Braço direito do prefeito de Porto Velho é acusado de receber propina para aliviar fiscalização na JBS Friboi e fraudar impostos. VÍDEO

Na  reunião com Clodoaldo e Edgar do Boi foi proposta a concessão de créditos presumidos, ilegítimos ou falsos, mediante o pagamento de propina de 30  por cento sobre o valor do imposto devido pela JBS/Friboi.

Da reportagem do Tudorondonia
Publicada em 20 de maio de 2017 às 02:40
Braço direito do prefeito de Porto Velho é acusado de receber propina para aliviar fiscalização na JBS Friboi e fraudar impostos. VÍDEO

Edgar do Boi (esq.) e o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves

Porto Velho, Rondônia - O vice-prefeito de Porto Velho, Edgar Nilo Tonial, vulgo  Edgar do Boi,  presidente regional do PSDC em Rondônia  ,  vice-prefeito de Porto Velho e um dos homens mais influentes na  administração do prefeito Hildon  Chaves (PSDB), recebeu cerca de 3 milhões  de reais para, de alguma maneira, impedir qualquer fiscalização nos frigoríficos  da empresa JBS /Friboi, que está  no epicentro do furacão  político que pode resultar  na renúncia ou cassação do presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Um delator da JBS Friboi, em depoimento à Justiça, entregou o braço direito do prefeito de Porto Velho. Disse que Edgar do Boi recebeu cerca de 3 milhões de reais para impedir a fiscalização de frigoríficos .  No período em que do Boi recebeu a propina,  a JBS não foi  incomodada.

Valdir Aparecido Gomes,executivo da JBS/ Friboi,  depondo no último dia 4 de maio na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília,  revelou que se reuniu na sede do  PSDC em Porto Velho  com Edgar do Boi e os contadores Nilton Amaral, da  Guaporé Carnes, e Clodoaldo Andrade, do escritório  Rio Madeira Contabilidade,  secretário geral do PSDC e chefe de transição da administração do prefeito eleito Hildon Chaves.

Na  reunião com Clodoaldo e Edgar do Boi foi proposta a concessão de créditos presumidos, ilegítimos ou falsos, mediante o pagamento de propina de 30  por cento sobre o valor do imposto devido pela JBS/Friboi.

 As filiais da Friboi  não seriam fiscalizadas durante 3 anos. Edgar , presidente do PSDC no Estado  ,  hoje é vice prefeito da capital e  homem de absoluta confiança do prefeito Hildon Chaves, com grande influência na administração municipal, tendo indicado pessoas de seu grupo para cargos importantes na Prefeitura. 

 Amaral era contador da empresa Guaporé Carnes, adquirida pela JBS, e considerado comparsa no esquema.

O golpe, segundo o delator, consistia em lançamento de créditos presumidos (ilegítimos ou falsos)  pelo escritório  de contabilidade de Clodoaldo .

O delator disse à justiça que a proposta era de que a JBS /Friboi não seria fiscalizada e  se,  por acaso, essa fiscalização ocorresse, seria dirigida, para não  encontrar nenhuma irregularidade. Neste caso, um fiscal seria corrompido. 

O delator disse que Clodoaldo e o vice-prefeito de Porto Velho lhe garantiram que, quando houvesse uma fiscalização, seria apenas fachada,  mediante propina para eles e   para algum fiscal. "Eu sei o percentual  que negociei e levei a eles (Egar do Boi e Clodoaldo). Conversei com o Weslei Batista , dono da JBS, e ele me disse : siga em frente. São  30 por cento que a empresa (JBS) deixou de pagar em impostos de  2012 a 2014. Pagamos propina ao contador   Cloadoaldo e a Edgar  do Boi", contou o delator ao juiz.

Ele revelou ainda que para Edgar do Boi a JBS mandava dinheiro por meio de um banco em Porto Velho .

Um funcionário da JBS  sacava a propina e entregava a Cloadoaldo. O dinheiro da corrupção era agendado e entregue no escritório de Clodoaldo.

Mesmo com a Lava Jato a pleno vapor, a corrupção continuou, mas com nota fiscal.

De janeiro a  agosto de   2015 foi pago um montante de  um milhão e oitocentos mil reais em suborno. O escritório de Clodoaldo emitia notas fiscais por supostos serviços nunca prestados.

Os acertos de propina aconteciam na sede do PSDC ou em restaurantes em Porto Velho.

O delator tem relação de  pagamentos, notas fiscais  e outros documentos para comprovar a corrupção. .

O acordo para pagamento de propina ao vice-prefeito de Porto Velho foi até agosto de  2015 . Com a Lava Jato avançando, o esquema acabou  sendo reduzido gradualmente, até zerar.

Mas Clodoaldo não se intimidou com a Lava Jato. No final do ano passado, pediu suborno. 

Clodoaldo propôs propina de 4 milhoes e meio de reais para continuar o esquema. Weslei Batista  não quis. Por meio do WhatsApp, o contador  cobrou o suborno. E continua cobrando, segundo o delator. 

Comentários

  • 1
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    j paulo 20/05/2017

    Como o PSDB já está morto Dr Hildon precisa apagar esse Boi do seu caminho, tem q afastar urgente todas os assessores indicados por ele para evitar essa pratica de facilidades dentro da Prefeitura.

  • 2
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    Henry 20/05/2017

    Rondônia mais uma vez nas manchetes nacionais e, como na maioria das vezes envolvendo corrupção. É necessário que o vice-prefeito se afaste imediatamente do cargo, já que praticou conduta antiética e incompatível com a relevância do cargo. É preciso que a PF faça uma investigação profunda no Estado, prendendo todos os envolvidos, inclusive os contadores citados, em razão da manobras contábeis praticadas para beneficiar a JBS. Ainda bem que a apuração será feita pelos integrantes da força tarefa da operação lava-jato, os quais não brincam em serviço, fazendo jus aos salários que recebem.

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