Colcha de retalhos da eleição (1)
Para muitos candidatos, e eleitores, os números surpreenderam. Para quem costuma andar e perguntar por aí, não.
Para muitos candidatos, e eleitores, os números surpreenderam. Para quem costuma andar e perguntar por aí, não. E para quem acompanha a disputa em outros estados, nem tanto. Aqui mesmo, era só prestar atenção. E para quem eleição não é novidade, e ler nas entrelinhas do que se ouve também não, não houve surpresa em números e na lista dos derrotados, ou de alguns eleitos. Aqui não comento deputado federal ou estadual, mas, no resto, andei comparando com outras eleições.
1986 – Era “barbada” a eleição de Chiquilito para o Senado. Até hoje há quem reclame da razão de Chiquilito não ter chegado. Mas para quem já trabalhava com eleição não houve nada de mais: apenas um erro do próprio candidato.
1990 – Segundo muitos, alimentados por supostas pesquisas no jornal Estadão do Norte, Chagas Neto já tinha garantido o Senado. Deu no que deu.
1994 – Novamente Chiquilito, agora ao governo. Deu uma de “cavalo paraguaio”, outra vez.
1998 – Cinco dias antes do 1º turno pesquisas apontavam que ele estaria em quarto ou quinto lugar. Eu e mais outros que estávamos na campanha tínhamos certeza que ele passaria. No meu caso, cheguei a dizer ao então suplente de Bianco, Moreira Mendes, que ele mandasse fazer o terno para tomar posse em janeiro. Ele não acreditou, até porque tinha fé em pesquisa. Bianco ganhou no 1º e no 2º turno. Daí em diante não trabalhei mais com campanhas (*).
Mas, vamos à campanha deste ano.
SENADORES – Duas vagas. Um candidato, tentando terceiro mandato consecutivo, Valdir Raupp, era dado como “vitorioso”. O outro nome certo era do ex-governador Confúcio Moura, que quase foi triturado pela “tropa de choque” de Raupp no MDB. Por fora, muitos diziam que corria o ex-prefeito de Ji-Paraná Jesualdo, disputado a segunda vaga com Confúcio.
Contados os votos, Confúcio em segundo lugar e Marcos Rogério, duas vezes deputado federal e relator do processo de cassação do Eduardo Cunha, atropelou a todos e vai trocar de “casa” no Congresso.
Quem anda neste Estado como eu, sentia nas ruas que Raupp estava ruim das penas. Ainda semana passada, conversando com importante figura a quem o Estado deve muito, eu dizia não observar muita adesão ao veterano senador, e que não sentia o “cheiro” dos votos da deputada Marinha Raupp.
Pela “voz das urnas”, ambos deverão fazer o famoso discurso da “sessão de lamentações”, na última prevista para o encerramento do período legislativo, quando derrotados vão lá e lembram o que dizem ter feito, mas não admitem o que não fizeram.
GOVERNADOR – Quando entrou no PMDB, levando um “dote” de mais quatro deputados estaduais, o bi-presidente da Assembleia Legislativa Maurão de Carvalho foi recebido como o pré-candidato a governador. Segundo sua assessoria Maurão era tão disputado para eventos em diversos locais do Estado que via de regra os releases vinham trazendo nos títulos que Maurão ia a um lugar ou outro “prestigiar” o evento.
Convenhamos: “político” ir “prestigiar” um evento é não querer ir a lugar algum. Ele é que está sendo prestigiado em ser convidado. Eu e alguns jornalistas, acostumados com os humores do Poder Legislativo, ríamos do tal “prestigiar”.
Nos corredores da Assembleia eram comuns críticas à pretensa candidatura, o que era também ouvido dentro do diretório do PMDB. Deputados do partido reclamavam que para falar com Maurão era preciso passar por uma senhora que agia, conforme me contaram até porque nunca tentei ir além da Assessoria de Imprensa, como barreira para qualquer um.
Mas Maurão não perdeu só. Uma candidata do PMDB, que teria contado com todo seu apoio, citada, provavelmente por matéria enviada por assessoria, como pessoa que “sabe bem manejar as pedras no tabuleiro da política e pode ser a grande surpresa no pleito que se avizinha” (**), fez companhia ao chefe.
Como explicar o “fenômeno” Coronel Rocha? Volto às ruas. Era comum em grupos de pessoas dizerem que ele havia dado uma virada de mesa nos debates. E, ainda, em especial, certamente, porque seu discurso teve o mesmo tom de outro finalista desta eleição: o candidato a presidente pelo PSL, partido de Rocha, o Bolsonaro.
E também era fácil encontrar grupos que não votariam em Maurão, ainda mais porque eram os mesmos que consideraram trairagem do PMDB liderado pelo futuro ex-senador Valdir Raupp e por Tomás Correia, ambos avalistas da candidatura de Maurão, ao Confúcio Moura.
Quando fiz matéria no Alto Madeira sobre a pressão que setores dentro do PMDB faziam contra o lançamento de Maurão, o presidente Tomás Correia ligou e disse que isso não existia.
(*) Capítulo do livro “Jantar dos Senadores”, sobre a política rondoniense de 1912 a 1998, e que deve ser mandado para impressão ano que vem.
QUINTA-FEIRA
COLCHA DE RETALHOS DA ELEIÇÃO (2)
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