Certeza da impunidade explica a bomba de Brasília
'Não há dúvida sobre a responsabilidade política sobre o caso: Jair Bolsonaro', diz o colunista Paulo Moreira Leite
George Washington, responsável por tentar cometer um ato terrorista em Brasília (DF) (Foto: Divulgação)
A descoberta de uma bomba destinada a criar um ambiente de terror na posse de Lula era um fato previsível como a chegada do dia após a noite.
Ninguém poderia imaginar que a aquela massa de bolsonaristas que há quase dois meses ocupam as redondezas de quartéis e demais instalações militares de grandes cidades brasileiras estivesse ali apenas para protestar contra o resultado da eleição presidencial.
Num enredo que se tornou padrão na extrema direita de vários países, não eram manifestações democráticas, muito menos pacíficas. Carregavam, indiscutivelmente, uma vontade de violência e ameaça, numa mensagem permanente de desprezo pela democracia e ataque às instituições.
No Brasil, um fator determina esse comportamento: a certeza da impunidade, pois o exemplo vem de cima.
Em nenhum momento as forças que têm o dever constitucional de proteger a ordem democrática e garantir a constituição cumpriram seu dever.
Ao contestar o resultado das urnas e estimular a baderna contra o resultado de uma eleição ordeira e pacífica, Jair Bolsonaro foi a principal voz que estimulava a violência e, com sua autoridade, sugerir proteção a atos criminosos.
É certo que ainda é preciso apurar todas as responsabilidades pelo artefato de Brasília.
Quem preparou, quem ajudou, quem financiou. Quais os cúmplices. Não há dúvida, porém, sobre a responsabilidade política sobre o caso: Jair Bolsonaro, o presidente da República que passou as últimas semanas sabotando uma ordem política que tem o dever de defender.
Alguma dúvida?
Paulo Moreira Leite
Paulo Moreira Leite é colunista do 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA
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