Busca ativa: TJRO utiliza ferramenta eficaz para encontrar famílias adotivas
O desembargador ressalta que a cada nova adoção, histórias de vidas são transformadas
Em um mundo onde as histórias de vida se entrelaçam de maneiras inesperadas, a trajetória de um adolescente e sua nova família é um verdadeiro exemplo da força do amor e da superação. Ele passou por diversas situações difíceis, viu várias outras crianças serem reintegradas em suas famílias e outros amigos da unidade de acolhimento serem adotados. Angustiado, ele se perguntava: como seria seu futuro? Então, um dia sua história se conectou com a de uma família que olhava fotos no grupo de Busca Ativa do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional de Justiça.
A família procurou o Núcleo Psicossocial de Proteção à Infância e Juventude de Porto Velho para conhecer melhor o adolescente e se prepararem para a atitude decisiva: o nascimento do filho de 13 anos de idade, um filho que já se expressa, que tem várias páginas escritas em seu livro da vida e um número infinito de páginas para serem preenchidas com os novos pais.
Na semana passada, essa família realizou a viagem que simbolizava não apenas a mudança de endereço, mas a união de corações. Eles partiram juntos para um novo estado, prontos para construir uma vida em comum e viver a rotina como pais e filhos para sempre.
Busca Ativa
A adoção do adolescente só foi possível pois ele estava no grupo de Busca Ativa, ferramenta que tem como objetivo fazer uma busca ampliada de famílias para crianças e adolescentes que, após esgotados todos os encaminhamentos para adoção, não conseguem ser inseridas em uma família substituta.
A metodologia é simples, mas eficaz: apresentar fotos e histórias que humanizam cada criança, destacando sua individualidade e as razões que a tornam especial. Com a Busca Ativa é possível elaborar uma "mini apresentação" da criança ou do adolescente apto à adoção, com algumas informações como nome, idade, gostos pessoais, fotografia e/ou vídeo, no qual ele(a) tem a oportunidade de apresentar-se aos futuros pais
Neste ano, 2024, onze crianças/adolescentes, em várias comarcas de Rondônia, encontram-se disponíveis para busca ativa. Permanecem sem um lar, especialmente porque não se enquadram nos perfis “ideais”: são mais velhas ou com necessidades especiais. O que torna a adoção um desafio ainda mais complexo.
O bebê que confrontou as estatísticas
A trajetória de Sáffira e sua nova família é um verdadeiro exemplo da força do amor e da superação. A equipe do Núcleo Psicossocial de Proteção à Infância e Juventude de Porto Velho iniciava o processo para inserção dela na ferramenta Busca Ativa, mas o lindo bebê, com muita força de viver, confrontou as estatísticas negativas.
De um lado Sáffira, que chegou ao mundo bem prematura, com limitação auditiva, visual e hidrocefalia, mas desde o início mostrou que estava determinada a resistir e vencer cada obstáculo que se apresentava à sua frente.
Do outro lado, um casal que queria uma filha, e ao saberem sobre Sáffira, se interessaram, apesar de muitas incertezas. Porém, a convicção foi ganhando calmaria e assento: era o encontro da vida deles! A filha já tinha morada no desejo e na possibilidade de organização da rotina do casal. O primeiro aniversário da menina foi celebrado em uma nova casa, repleta de sentimentos, e enfeitada de cuidado e responsabilidade.
A juíza da Vara de Proteção à Infância e Juventude da Comarca de Porto Velho/RO, Kerley Regina Alcântara, explica que a história de Sáffira quebra os tabus com relação à adoção de crianças portadoras de alguma deficiência. “A adoção só foi possível pois o casal ampliou o perfil deles, e aceitou adotar crianças com demanda de saúde ou desenvolvimento especial”, pontuou.
A magistrada destaca também que as crianças e adolescentes que atualmente estão na Busca Ativa não se encaixam no perfil desejado pelas famílias pretendentes. “Dentre as 11 crianças, temos perfis especiais como crianças/adolescentes com traqueostomia, microcefalia, síndrome de down, transtorno do espectro autista e outras deficiências cognitivas e motoras. É um grande desafio, mas a história inspiradora de Sáffira demonstra que estamos no caminho certo. Procurar famílias que por meio da adoção e muito amor transformem vidas. A boa informação e sensibilização podem contribuir nesse processo, bem como modificar a maneira de pensar da sociedade, garantindo a essas crianças e adolescentes o direito à convivência familiar”, ressaltou a juíza Kerley.
Comissão Estadual Judiciária de Adoção
O corregedor-geral da Justiça, desembargador Gilberto Barbosa destaca que a Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA), órgão da corregedoria do TJRO, tem se mostrado um pilar fundamental na promoção da Justiça e da proteção dos direitos das crianças e adolescentes em Rondônia. “Sabemos que a realidade de muitas crianças em nosso estado é marcada por vulnerabilidades. A atuação da CEJA se torna necessária para que os grupos de Busca Ativa ofereçam um suporte para reverter essa situação”, pontuou.
O desembargador ressalta que a cada nova adoção, histórias de vidas são transformadas. “A Busca Ativa é um instrumento poderoso que exige comprometimento, sensibilidade e um olhar atento às necessidades de cada criança”, destacou.
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