento que não foi adotado em nenhum outro país.
“Eu devo assinar amanhã uma medida provisória de R$ 20 bilhões para comprar vacina”, disse Bolsonaro durante conversa com apoiadores no palácio do Planalto nesta segunda-feira (14). ‘Tem outra medida provisória talvez amanhã. Não é obrigatório, vocês vão ter que assinar termo de responsabilidade para tomar. Porque a Pfizer, por exemplo, é bem clara no contrato: “nós não nos responsabilizamos por efeitos colaterais”’, completou, de acordo com reportagem do jornal O Globo.
“Tem gente que quer tomar, então toma, a responsabilidade é tua. Se der algum problema aí, espero que não dê”, acrescentou. Ainda segundo ele, “quem está pegando agora é que ficou em casa. E outra, esse vírus vai viver conosco até morrer”.
Para o advogado e diretor-executivo do Instituto Questão de Ciência (IQC), Paulo Almeida, Bolsonaro foi “extremamente infeliz e irresponsável” ao falar sobre a assinatura de um terno de responsabilidade por parte de quem for se se vacinar contra a Covid-19. "Primeiro porque isso não é necessário desde que a vacina tenha aprovação, seja extraordinária, seja regular de registro de autoridades sanitárias competentes.... E, segundo, porque isso, em última instância, vai diminuir a cobertura vacinal em função da pessoa que quando for à UBS tomar a sua vacina tenha que assinar um termo", disse Almeida em entrevista ao G1.
A epidemiologista e ex-coordenadora do programa nacional de imunizações Carla Domingues diz que a assinatura do terno poderá inviabilizar uma campanha de vacinação contra a doença. “Estamos falando de uma vacina que já vai ter um registro da Anvisa, que terminou a fase três, que já mostrou que ela é uma vacina segura. Portanto, não se justifica fazer isso. Qual é o objetivo de fazer um termo desse? Isso vai inviabilizar qualquer campanha de vacinação", afirmou.
“Ao invés de ir para televisão, ir para mídia para fazer uma campanha de esclarecimento, da importância da vacinação, ele coloca que a vacina não é importante, que a vacina vai fazer mal à saúde e que a população não deve se vacinar”, ressaltou.
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