Casa Civil tira da Economia status de superministério
"A resolução publicada hoje no Diário Oficial criando um grupo de trabalho para coordenar ações de recuperação da economia não mostra apenas o crescente fortalecimento do titular da Casa Civil (Braga Netto) no governo, mas sobretudo o enfraquecimento de Guedes"
Walter Braga Netto e Paulo Guedes (Foto: Carolina Antunes/PR | REUTERS/Adriano Machado)
O ministro chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, está expandindo sua influência para muito além das ações governamentais do combate à pandemia de coronavírus e penetrou num território até agora intocado: o superministério da Economia de Paulo Guedes. A resolução publicada hoje no Diário Oficial criando um grupo de trabalho para coordenar ações de recuperação da economia não mostra apenas o crescente fortalecimento do titular da Casa Civil no governo, mas sobretudo o enfraquecimento de Guedes.
Pelo texto, o grupo será integrado por integrantes de 15 ministérios, inclusive os chamados da Casa, que reúnem os militares do Planalto. A pasta da Economia participará em pé de igualdade com as demais, com um titular e um suplente indicados pelo ministro. Em 90 dias, esse grupo vai apresentar a Braga Netto, que coordena o grupo, propostas de ação abrangendo uma ampla gama de atribuições e setores, que vão desde diretrizes para a destinação de emendas parlamentares , “em articulação com o Congresso”, a propostas na área de infra-estrutura relativas a obras públicas e parcerias com o setor privado.
O grupo também fará para a Casa Civil propostas para desburocratizar e simplificar procedimentos administrativos, com o uso de tecnologia da informação, relativos a contratações públicas, criação e extinção de pessoas jurídicas, aspecatos regulatórios e licenciamento ambiental, “entre outros”. Sem falar na genérica proposição de “ações estruturantes, atos normativos e medidas legislativas para a retomada das atividades afetadas pela Covid-19 em âmbito nacional”.
Como se vê, cabe quase tudo aí – e quase tudo que até hoje estava nas mãos da superpasta da Economia. No formato definido, tudo indica que Paulo Guedes e sua equipe terão papel secundário em muitas das ações na área de infra-estrutura, administrativa, de distribuição regional de recursos e do uso de estatais na recuperação da economia pós-pandemia.
O que o ministro da Economia acha disso, ninguém sabe. Mas seu comportamento recente, fruto de um desgaste iniciado antes da pandemia, mostra que Guedes perdeu o entusiasmo e a vontade. Presente ocasionalmente em Brasília, tem cumprido suas obrigações – nesta segunda, por exemplo, tentou evitar, em vão, a aprovação pela Câmara do projeto de ajuda financeira aos estados. Não impediu a fragorosa derrota, vai atuar no Senado e, no limite, pedir o veto a Jair Bolsonaro.
Mas é isso o que Paulo Guedes sabe fazer: defender a área fiscal. Ele tem também anunciado as diversas medidas de ajuda a setores da economia contra a recessão que se instala. Mas é nítido que anda desconfortável nesse papel, muito distante da missão liberal de aprovar reformar e reduzir o Estado. Talvez tenha percebido que essa agenda não voltará e que não terá mais muito o que fazer no governo. O superministério agora é a Casa Civil.
Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
Após confirmação de bancária com covid-19, Justiça determina afastamento de funcionários da agência Madeira-Mamoré da Caixa
A agência já havia sido fechada ontem, 14, após pressão do Sindicato
Secretário de Vigilância em Saúde pede demissão
Ministério não informou se já foi escolhido substituto
Semagric trabalha no setor chacareiro
Determinação do prefeito Hildon Chaves à Semagric é manter os trabalhos emergências em todo o município
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook