Ciente da prisão, Bolsonaro foi à Paulista pedir clemência
"Bolsonaro reuniu apoiadores para tentar ganhar uma sobrevida. Mas seu novo escritório já está reservado na ala prisional do Exército", escreve Aquiles Lins
Ato promovido por Silas Malafaia em apoio a Bolsonaro na Avenida Paulista (Foto: Paulo Pinto/Agꮣia Brasil)
Se há uma certeza inevitável com a qual Jair Bolsonaro se deita toda noite é a de que ele irá para a prisão em razão do fracassado golpe de estado de 8 de janeiro de 2023. Esta constatação se mostrou em toda sua beleza durante a manifestação deste domingo (25) na avenida Paulista, que, segundo estimativa da Universidade de São Paulo (USP), contou com a presença de 185 mil participantes. Já de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do governo aliado de Tarcísio de Freitas, cerca de 750 mil pessoas teriam ido à micareta da extrema direita.
Atualmente inelegível até 2030 em decorrência da condenação por abuso de poder econômico pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro aproveitou a ocasião para criticar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele. No entanto, em meio aos alertas de prisão durante o evento, o capitão evitou bater de frente com o Supremo e seus ministros, especialmente Alexandre de Moraes. "Teria muito a falar, tem gente que sabe que eu falaria. O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneiras de vivermos em paz, não continuarmos sobressaltados. É, por parte do parlamento brasileiro, uma anistia para os pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos", afirmou Bolsonaro
Num rompante de sincericídio, Bolsonaro admitiu ter cometido crimes ao confirmar a existência de um esboço de documento que previa a imposição do estado de sítio, a detenção de parlamentares e membros do STF, e apoio a supostas ações golpistas. O líder da extrema direita brasileira e maior beneficiário dos atos de 8 de janeiro não só passou recibo de golpista como pediu para ser beneficiado com impunidade, tal como foram seus colegas de farda ao final da ditadura militar. “Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil. Pedimos um projeto de anistia para que seja feita justiça no Brasil. Quem porventura depredou, que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade", afirmou Bolsonaro.
Quem pede anistia é quem admite que cometeu crimes. Em meio ao avanço das investigações da Polícia Federal e com a robustez das provas até agora apresentadas, Bolsonaro reuniu apoiadores na Paulista para tentar ganhar uma sobrevida política. Mas seu destino já está selado perante a Justiça e seu novo escritório reservado na ala prisional do Exército: a prisão. Não apenas Bolsonaro, mas todo o seu entorno que promoveu, financiou, articulou e executou um golpe fracassado contra o resultado das urnas que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva presidente.
Aquiles Lins
Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo.
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