Caminhada em Brasília marca luta de deficientes por maior inclusão

Foi para levantar essa e outras bandeiras que um grupo de deficientes se reuniu em Brasília para uma passeata de luta por maior inclusão neste 21 de setembro

Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil/Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
Publicada em 21 de setembro de 2019 às 11:19
Caminhada em Brasília marca luta de deficientes por maior inclusão

Sempre que questionados sobre os principais desafios, a resposta dos deficientes brasileiros costuma ser a mesma: acessibilidade. Foi para levantar essa e outras bandeiras que um grupo de deficientes se reuniu em Brasília para uma passeata de luta por maior inclusão neste 21 de setembro, Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. 

Eduardo George, jornalista de 32 anos que reside há dois anos em Brasília, onde trabalha com temas ligados à deficiência, contou ser bastante comum que chegue atrasado ao trabalho. Tetraplégico por má formação congênita, ele usa o transporte público para se deslocar, mas muitas vezes precisa aguardar mais de uma hora no ponto de ônibus até que consiga embarcar em um veículo cujo elevador para cadeira de rodas esteja funcionando.

“Outro dia subi, mas não conseguia descer porque o equipamento quebrou”, relatou George. “É corriqueiro”. Apesar das dificuldades com acessibilidade, ele se mostrou animado com a mobilização dos deficientes. “Ainda falta muita empatia na sociedade, mas estamos saindo da fase do coitadismo”, afirmou.  

A servidora pública Izana Barbosa, de 41 anos e paraplégica, considera que os deficientes de fato conquistaram direitos e maior inclusão nas últimas décadas, mas avalia que ainda assim há gargalos que impedem uma inclusão social mais efetiva no mercado de trabalho, por exemplo.

Apesar de as empresas receberem incentivos e buscarem contratar pessoas com necessidades especiais, muitas vezes os deficientes não conseguem se qualificar o bastante para ter acesso às oportunidades, avalia. “Falta, por exemplo, cursos com linguagem de Libras ou em braile, até cardápios em restaurantes acessíveis são difíceis de encontrar. As pessoas acham que acessibilidade é só colocar uma rampa, e não é”, disse Izana.  

A 1ª Caminhada Nacional da Luta dos Direitos das Pessoas com Deficiência no Parque da Cidade, em Brasília - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Ainda pequena, a 1ª Caminhada Nacional da Luta dos Direitos das Pessoas com Deficiência ocorreu no Parque da Cidade, no centro da capital federal, e contou com a participação de algumas dezenas de deficientes e seus acompanhantes, mas almeja se tornar uma referência e atrair nos anos seguintes deficientes de todo o Brasil para que venham à capital do país dar visibilidade a suas reivindicações.

“Estamos convidando todos para se sensibilizar”, disse a secretária nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Priscilla Gaspar, sobre o evento, que contou com a organização da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e apoio da Secretaria da Pessoa com Deficiência do Distrito Federal, criada neste mês pelo governo do DF.

No último Censo Demográfico, em 2010, 45,6 milhões de pessoas declararam ter algum tipo de deficiência (visual, auditiva, motora ou mental/intelectual), o que representava 23,9% da população brasileira.

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