CIDH diz que no Brasil houve "desinformação deliberada" em campanha política
"A informação que temos é que no Brasil houve muito movimento de desinformação deliberada, alguns com formatos jornalísticos falsos e outras com formatos mais difíceis de classificar como 'memes', notícias em formatos simplistas e outros tipos", expressou.
O relator especial para a Liberdade de Expressão da CIDH, Edison Lanza. EFE/Raúl Martínez
O relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Edison Lanza, disse nesta terça-feira à Agência Efe que nas campanhas políticas desenvolvidas no Brasil entre diferentes candidatos à Presidência, aconteceram "desinformações deliberadas".
"A informação que temos é que no Brasil houve muito movimento de desinformação deliberada, alguns com formatos jornalísticos falsos e outras com formatos mais difíceis de classificar como 'memes', notícias em formatos simplistas e outros tipos", expressou.
Lanza fez estas declarações durante a conferência internacional "Desinformação na era digital e seu impacto na liberdade de expressão e os processos eleitorais da região" que aconteceu em Montevidéu, capital do Uruguai.
Nesse sentido, ele afirmou que as "fake news" ou "notícias falsas" é um fenômeno "muito novo", com poucos anos de descoberta, por isso acreditar ser "é difícil" avaliar o impacto que elas têm na sociedade.
"No Brasil, o fenômeno surgiu com muita força. Algumas dessas informações, são notícias que a imprensa descobriu, desmascarando as equipes de campanha. Outras, as próprias plataformas indicaram e começaram a tomar medidas", afirmou.
Para o diplomata uruguaio, estas estratégias tiveram notoriedade dentro das campanhas eleitorais dos Estados Unidos, Brexit, a campanha pela paz da Colômbia e nas últimas eleições presidenciais do México.
"Quando uma decisão pode ser influenciada por um fluxo de informações falsas sobre um candidato ou partido e, acima de tudo, com as ferramentas tecnológicas que hoje permitem a viralização e uma espécie de tomar algumas populações como alvo destas campanhas é um fenômeno muito perigoso", disse.
Alguns dos pontos que a CIDH recomenda para evitar este tipo de informações são "sistemas efetivos" de autorregulação e prestação de contas que jornalistas e veículos de imprensa devem colocar em prática.
Também se deve atuar em função da retificação e direito de resposta diante das informações incorretas assim como oferecer uma "cobertura crítica" da desinformação, propaganda e notícias falsas.
A CIDH também recomenda a capacitação dos jornalistas em tecnologia da informação e que se promova o jornalismo investigativo.
Nesse contexto, Lanza disse que a América Latina passa por um "momento muito complicado", quanto ao respeito à liberdade de expressão em alguns países como Honduras, Guatemala, México, Nicarágua e Venezuela, onde casos de repressão e prisão de jornalistas foram registrados nos últimos anos.
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