Clínica para dependentes é denunciada por tortura e espancamentos em Vilhena 

Denunciantes foram resgatados e confirmaram rotina de humilhações.

Folha do Sul 
Publicada em 28 de setembro de 2017 às 16:50
Clínica para dependentes é denunciada por tortura e espancamentos em Vilhena 

 

Uma rotina de pavor e violência. É isso que três homens relataram ao MP e à polícia em Vilhena, após serem resgatados ontem (quinta-feira, 27), dentro de uma clínica para tratamento de dependentes químicos na cidade. O trio concedeu entrevista exclusiva ao FOLHA DO SUL ON LINE na manhã desta quinta-feira, 28, antes de confirmarem as denúncias em depoimento a um promotor. Todos mostraram lesões que seriam decorrentes dos espancamentos sofridos na instituição, comandada por lideranças religiosas.

Os autores das acusações são: J.H., 25 anos, internado há 15 dias; J.A.V., 23 anos, 10 dias de internação; e M.S.S., 33 anos, um mês na clínica. O primeiro é sobrinho de uma vereadora vilhenense e não demonstrou medo de ter sua imagem divulgada na reportagem: “Foi a gente que apanhou, então qual é o problema mostrar a cara?” Foi aconselhado a falar mantendo o anonimato.

De acordo com os homens, eles apanhavam quase todos dias na clínica, que funciona no centro de Vilhena. Os violentos castigos eram aplicados num local da entidade chamado de “quarto da orientação”. Diz um dos que eram submetidos à pancadaria: “Tem mais de dez monitores lá, e entravam em três para nos espancar. Quando cansavam, entravam outros três”.

Conforme o sobrinho da parlamentar, ele e os colegas foram capturados ontem à noite, após uma tentativa de fuga. Conforme revelou, a intenção era pular o muro e chegar até a DPC para registrar queixa contra o estabelecimento que os mantinha cativos.

O interno explicou que todos os que eram mantidos no local estavam proibidos de denunciar os maus tratos, sob pena de sofrerem agressões ainda mais violentas. Ontem, porém, na ligação semanal para a mãe, o rapaz contou tudo. Ele acha que o telefone está grampeado, porque logo na sequência da conversa, foi levado para o “quartinho” e a pancadaria começou.

Quando os outros dois tentaram socorrer o interno agredido, passaram a apanhar também e, com o “griteiro”, um vizinho se assustou e acionou a polícia. Os três homens foram resgatados e levados para a DPC, onde relataram a violência da qual eram vítimas.

Segundo relatam os três, alguns monitores usavam um revólver calibre 22 e, ontem, uma das vítimas foi agredida a coronhadas. Eles citaram dois nomes de pessoas responsáveis pela tortura: Wagner e “Mudinho”, sendo que o último tem esse apelido porque não fala. Mas, mesmo com a deficiência, bate violentamente.

As fotos que ilustram esta reportagem são dos próprios denunciantes exibindo os hematomas que teriam sido provocados pelas sessões de espancamento na clínica.

O site tentou contato com a entidade, mas ainda não conseguiu. A versão da instituição será dada tão logo seus diretores sejam localizados.

Comentários

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    mao do mestre 28/09/2017

    isso  acontece  em  em  pontes  de  lacerda  tamben   ja  passei  por  la  tambem ..

  • 2
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    Anônimo 28/09/2017

    Conheço internos de lá e as pessoas que mantém a casa, o modelo já ajudou muitas pessoas e Vilhena parece perder uma grande oportunidade de cuidados com pessoas que ninguém se importa ou se interessa em ajudar.... O que aconteceu é bem simples de entender, os três tentam fugir na conseguiram e optaram pela força e agressividade. Motivaram uma rebelião, fixaram ameaças e agora estão se fazendo de vítimas, esses rapazes precisam de cuidados, medicamento é tratamento, são adctos e se não fizerem nada por eles agora logo estarão de volta às drogas podendo evoluir para o crime. A maioria dos internos dessa unidade estão implorando por tratamento em outro local, ninguém (autoridade, parlamentar, médico, psiquiatra, terapeuta...), apareceu para saber como estão os outros internos e aonde eles estão... Ninguém se interessa por isso ou por essas pessoas, gostaria de ter capacidade em ajudar e não deixar esse projeto acabar, pelo simples motivo de falta de apoio no tratamento desses internos, é lamentável o que aconteceu, mas mais lamentável ainda é esse projeto acabar e tantos rapazes ficarem sem acolhimento e tratamento. NÃO ACREDITO QUE EXISTA TORTURA, MAS NESSE INCIDENTE DE ONTEM ACONTECEU ATOS VIOLENTOS ENTRE INTERNOS E MONITORES, AGRESSÕES ISOLADAS. ESSE PROJETO PRECISA DE APOIO.

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